💕Capítulo 14💕

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Bruna estava achando o almoço um tédio, o Sebastião nunca foi um cara interessante, alpinista social, só sabia falar das pessoas importantes que ele conhecia. Ela e o Carlos Eduardo nunca foram com a cara dele, Carlos Eduardo menos ainda que ela. Esse almoço só estava valendo por causa de raiva que o Carlos Eduardo fez quando os viu de braços dado, Cadu nunca soube disfarçar suas caras e bocas.

Mesmo sendo um almoço chato, do ponto de vista da Bruna ele estava sendo proveitoso; o restaurante era muito bom, a cozinha, umas das melhores de São Paulo, mas o que a Bruna achou proveitoso mesmo foi o recado que sua presença ali sem seu anel de noivado e acompanhada do Sebastião, notório casa nova da cidade, estava passando.

Independente dela voltar para o Carlos Eduardo ou não, "mas ela iria voltar", ela queria aproveitar o momento, ela queria ter novas experiências, sua vida sempre foi muito atrelada à do Carlos Eduardo, se saia, era com o Carlos Eduardo, se tinha amigos, eram os amigos do Carlos Eduardo. Agora ela queria conhecer pessoas novas, viver novas experiências, nada amoroso, isso ela iria guardar só para o Carlos Eduardo.

Sebastião estava falando alguma coisa, achou melhor prestar atenção.

-- Está se aproximando o baile anual dos Fonseca para arrecadação de fundos para as crianças deficientes, ouvi dizer que as irmãs Abravanel estarão presentes, você vai comparecer?

Bruna ficou vários segundos olhando para o Sebastião, ele não era uma má pessoa, pedante? Sim, ele era, mas mau ele não era. A mãe dele era uma notória socialite falida, que tentava usar o filho para voltar aos seus anos gloriosos na badalada sociedade paulistana. Ele era um homem muito bonito e um excelente profissional. Bruna resolveu falar..

-- Sebastião, eu gostaria que você tivesse pena de mim!

-- Pena de você, e por que eu teria pena de você? -- Ele olhou para sua mão direita.

-- Não, não é esse o motivo, -- Ela levantou e balançou a mão direita. -- Eu quero que você tenha pena de mim porque eu tenho pena de você, tenho pena de pessoas como eu e você, pessoas que passam a vida fingindo ser algo que não são para agradar a outros. -- Ele agora estava realmente prestando atenção nela, de lábios contraídos ele olhava sério para ela. -- Você é um homem maduro, bonito, e um excelente profissional, mas a sua vida não gira em torno do que você quer, mas sim em torno da sua mãe. Eu sou uma mulher madura, profissional elogiada por todos, mas assim como você eu também não tinha meu próprio eixo, eu fiz do Carlos Eduardo o centro do meu universo. E sabe o que ganhamos com isso Sebastião? Ganhamos fama, me desculpe mas vou ser cruel com você e comigo mesma, você ganhou fama de filhinho da mamãe e de alpinista social dela. Quanto a mim, princesinha é o menos mau, eu já ouvi alguém murmurar bruxa pelas minhas costas. O apelido que eu menos gosto é filhinha do papai, porque se tem uma coisa que eu não sou é filhinha do papai e tenho certeza que você também não é, você foi o único caso de alguém que entrou na nossa empresa por influência de outros, você só entrou por isso, mas você ficou por você mesmo, pode ter certeza que influencia nenhuma te manteria na T&T se você não tivesse talento, meu pai e seus sócios não permitiriam. Mas a partir de agora Sebastião eu vou ser meu próprio eixo, a partir de agora uma nova Bruna está nascendo, só te falei tudo isso porque assim como não é tarde pra mim, também não é tarde para você Sebastião!

Após falar tudo isso houve um silêncio considerável na mesa, Bruna não se arrependia de tudo que tinha falado, não falou mentira, mas não conhecia ele bem o bastante para saber como reagiria.

-- Eu tenho duas opções; eu posso dá uma de ofendido e tentar sair daqui com o orgulho ferido, mas ainda de pé, ou eu posso dá o braço a torcer e pedir humildemente que você me deixe conhecer essa nova Bruna, e que me deixe mostrar esse Sebastião que você parece acreditar que existe!

AOS SEUS OLHOS. Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora