-- Você mandou o Sebastião Andrade ficar longe de mim?
-- Kaya eu posso explicar, eu..
-- Princesa o que está acontecendo? A Kaya está aí com você?
-- Sebastião depois eu converso com você. -- Ela desligou o celular e olhou para a Kaya que voltou a se sentar na sua cadeira. -- Kaya eu não..
-- Você pediu ao Sebastião para não se aproximar de mim? Só me responda isso.
-- Não é tão simples assim Kaya, o Sebastião não é..
-- O que ele é ou deixa de ser, não é algo que você tenha que me dizer, não é direito seu se intrometer com quem eu me relaciono.
-- O Sebastião é um amigo maravilhoso, mas ele não é alguém com quem você vai querer se relacionar, e por favor não leve isso para o lado..
-- Eu vou levar isso para o único lado que existe, que é o lado ruim de você se intrometer num assunto que não era seu.
As palavras dela já lhe trouxeram um certo alívio, seria péssimo se ela pensasse que isso era um ato de racismo da sua parte, agora no Brasil tudo era encarado como racismo, enquanto o universo intelectual se expandia e mente das pessoas diminuía.
-- Eu sei, eu não devia ter falado nada para..
-- Não devia mesmo Dona Bruna, voltando ao assunto respeito; eu nunca espero das pessoas o que elas não podem me dar, quando a Senhora me pediu para atravessar a cidade para comprar strogonoff eu fui numa boa, foi um pedido pouco ortodoxo? Sim, foi, mas eu já conhecia sua fama e já esperava por isso. Quando você me pede coisas que me obrigam acordar as 3 da madrugada, faço de olhos fechados, também isso já era algo que eu esperava de você. Mas você tentar controlar com quem eu posso me relacionar ou não, isso não está na sua alçada, isso eu não esperava da Senhora. Agora eu tenho sérias dúvidas se a Senhora é a pessoa certa para ser a orientadora do meu estágio.
Não passou despercebido a Bruna o uso da palavra Dona, isso meio que colocava um muro entre elas, já suas palavras acabaram de construir foi uma muralha mesmo, e isso foi muito triste, ela estava gostando tanto de ter esse contato fora do trabalho com a moça, sua cabeça voltou a latejar e uma fisgada de cólica atingiu seu ventre.
-- Você tem razão, por favor me desculpe. -- Outra fisgada. -- Eu vou conversar com o Sebastião e..
-- E vai continuar se metendo no que não é da sua conta? Me faça um favor não fale nada com ele. Agora a Senhora me dê licença, estou indo embora, boa noite!
Ela pegou a bolsa e foi embora.
Nem deu tempo para a Bruna lhe dizer que chamaria um carro para levá-las. Ela ia atrás da estagiária, mas quando tentou se levantar sua cólica aumentou, ficou sentada mesmo, respirou fundo e tentou controlar a respiração, isso sempre funcionava quando era mocinha.
Mas há tantos anos que não tinha cólicas, o que será que estava acontecendo? Mês passado sua menstruação já tinha vindo meio diferente, ao invés de quatro dias, ficou dois.
Depois de alguns minutos ela conseguiu chamar o garçom, pagou a conta e chamou um uber, só se levantou quando o aplicativo lhe avisou que o carro havia chegado.
Eles já estavam na metade do caminho quando as dores voltaram, só que agora estava pior, a Bruna se desesperou, o que estava acontecendo com ela?
-- Dona está tudo bem aí com a Senhora? -- O motorista percebeu que havia algo de errado.
-- Moço, nós acabamos de passar em frente à um hospital, o Senhor pode retornar e me deixar lá?
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AOS SEUS OLHOS. Livro 1
Literatura FemininaVoltando à sala, o sofá confortável foi um chamariz, ajeitou o roupão e já ia se sentar quando a campainha tocou. -- Noely, deve de ser a nossa pizza, atenda por favor! -- O Carlos Eduardo gritou do Quarto. -- Você vai confiar em mim? Eu vou aprov...