Tuque Tuque, Tuque Tuque, Tuque Tuque.. esse era o som mais lindo do mundo, era o som do coraçãozinho do seu filho, só quem já teve essa experiência é que podia saber o que ele estava sentindo, era felicidade demais.
Se alguém lhe dissesse há quarenta minutos que sua felicidade neste momento seria tão grande a ponto de transformar toda e qualquer experiência passada em um nada, ele chamaria essa pessoa de mentirosa, já que ele hoje comeu o pão que o diabo amassou nas mãos da Bruna.
Esse pão começou ser amassado logo cedo quando ele lhe ofereceu carona para vir a clínica e ela não aceitou, mas até aí tudo bem, com certeza ela queria ir com seu próprio carro, ter mais liberdade e autonomia de ir e vir.
Mas de repente seu pão começou a sofrer mais um pouquinho, ele viu a Bruna chegando linda e radiante, mas estava de braços dado com o exibido do Sebastião Andrade.
Ela não aceitou sua carona mas aceitou a do Andrade, aquilo era provocação, ele sabia que era, a Bruna só podia estar querendo ferver e fritar seu juízo. Isso foi o que ele supôs, mas sua suposição virou certeza quando ele viu a Bruna deixar o Sebastião tocar na sua barriga e falar do filho deles com muita intimidade, e quando ele achou que a situação já havia chegado ao fundo do poço, a Bruna cavou mais um pouquinho quando lhe disse que o Sebastião iria ajudá-la nas compras do enxoval do seu filho.
Ele deu as costas para os dois, meu Deus, ele ia mandar tudo a merda e ia matar o Sebastião, tá, ele ia ser preso e seu filho ia crescer sem pai, mas pelo menos ia crescer sem o Sebastião por perto.
Sua mão estava coçando e sua bile estava amarga. Ele respirou fundo, contou até não sabe quanto e tentou botar a cabeça no lugar, era fato, mesmo sabendo que parte do que eles estavam fazendo era para provocá-lo, ele não tinha direito de falar nada, ele perdeu esse direito quando os acusou, injustamente, de estarem tendo um caso.
Mas era muito triste essa situação, até porque a intimidade entre eles realmente existia, o Sebastião sabia detalhes da vida da Bruna, sabia o provável nome do seu filho, sabia o sabor de sua torta predileta e iria com ela fazer compras no shopping, mais íntimo que isso impossível.
Mas o que estava lhe matando era pensar na possibilidade da Bruna transformar essa amizade em amor, se isso aconteceu com ele, porque que não poderia acontecer com o Sebastião?
Ele queria socar, ele queria bater, ele queria quebrar alguma coisa.. era melhor ele contar até 10.. de novo.
1. Ele não tinha mais direitos.
2. Ele era o único culpado dessa situação.
3. Ele era um idiota que só..Ele interrompeu a sofrida contagem, a porta do consultório se abriu e a Dra Alencar os chamou.
Agora ele estava ali ouvindo o coração do seu filho e tudo em volta deixou de existir, se seria menino ou menina ele não se importava, ele só sabia que enquanto ele vivesse ele queria ouvir esse som, meu Deus o que era aquilo? A Dra já havia lhes dito que o bebê não tinha nem 10 centímetros mas o barulho que seu pequeno coração fazia parecia ser do coração de um gigante, e ele era, seu bebezinho já era um gigante na sua vida.
Parecia que só agora seus olhos se abriram de verdade, nesse curto espaço de tempo ele passou a enxergar sua vida toda por outro ângulo, nunca mais ele veria seus pais da mesma forma, agora ele entendia várias coisas, a proteção, os avisos, o que ele achava ser excessos, agora se tornaram nada diante do que ele tinha vontade de fazer para proteger seu filhinho.
Com a emoção a flor da pele ele preferiu se calar, a Dra passou a dar mais explicações técnicas e a responder algumas perguntas da Bruna, mas quando chegou o momento e ela lhes disse que seu bebê era um menino, sua passividade findou, agarrado a Bruna ele chorou igual uma criança chora no colo da mãe, sua vergonha só não foi maior porque a Bruna igual a ele, também chorava de soluçar.
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AOS SEUS OLHOS. Livro 1
Chick-LitVoltando à sala, o sofá confortável foi um chamariz, ajeitou o roupão e já ia se sentar quando a campainha tocou. -- Noely, deve de ser a nossa pizza, atenda por favor! -- O Carlos Eduardo gritou do Quarto. -- Você vai confiar em mim? Eu vou aprov...