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Quando o fim da investigação no Palácio é decretado, o Sacerdote retorna a seu quarto, trancando a porta e lançando-se ansiosamente sobre a cama, enfiando o braço na lateral, em busca do livro.

Nada.

Alguém o tirou de lá.

Sentando-se com as pernas cruzadas sobre a cama, ele leva as mãos ao rosto, soluçando nervosamente. Era o fim. Ele seria morto.

Só consegue imaginar o rosto duro de Dantálion, reprovando-o. Ele o havia alertado sobre o livro antes, sabendo do perigo que representava caso fosse encontrado. Agora era tarde.

Alguém tinha revirado seu quarto e encontrado o livro. O livro que significava não só que ele tinha segredos, mas também que tinha contatos com o mundo exterior, um Crime Imperdoável. E, se alguém dentro do Palácio se tornaria suspeito do assassinato do pai, seria ele.

Ele seria morto.

Não só morto, como torturado.

Eles o pegariam, e sabe-se lá o que não fariam para que revelasse a verdade, para que contasse onde era o esconderijo dos Surdos, onde morava Dantálion...

O plano que ele mesmo arquitetara havia se voltado contra ele.

Um péssimo mentiroso, como dizia Dantálion. Um péssimo mentiroso, e fraco. Se fosse torturado, como teria capacidade para manter a boca fechada? Ainda mais no Palácio, de onde não poderia fugir, onde os Auxiliadores, em maior número, poderiam mantê-lo confinado por semanas, sem que qualquer um do povo desconfiasse?

E, mesmo que o povo desconfiasse, o que fariam para defendê-lo? Eles o odiavam, e amavam o antigo Sacerdote. Se pudessem, seriam os primeiros a matá-lo.

Os Surdos também não poderiam fazer muito. Dantálion teria que convencê-los a acreditarem na sua história. E, se acreditassem, ainda assim não arriscariam um só fio de cabelo para salvar o Sacerdote. Os Surdos ririam de sua morte.

E Dantálion...

Dantálion, é claro, possivelmente o deixaria morrer, como prometeu desde o início, ou, se resolvesse mudar de ideia, se mataria tentando libertá-lo. Ou, ainda pior, seria preso. Preso, torturado e executado, não antes de ver todos os Surdos indo para a guilhotina. Estaria com problemas de qualquer maneira.

Só havia um jeito de proteger Dantálion.

A adaga em sua cintura se torna repentinamente pesada.

Lúcio a pega nas mãos trêmulas e encosta a lâmina contra o pescoço, sentindo o aço frio pulsar com cada batida de seu coração.

Fechando os olhos, aperta o cabo com força, tomando coragem.

Alguém bate em sua porta.

Ele guarda a arma imediatamente, levantando-se para abrir.    

    

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Dantálion [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora