Capítulo 8

183 25 1
                                    

Depois de ficar horas lá fora esperando meus pais chegarem, Henry vem nos avisar que eles haviam chegado fomos para sala e estavam lá, o clima naquela casa estava pesado eu já não estava mais aguentando ficar ali, aquilo já estava me sufocando. Peguei na mão do Henry e o levei para fora.

— Está tudo bem?

— Eu preciso sair daqui. — digo tentando respirar.

— Vem, eu te levo.

Entramos no carro e fomos para a praia, estava uma noite gostosa para as outras pessoas, mas para mim, a pior noite da minha vida. Sentamos na areia e ficamos calados olhando as ondas do mar e sentindo o vento bater em nossos rostos, nem senti quando uma lágrima escorre sem querer.

Henry se aproxima de mim e me abraça, eu escolhi um bom momento pra conhecê-lo, não que a morte do meu avô seja uma coisa boa, mas sinto que esse momento está nos aproximando mais, sinto que Henry está sendo o meu porto seguro.

Depois de algum tempo sentados e calados, Henry resolveu quebrar o silêncio de uma forma que eu não estava esperando.

— Eu estou me apaixonando por você Lorena. — sua voz era baixa quase inaudível.

Me afasto dele e o encaro olhando em seus olhos, aquele azul intenso me deixa calma e agora sem palavras.

— Não acha meio cedo pra isso? — digo sendo realista. — Faz uma semana que nos conhecemos.

— Talvez você tenha razão. — ele diz cabisbaixo. — Afinal, não podemos ter qualquer tipo de relação.

— Porque não?

— Olha a minha idade, Lorena.

— Você não acha que está sendo dramático demais? Eu não sou nenhuma criança, Henry.

Ele me olha e aperta os olhos de leve.

— O que está querendo dizer?

— Nada, só acho muito cedo pra dizer que esta apaixonado.

— Você não conhece meus sentimentos, não os julgue! — Ele se levanta limpando a areia de sua roupa. — Melhor voltarmos.

Concordo com a cabeça e em seguida me levanto, limpo a areia que estava em meu vestido e quando íamos sair dali escuto alguém me chamar, reconheci aquela voz de imediato.

William

— Lorena? — o loiro diz se aproximando de nós.

— Oi, William. — forço um sorriso.

— O que faz aqui tão tarde?

— Vim passear um pouco.

— Sozinha?

Eu ia responder  mas Henry chegou e se intrometeu na conversa.

— Não, ela esta comigo. — o homem responde ríspido.

— Olá muito prazer, me chamo William — ele estende a mão mas Henry a recusa.

— Vamos Lore, está ficando tarde. — Henry segura em minha mão e a aperta.

— Vamos, até breve Will.

William apenas acena de longe.

Fomos em direção ao carro e eu não entendi a reação de Henry, entramos no veículo e ele da partida seguimos a metade do caminho calados, até que ele estaciona em um acostamento e se vira pra me olhar.

— Por que parou? — indago confusa.

— Não quero você perto desse homem, entendeu? — ele diz calmo e carinhoso.

— Sim eu entendi, mas porque? — eu queria muito saber o que estava acontecendo.

— Só se afasta, por favor!

Concordo e ele volta a dirigir, chegamos na residência dos meus avós e descemos; o jardim estava lotado de pessoas, empresários, bancários,financiadoras e todos amigos de meu avô, descemos do carro e Henry pega em minha mão.

Fico surpresa com essa atitude, caminhamos em direção a entrada da mansão com todos os olhares voltados para nós, assim que entramos minha mãe vem ao nosso encontro e observa nossos dedos entrelaçados, e lança um olhar de repreensão. Henry solta a minha mão em seguida se senta no sofá.

Minha mãe logo me puxa para um canto, seu olhar desconfiado não era nada bom.

— Onde você se meteu?

— Eu fui dar uma volta, esse clima está muito pesado.

— Desculpa meu amor. — ela me abraça e eu retribuo.

Eu sei como ela está, eu me sinto exatamente igual, o abraço se desfaz e olho em volta e não vejo o caixão.

— Onde Está?

— Ainda não chegou, eu vou ver como sua avó está.

— Tá bom.

Ela sai e eu vou procurar John e Halley, encontro eles na cozinha logo que me vêem eles abrem um sorriso malicioso, impossível eu não rir com aquela cena.

— Eu sei que não é um local apropriado para perguntar mas estou curiosa. Eai, rolou alguma coisa? — Halley pergunta tentando conter a curiosidade.

— Não, ele só se declarou pra mim — digo dando de ombros.

— Me conta tudo — John diz quase surtando.

— Não foi nada de mais, estávamos sentados de frente pro mar e ele solta um "estou apaixonado por você" — respondo, numa falsa tentativa de imitar a voz de Henry.

Estávamos conversando quando Henry entra na cozinha nos interrompendo.

— Não acreditem em nada do que ela disser. — ele brinca enquanto me olha.

— Nem na parte em que você está apaixonado? — Halley diz debochada.

Ele passa as mãos pelos cabelos e solta um sorriso vergonhoso.

— Nessa parte pode acreditar!

Sinto minhas bochechas ruborizar, e os dois com cara de impressionados com a resposta dele.

— Mas Lorena acha que é muito cedo pra isso.

Meu pai chega na cozinha ouvindo a conversa, meu coração dispara ao ver ele entrar.

— Cedo pra que? — nós nos olhamos e John responde sem pensar duas vezes.

— Eu tenho algo pra dizer para a família, mas agora não é o momento.

Ele nos olha desconfiado e sai da cozinha, eu olho para John assustada.

— Você ficou louco?

— Alguém tinha que dizer alguma coisa.

Henry nos encara confuso.

— O que houve? — ele pergunta tentando entender.

Olho para John pedindo permissão para contar ao Henry o nosso segredo, John confirma.

— John é gay.

— Uau, e porque esconde isso? — questiona ele.

— Por causa do meu pai, ele nunca aceitaria isso.

Depois de conversamos por quase duas horas minha mãe vem avisar que o corpo do meu avô havia chegado, respirei fundo e fomos pra sala, eles estavam colocando os pedestais para apoiar o caixão estavam todos apreensivos, eu não queria jamais que aquele momento chegasse eu nunca imaginei que isso aconteceria.

Henry estava do meu lado me abraçando, quando eles entraram com o caixão minhas pernas ficaram bambas, eu já não tinha mais controle, o caixão foi aberto e eu corri até lá; a ficha só caiu completamente quando eu vi o meu avô naquele caixão, eu só chorava e gritava o seu nome, acariciava seu rosto como se ele fosse se acordar a qualquer momento.

— Vô, volta pra mim, não me deixe sozinha. Eu te amo, vô Edu.

Senti uma forte dor de cabeça e tudo ficou escuro.

Com Amor, Lorena Onde histórias criam vida. Descubra agora