Especial - Mônica Toledo

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Mônica Toledo

De longe se escutava pequenos barulhos de fortes trovões. Olhei para o céu cinza que cobria o parque. Um vento forte que certamente trazia a chuva passou balançando os meus cabelos e ajeitei a minha capa de chuva mais próxima do meu corpo.

Ótimo, iria cair um dilúvio.

Olhei para Paulo que olhava para o céu, certamente pensava a mesma coisa que eu. Então olhei para João Lucas que estava tão focado em alguma configuração de sua câmera que nem percebeu que eu o estava observando.

Seus cabelos escuros balançavam com o vento e seus olhos dessa vez estavam da cor do céu, o cinza pareceu ser mais acentuado com um brilho que eu sabia da onde vinha.

A blusa de Obreiro ficava perfeita em seu corpo, ele estava exatamente no lugar que Deus havia designado para ele.

Sorri, já se fazia quase seis meses que ele havia sido levantado e eu não poderia estar mais feliz.

Ele levantou o rosto para mim e me encarou, no mesmo instante desviei o olhar e observei a sua capa de chuva que ia só até os quadris.

Uma pequena nota sobre o João? Ele é dois de mim, lógico que eu fico indignada com isso, afinal eu deveria ser alta, não uma tampinha.

-O que foi? -Ele perguntou sorrindo mostrando o aparelho azul.

-Acho que vai chover. -Falei.

Jamais admitiria que eu o estava observando.

Nós três olhamos para cima:

-Ótimo! -Ele sorriu ainda mais, mostrando uma fraca covinha em seu rosto. Por mais que ele dissesse que não tinha nada a ver com a sua mãe, era só observar bem que você encontrava. -Vamos fazer um book na chuva!

-Na chuva? -Paulo perguntou horrorizado.

-Sim, a gente já fez book de dia, book de tarde, book de noite... Por que não na chuva?

-Minha blusa de frio do Uniforça! -Paulo se abraçou preocupado com a blusa tomar chuva.

-Sua câmera... -Falei.

-Eu pensei em tudo! -Ele tirou de sua mochila uma capa transparente para a sua câmera.

-Certo. Um ponto para você. -Sorri. -Mas cadê todo mundo?

João fez uma careta:

-Atrasados?

-Eu sei que eles se atrasam, mas já faz uma hora esse atraso.

-Mas eu preciso desse book! -João falou frustrado.

-Faz um só da Obreira Mônica! -Paulo falou.

-Meu?

-Sim senhora, não é você que diz que é irmã da Gisele Bündchen?

Balancei a cabeça, se vocês conhecessem meu irmão de verdade...

-Eu acho uma ideia ótima, se você não se incomodar... -João falou me encarando e vi suas bochechas ficaram vermelhas, mas logo ele desviou o olhar.

-Ok. -Concordei e Paulo sorriu.

-Certo, passa pra cá a sua capa de chuva! -Paulo falou estendendo a mão para mim.

-Pra quê?

-Preciso proteger minha preciosa! -Ele falou passando a mão no símbolo do Uniforça.

Revirei os olhos e entreguei a capa que o fez olhar frustrado.

-O que foi?

-Isso aqui não tampa nem meu braço! É tamanho infantil?

Um amor quase perfeito.Onde histórias criam vida. Descubra agora