Bruna.
Nunca em toda sua vida Bruna teve tanta raiva de sua intuição como estava tendo agora.
Há semanas que que ela vinha percebendo que algo estava errado. As ligações não atendidas enquanto estava em Santa Catarina ascenderam uma luz de alerta na sua cabeça.
Ela levou seus instintos a sério o encurtou sua viagem, ao chegar foi em casa tomar um banho e depois foi direto para o apartamento do noivo, ela achou que ele iria gostar da surpresa, que ironia, a surpreendida foi ela.
Dirigir por quilômetros não diminuiu o impacto do que viu no apartamento de Carlos Eduardo, ela ainda sentia gana de voltar lá e voar no pescoço da estagiária.
E ele.. quantas coisas ela queria dizer a ele, mas ver nos olhos do Carlos Eduardo o carinho e a paixão que ela passou mais de quinze anos tentando alcançar sendo dedicados à estagiaria, a calou.
Mais uma vez eu me calei, mais uma vez apenas meu interior ouviu meus gritos e viu minhas lágrimas..
Passar pelos portões da mansão do pai foi o gatilho; após estacionar o carro ela tombou a cabeça sobre o volante e chorou.
Chorou por tudo, chorou por todos esses anos dedicados a um amor unilateral, chorou por seus sonhos silenciados.. silenciados por ela mesma. Chorou pela menina que ela escondeu, pela jovem que ela anulou e pela mulher que ela se tornou.
Minutos se passaram, mas seu choro não, suas emoções eram tão fortes que sacudiam seu corpo.
A porta do motorista foi aberta pelo lado de fora.
-- Bruna minha filha, ô minha filha, minha filha, não não, venha aqui minha filha. -- Nestor Tavares falou isso ja retirando a filha de dentro do carro. -- O que aconteceu Bruna, você está machucada minha filha? -- O homem estava desesperado.
-- Ele me machucou papai!
-- Meu Deus Bruna, quem foi que te machucou minha filha?
-- O Carlos Eduardo, ele tem outra papai, ele vai me deixar. Tá doendo, tá doendo tanto papai, ele vai acabar comigo! -- Abraçada ao pai, Bruna chorava que nem uma criança.
-- Oh minha filha, vem, vamos entrar, lá dentro conversamos, venha, vem com o seu pai.
Como doía à esse pai ver sua filha neste estado, por mais de uma década esse sempre foi o seu maior temor.
Como pai ele viu e alertou, mas a filha era obstinada e o ignorou.
Ter uma filha obstinada tinha suas vantagens, mas quando ela estava saindo da adolescência e lhe informou que no futuro ela iria se casar com o Carlos Eduardo, ele se preocupou..
Olhando agora para sua filha Seu Nestor sofreu, qual pai não sofreria vendo uma filha sua assim?
Quando a mãe da Bruna morreu, seu grande e único amor, a Bruna ainda ia fazer nove anos, muito nova..
Como viúvo, que prematuramente havia perdido sua companheira para uma terrível doença, se viu carente, se viu sozinho.. Aos 45 anos, Nestor de Sousa Tavares se viu sozinho dentro de uma casa enorme, e ainda por cima com uma criança para criar.
Foi a coisa mais natural do mundo fazer de sua filha sua amiga, sua companheira de conversas.
O assunto principal era a T&T, a empresa tinha nove anos, mesma idade da Bruna, apesar da T&T estar com as pernas bambas ainda, conversas sobre ela é o que não faltava no amanhecer e no anoitecer da casa deles.
Seu Nestor precisava dessas conversas, já a Bruna, ela amava essas conversas, tudo que se referia a construtora, a fascinava.
Mas quando o assunto era o Carlos Eduardo a Bruna se fechava, o relacionamento dos dois era uma coisa só dela.
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AOS SEUS OLHOS. Livro 1
Literatura FemininaVoltando à sala, o sofá confortável foi um chamariz, ajeitou o roupão e já ia se sentar quando a campainha tocou. -- Noely, deve de ser a nossa pizza, atenda por favor! -- O Carlos Eduardo gritou do Quarto. -- Você vai confiar em mim? Eu vou aprov...