Dantálion [COMPLETO]

64.

E agora, em meus restos,

as nossas promessas que nunca vieram.

Exceto pela chuva silenciosa,

que lava o pior de mim.

Como um exército, caindo,

um a um,

um a um, a um.

Linkin Park - In my remains

Os dois continuam deitados por longos minutos, observando as nuvens que se movem com velocidade sob o veludo do céu. No silêncio absoluto, ouvem a respiração um do outro.

Dantálion ergue o tronco para se sentar, estendendo a palma das mãos.

- Deixe-me ver suas mãos. – diz.

Lúcio coloca as suas sobre as dele, sentindo-se desconfortável enquanto o garoto analisa suas feridas.

As mãos de Dantálion estão quentes, e são muito mais suaves do que ele teria imaginado.

- Você consegue mexer os dedos?

Com um pouco de dor, ele dobra os dedos trêmulos.

- Não quebrou nada. Espere um pouco.

Dantálion vai até sua mochila e retorna com um pequeno frasco e um tecido branco. Despeja algumas gotas do frasco sobre a pele machucada.

Lúcio aperta os dentes para controlar a sensação de ardência que penetra em seus ossos enquanto o outro enrola o tecido delicadamente ao redor de seus dedos, utilizando um tipo de papel colante para fixar no lugar.

Lúcio olha para seu rosto. A região em que lhe dera o soco está inchada.

- Me desculpe pelo nariz.

- Tudo bem. – diz, terminando com as ataduras.

- Quebrou mesmo?

- Não. Eu só estava irritado.

Lúcio volta a se recostar sobre o tronco enquanto Dantálion permanece sentado, pensativo.

- Eu sei que não é o melhor momento para falarmos disso, mas não sei quando teremos outro. – sussurra – Precisamos tirar o corpo do Templo o mais rápido possível.

- Por quê? Lá é o lugar mais seguro para deixá-lo.

O garoto rola os dois olhos negros para ele.

- Você não está falando sério, está?

Sem obter resposta, ele leva as costas de uma das mãos à testa, limpando uma gota de suor imaginário.

- Logo começará a cheirar mal, e os sacos plásticos não vão dar conta. – continua – Além disso, o que você acha que vai acontecer quando alguém descobrir o corpo lá dentro?