Capítulo 24 - Um Caminho Sobre A Água.

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Peter Narrando

Eu e Loretta fomos os últimos a chegar à mata, porém, quando nos aproximamos o suficiente, a imagem com a qual nos deparamos fez com que nossos corpos paralizassem.

Vanessa, Charlotte e Zoe, estão presas em camisas de força, com nítido pavor em seus olhos, e atrás delas, três enfermeiros se encontram parados, apontando armas na cabeça de cada uma.

Armas? Que tipo de lugar é esse?!

Minha falta de experiência nesse tipo de coisa, impede que eu identifique o modelo.

Enfermeiro 1 - Loretta e Peter, venham com a gente ou suas amigas vão se machucar - falava com frieza.

Loretta - por que amarraram minha mãe nisso?! - ela fez menção de desamarrar a Vanessa, mas recuou assim que percebeu que seria impossível.

Charlotte - espera, a nossa cuidadora é sua mãe?! - questionou, trocando olhares entre as duas. Ambas assentiram.

Zoe - Charlotte... - foi ignorada - Charlotte... o Barnaby voltou! O Barnaby está ali. Ele quer o Sr.Coelho!! - seus olhos transbordavam pânico, como se visse um fantasma, a diferença é que aquele ela conseguia ouvir e sentir - EU O PERDI! ME DESCULPA!! ME DESCULPA!!! - o enfermeiro que a segurava, a pressionava com ainda mais força ao notar sua agitação.

Enfermeiro 1 - Vanessa ajudou na fuga de pacientes, automaticamente se tornando um deles - explicou orgulhoso.

- vocês não têm que fazer isso - me senti obrigado a interferir, antes que algo de ruim acontecesse.

Enfermeiro 2 - é óbvio que precisamos - afirmou, segurando a arma com mais firmeza - Isso aqui não é uma negociação, vocês voltarão conosco de qualquer forma.

- mas- a voz da Zoe me interrompeu.

Zoe - EU NÃO VOU VOLTAR!! BARNABY VAI ME MACHUCAR DE NOVO!!! - berrou de forma aguda e, se desprendendo das mãos do enfermeiro, correu em direção ao mar.

Droga!!

Charlotte Narrando

- NÃO!! - junto ao meu grito espontâneo, uma lágrima deslizou sobre a superfície de meu rosto.

O pânico, o medo, a ansiedade, tudo se misturou, tanto na minha mente, quanto no meu corpo e isso, agregado à profunda tristeza repentina, fez com que eu me arrependesse de apenas naquele momento, no momento em que perdi ela, perceber o quanto aquela criança era importante para mim.

O estrondo em meu ouvido. O corpo de Zoe se encontrando com a areia da praia em câmera lenta, como se eu estivesse vendo tudo através de uma parede de água.

O enfermeiro mantinha a arma levantada e meu olhos ardiam como se as pálpebras queimassem. A garota estava morta, e tudo que fiz fora a repreender e prometer uma ida ao parque de diversões. Não pude livrá-la de ver aqueles monstros.

Eu a prometi vida. E ela recebeu morte.

Enfermeiro 3 - porr*! Esse não era o plano, seu idiota! - ele soltou a cuidadora e, indignado, foi até o colega.

Enfermeiro 1 - o que você queria que eu fizesse? - brigavam um com o outro, entretanto eu não ouvia, suas vozes eram apenas ruídos ecoando a quilômetros de distância.

Zoe... levanta... levanta, por favor.

Enfermeiro 2 - SERÁ QUE DÁ PARA VOCÊS PARAREM!! - o funcionário "responsável", se dirigia aos outros, abaixando a guarda por poucos segundos.

Ainda histérica com a situação e tendo os hormônios à flor da pele, não me contive e, quando percebi, estava correndo em direção a ela, a minha "irmã", chorando e chorando cada vez que seu corpo, deitado sobre a areia, ficava mais perto.

Mar De Mármore - O Paraíso É Uma Alucinação.Onde histórias criam vida. Descubra agora