Dantálion [COMPLETO]

63.

Tudo que eu faço é danificar, danificar.

Está me destruindo.

Estou coberto em vergonha, não há ninguém a culpar.

Tudo que faço é danificar.

Red - Damage

*Aviso de gatilho*

A luz fraca da lanterna mal é suficiente para que possam ver o rosto um do outro, mas acender uma fogueira está fora de cogitação.

Como se a noite na floresta já não fosse escura o bastante, as nuvens que cismavam em tumultuar o céu ainda bloqueiam qualquer claridade, deixando os dois vendo apenas a silhueta um do outro. O olhar brilhante de Dantálion, porém, é capaz de decifrar as emoções que Lúcio se esforça para esconder.

- O que foi que deu errado? – pergunta o garoto – Sua cara está péssima.

Lúcio trava o peito, segurando o choro. Coloca o rosto entre os joelhos, cobrindo a nuca com as mãos, tentando a todo custo fugir do olhar penetrante do outro.

- Vero está morto. – diz finalmente, as palavras abafadas quase morrendo em seu peito.

Dantálion ergue as sobrancelhas, mantendo uma serenidade inexplicável.

- Como foi que isso aconteceu?

Ele não responde, afundando ainda mais o rosto.

- Lúcio, olhe para mim!

Ele desiste de se esconder e encara Dantálion, o reflexo da lanterna denunciando suas lágrimas.

- Eu sei que você está chateado, eu também estou. – a compreensão em sua voz destoando completamente de seu olhar severo - Mas preciso que seja forte agora e me conte tudo que aconteceu. Só assim vamos conseguir sair dessa. Você precisa confiar em mim.

- Ele me salvou. – explode o Sacerdote, novas lágrimas surgindo.

Dantálion se levanta, impaciente, andando em círculos.

- Quando deram pela falta do antigo Sacerdote, - continua Lúcio – eles decidiram vasculhar o Palácio inteiro. O livro... Estava no meu quarto.

Dantálion paralisa, cobrindo o rosto com ambas as mãos. Um ruído medonho escapa de sua garganta enquanto seus músculos tensionam, suas juntas estalando.

- Eu não consigo... Não consigo acreditar nisso! Não consigo! Merda, Lúcio! Eu cansei de te falar pra se livrar daquele maldito livro! Seu imbecil! Olhe o que você fez!

- Eu sei! - Lúcio se rende a uma convulsão de soluços – Você tem todo direito de me odiar! Você tem todo direito de me matar!

- Cale a boca! Quer parar com essa história de eu te matar?!