Capítulo 27 - Atração Inconsciente.

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Loretta Narrando

Peter havia acabado de sair com o Victor, e embora seu comportamento fosse estranho, ele não parecia ser uma má pessoa.

Vanessa - espero que eles não demorem muito - murmurou, andando de um lado para o outro, parecendo aflita.

- não se preocupe. Peter vai ficar bem, mãe - tentei confortá-la. Graças a sua inquietude, acabei por tomar banho antes dela. Então, agora eu já estava vestida com a bermuda e a blusa clara do Victor. Que por sinal, eram bem confortáveis.

Antes que Vanessa começasse a se questionar ainda mais, alguém abre a porta do quarto, fazendo com que apenas nos concentrássemos na pessoa que surgira. Depois de alguns segundos, se posicionando na entrada, Peter é quem adentra acompanhado do filho do capitão.

- Peter, você está bem? - ele tinha a feição pasma e a visão desfocada.

Peter - s-sim, por que não estaria? -

Porque pareceu estremecer com uma pergunta simples...

- não sei, você está estranho... - o observei de cima a baixo.

Peter - impressão sua - sorriu, tentando disfarçar. Entretanto ele nunca conseguiu mentir muito bem, principalmente para mim, o que deixou ainda mais óbvio o seu incômodo.

Curiosa e consciente da preocupação de Vanessa, me direcionei ao outro garoto.

- Victor, aconteceu alguma coisa? - seus olhos pareciam contentes, apesar de manter as articulações da boca imóveis.

Victor - claro que não. Peter só está um pouco enjoado, não é acostumado ao navio ainda. - colocou um dos braços em volta do pescoço do meu amigo - não é mesmo? - o fitou e, dessa vez, sorriu.

Peter - é sim... é só isso.

Quase me rendendo a sua teimosa, logo depositei minha atenção apenas na pessoa que se encontrava na mesma posição confusa que eu.

- Vanessa, já pode ir se trocar - sugeri. Ela assentiu, pegou algumas roupas e em seguida, entrou no banheiro.

A sós com os meninos, acenei pedindo que terminassem de entrar e fechei a porta.

- podem falar. O que está havendo? - cruzei os braços, enquanto conversávamos ainda de pé.

Peter - F-Falar o quê? - gaguejava, nervoso.

- a justificar seu comportamento tão estranho... - ergui as sobrancelhas.

O filho do capitão direcionou os olhos brincalhões ao meu amigo, como se esperasse uma resposta específica dele.

Peter - é só um enjôo...

- enjôo? - duvidei - você sabe muito bem que não me engana. Somos amigos há muito tempo, pode me contar - não respondeu, somente continuou pensando.

- Peter... - o encarei de novo - tudo bem! Fale quando estiver pronto, seja lá o que anda escondendo de mim - caminhei até minha cama e me sentei, exausta de tanto interrogá-lo.

Victor - nós voltamos depois, assim as garotas ficam mais à vontade. - e como se quisessem fugir de mim, os dois estavam prestes a sair de novo.

- cuidem-se vocês dois, os enjoos podem ficar mais fortes - falei com ironia, é evidente que ele não está enjoado.

Victor - pode deixar, capitã - respondeu da mesma forma que eu, sinalizando um "sim senhora" com a mão perto da testa, tal como fazem na marinha.

Peter Narrando

Assim que saímos do quarto, Victor fechou a porta e, mais do que depressa, tirei seu braço de cima de mim.

- o que você pensa que está fazendo?!

Victor - calma aí! Não era eu quem estava com medo de falar a verdade a uma amiga - sorriu, recuando.

- eu não fiquei com medo, tá legal? Eu só... - por que eu não consigo terminar nenhuma frase?

Victor - eu só... o quê? - pressionou.

- esquece - acabei espirando.

Não sinto que devo o questionar ou trazer o assunto do nosso beijo à tona. Confesso que tenho medo de o iludir ao perguntar sobre isso, e o mesmo pensar que estou me importando demais.

Victor - você é quem sabe - e sem mais nem menos, começou a avançar pelo corredor.

- aonde está indo? - o acompanhei.

Victor - só caminhar. Passar o tempo.

- você não tem obrigações? - andávamos lado a lado. Sem motivo, meu corpo o seguia, como um imã é atraído por metal.

Victor - tipo o quê?

- sei lá, qualquer coisa - do que eu estou falando?!

Victor - eu sou filho do capitão.

- exatamente. Pensei que tivesse alguma responsabilidade - o garoto deu de ombros.

Victor - meu pai ainda não tem tempo para se ocupar comigo. - abaixou a cabeça, enquanto continuávamos caminhando.

- sinto muito... - desviei o olhar.

Victor - não sinta, aquele homem é um completo idiota. Não faz falta. - voltou a rir. Eu não sei a razão, mas seu sorriso me contagiava.

De repente, Victor se tornou uma das pessoas que me faziam alegre, era raro, só Loretta tinha esse tipo de proximidade comigo, agora, ele também usufruía desse brilho, talvez até mais do que ela.
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Mar De Mármore - O Paraíso É Uma Alucinação.Onde histórias criam vida. Descubra agora