Mar De Mármore - O Paraíso É Uma Alucinação.

Capítulo 64 - Masmorra

Charlotte Narrando.

Eu tinha muito pouco tempo para agir e, infelizmente, havia me esquecido de perguntá-los a aparência do cartão.

Darla Narrando.

Levei Julia à cozinha, no objetivo de mostrar o estado dos alimentos que chegaram até nós.

Caio - Ah... você a trouxe, isso é ótimo - foi sarcástico, forçando um sorriso ao ver a minha irmã adentrar o local.

Julia - sejamos diretos, qual é o problema? - perguntou tranquilamente.

Calma e cinismo que sempre, sempre me tiraram do sério.

Desde que éramos crianças, eu sentia que precisava cuidar de Julia, já que perdemos nossos pais muito cedo em um acidente na fábrica onde trabalhavam. Passamos a adolescência vivendo com uma tia. Por isso, nos momentos em que Julia era colocada contra a parede, devido à algum erro que cometeu, eu me colocava à frente e assumia a culpa. Quando fazia coisas simples, todavia perigosas, como brincar com fogo, eu dissipava a fumaça e tentava convencê-la de que aquilo era errado. Entretando, parecia ser impossível, ao menos para mim, perceber sua personalidade impulsiva e despreocupada, e isso me prejudicou. Afinal, ela vivia audaciosamente, porque, se desse errado, sabia que eu apareceria e resolveria o problema.

E foi esse cuidado, a respeito de uma pessoa como a minha irmã, que me levou ao Lunatic. Foi a minha obsessão de torná-la um ser humano melhor, que me trancou ali.

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Julia - Darla!! - me chamou, entrando em casa de mãos dadas com um homem bonito.

Eu estava na sala de estar, ocupando a maior parte da mesa de centro com cadernos, livros, canetas e papéis diversos.

- o que foi? - indaguei, olhando gentilmente para a visita e continuando a estudar. Precisava passar naquele exame da faculdade.

Julia - esse é o Jonathan, meu namorado. - o apresentava, contente.

Darla - muito prazer, Jonathan. Eu me chamo, Darla. - me ergui por um instante e estendi minha mão direita na direção dele, que retribuiu o gesto em um cumprimento.

Julia - fique a vontade. Eu tenho que pegar algumas coisas no quarto. - avisou, antes de subir as escadas correndo.

Jonathan - belo nome. - comentou, se sentando no sofá esverdeado, diante do móvel que eu utilizava - nossa, você deve estar muito ocupada. Julia me contou que faz faculdade, qual o curso? - confesso que a presença de mais um namorado da minha irmã, considerando os muitos que conheci, se tornou quase rotina.

- enfermagem. - respondi indiferente, concentrada nos tantos questionários pendentes.

Jonathan - uau - exclamou impressionado - queria poder ter estudado mais... - comentou.

- por que não tenta fazer vestibular? - agia educadamente.

Jonathan - perdi essa chance. Quem sabe o meu futuro filho tenha mais sorte do que eu...

[...]

Dois anos depois.

Incrivelmente, o relacionamento da minha irmã permaneceu por bastante tempo, o que acabou criando uma amizade sincera entre eu e Jonathan, assim como a crença de que ela havia mudado.

No meu penúltimo ano de universitária, o namorado da Julia me chamou para tomar café, pois tinha uma ótima notícia para dar.

Jonathan - nós vamos nos casar!! - anunciava de forma radiante.