19.

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Naquela noite não consegue dormir.

A urgência de encontrar Dantálion e lhe contar o que sentiu durante o jantar o consome.

O que estava acontecendo com ele, afinal? Como poderia se sentir alegre e triste simultaneamente? Como poderia nutrir seu interesse pelos assuntos sacerdotais, ao mesmo tempo que alimentava sua curiosidade por conhecer os mistérios que cercavam a estranha figura de Dantálion? Como podia ser o representante da Voz, e ainda assim sentir-se atraído por tudo aquilo que julgava errado?

Suas dúvidas certamente tinham a ver com o garoto, e apenas ele poderia lhe explicar o que estava acontecendo. Mas não saberia onde encontrá-lo, e não pode simplesmente vagar por aí à noite.

Então permanece sentado sobre a cama, atormentado por pensamentos horríveis, até que se lembra do livro.

Ele o retira cuidadosamente de seu esconderijo entre a cama e a parede, abre em qualquer página e lê:    

Ele o retira cuidadosamente de seu esconderijo entre a cama e a parede, abre em qualquer página e lê:    

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O Sacerdote tira os olhos do livro, perplexo. Jamais havia lido algo tão belo e delicado. Ainda assim, o significado das palavras lhe escapa. Ele lê mais uma vez, dizendo cada palavra em sussurros baixos, sentindo a estranha brincadeira que os sons provocam em sua boca, sempre ritmados, sempre repetidos.

Um calafrio percorre seu corpo. Aqueles poemas certamente devem ser algo proibido, algum tipo de blasfêmia contra a Voz.

As palavras não haviam sido criadas para serem usadas daquela maneira, muito menos para falar sobre uma mulher louca, embora não tivesse certeza de que Ismália fosse nome de mulher.

E quanto a Deus? Seria também o nome de uma pessoa? De homem ou de mulher? E quem seria uma pessoa capaz de dar asas a alguém? O que era um anjo? O que tudo aquilo significava?

Ele fecha o livro, irritado. Não existe sentimento mais odioso do que ter perguntas sem resposta, ainda mais quando as perguntas que o atormentam são relacionadas a coisas tão inúteis como poemas.

Entretanto, mesmo os poemas sendo inúteis, as perguntas o incomodam, e isso o deixa mais irritado ainda. Estava cansado de não ter nenhuma explicação por parte do garoto e ter de se revirar sozinho em seus pensamentos. Ele tinha lhe dado o livro. Ele tinha lhe empurrado e provocado, e iniciado um turbilhão de incertezas em sua mente. Já era tempo de fazer algumas perguntas a ele, e exigir as respostas.

Além do mais, precisava conversar com alguém sobre o que estava sentindo. Dúvidas e medos e desconfortos o perseguiam durante o dia todo, e não tinha ninguém com quem contar, nem mesmo seu pai, nem mesmo Vero. O garoto era o único que poderia ouvi-lo. Era o único que já estava enfiado demais em seus próprios crimes para ter a razão de julgá-lo.

Estava decidido: da próxima vez que encontrasse Dantálion, não o deixaria ir embora antes de ter algumas respostas.    

O que acharam do poema de Ismália? Além de ser muito bonito, aproveitei para usá-lo para refletir a dualidade de Lúcio

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O que acharam do poema de Ismália? Além de ser muito bonito, aproveitei para usá-lo para refletir a dualidade de Lúcio.
A "lua no céu" é seu objetivo de cumprir sua função espiritual como Sacerdote, enquanto a "lua no mar" é seu desejo de tornar-se Dantálion.
Ele cairá da torre ao final da história?
Isso vocês vão descobrir daqui um tempo...

Dantálion [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora