A segunda feira amanheceu chuvosa na capital, por causa da sua consulta ela não iria trabalhar, a consulta seria as 10 e a tarde ela havia combinado de sair com o Sebastião. O Carlos Eduardo havia se oferecido para levá-la, mas ela não aceitou, marcou de se encontrarem na Clínica mesmo.Ele pareceu não gostar, mas não disse nada, ponto pra ele, mas ela só queria ver se ele continuaria ganhando ponto depois que visse a surpresa que ela havia guardado pra ele.
Ela havia passado o Domingo todo pensando no quanto ela chegou perto de se entregar a ele no dia anterior, mas ela tinha conseguido ser forte, mentira, ela não tinha conseguido nada, ela passou foi o jantar todo se segurando para não pular por sobre a mesa e o agarra-lo.
Pra não abrir a boca e falar o que não devia, tipo; me agarre Carlos Eduardo, me leve pro quarto e me ame, ela preferiu ficar em silêncio, mas no final do jantar ela já não estava se aguentando mais, a lembrança dele quase nu no seu banheiro estava fritando seus neurônios e acordando seus hormônios.
Mas antes que ela sucumbisse ele se levantou dizendo que ia embora, ótimo, salva pelo gongo, ou não..
Porque quando, com a voz quase sumida, a cabeça baixa e com um olhar de menino perdido, ele se desculpou por impor sua presença no seu apartamento, ela quase se rendeu.
Mas nesse curto espaço de tempo ela invocou todos os motivos que ele deu para eles estarem nessa situação, usando essas lembranças ela lhe deu uma resposta cortante, não fulminante, nem poderia, até porque a amizade deles e a paternidade do seu bebê era algo que lhe era garantido, mas foi difícil hein.
Muito difícil, ela quase perdeu a parada quando ele se ajoelhou e com muito carinho beijou sua barriga, ele até derramou algumas lágrimas, ela não viu, mas sentiu..
Mas o pior foi quando ele ainda ajoelhado começou a conversar com o filho deles, vê-lo derramar seu coração, se expor e se mostrar tão frágil diante de alguém ainda tão pequenininho foi a gota d'água no seu copo de sentimentos.
Ela já ia passar a mão na cabeça dele, se render, chamá-lo para celebrarem sua família através do amor, mas novamente ele foi mais rápido e foi embora.
Foi melhor assim, foi isso que ela passou o domingo todo dizendo pra si mesma, ela já havia traçado uma estratégia para lidar com o Carlos Eduardo e descobrir se ele merecia seu perdão, então ela não podia se sabotar só por causa de meia dúzia de palavras bonitas ou por causa dos seus hormônios em ebulição.
Seu celular apitou, era sua carona avisando que chegou. Ótimo, pegou sua bolsa, um casaco e desceu.
O Sebastião era um homem pontual, apesar da clínica não ser longe, ela havia lhe pedido para chegar cedo, São Paulo naturalmente já tinha um trânsito caótico, mas nas segundas feiras isso se superava.
Mas deu tudo certo e eles chegaram cedo, o Carlos Eduardo também, ela o avistou assim que o carro do Sebastião entrou na garagem do hospital, ele estava na porta de entrada que dava para o estacionamento, provavelmente esperando por um carro com o modelo do dela ele não reparou no carro do Sebastião quando este entrou e estacionou.
O Sebastião também o viu, assim que desligou o carro ele se virou para ela e disse:
-- Você tem certeza que vai fazer isso mesmo?
-- Eu tenho, mas se você não estiver se sentindo a vontade com isso eu vou entender.
-- Eu? Você acha que eu iria perder a chance de tirar uma com a cara do Carlinhos? Vai sonhando!
-- Você sabe que essa sua implicância com ele é infantil não sabe?
-- Sei, eu sei, mas não acho que você e o Carlinhos sejam as pessoas mais indicadas para falar de infantilidade comigo, vamos?
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AOS SEUS OLHOS. Livro 1
Literatura FemininaVoltando à sala, o sofá confortável foi um chamariz, ajeitou o roupão e já ia se sentar quando a campainha tocou. -- Noely, deve de ser a nossa pizza, atenda por favor! -- O Carlos Eduardo gritou do Quarto. -- Você vai confiar em mim? Eu vou aprov...