Loretta Narrando.
O chão é duro, tem um cheiro muito forte de produto de limpeza e o cômodo em geral é muito frio, mesmo sendo totalmente fechado.
Inquieta, me sentei no chão e deixei minhas costas se acomodarem na parede. O desconforto não é o motivo da minha insônia, apenas não quero cair em um pesadelo e acordar para viver uma perseguição novamente. A ideia do amanhã, pela primeira vez, me assusta.
Corri os olhos pela sala escura, refletindo sobre onde eu acabei parando depois de anos achando minha vida entediante demais. Foi em meio a essa autorreflexão que algo que eu não tinha percebido, chamou minha atenção. Penduradas na parede, eu avistei três chaves.
Só depois de passar um bom tempo, imaginando o que aquelas coisas enferrujadas abriam, que eu caminhei até elas. Desde que vivo aqui, as únicas portas trancadas eram as solitárias e os quartos dos pacientes considerados perigosos.
Mas obviamente, essas chaves não ficariam em um quartinho de limpeza, à mostra e disponível a qualquer pessoa.
Por precaução e talvez curiosidade, as coloquei em meu bolso e me deitei novamente, desistindo de tentar fazer do chão um bom lugar para se dormir. Mesmo com frio, esperava conseguir ter uma boa madrugada de sono.
Estava sozinha e com medo, mas ainda assim, me sentia mais segura ali do que no meu quarto.
[...]
Acordei horas depois com o corpo dolorido, e não sabia quanto tempo exatamente tinha ficado ali. Depois de me colocar de pé, precisei de alguns minutos para me alongar. À cada estalo dos meus ossos, uma sensação de alívio surgia em cada um dos meus músculos contraídos.
[...]
Alguns minutos depois...
O som de passos se aproximando me fez voltar a sentir o desespero da noite passada. Instintivamente, olhei em direção à porta e notei que a maçaneta se movia. Analisei o meu redor com pressa e corri para trás de algumas caixas de papelão, que ficavam no canto do quartinho.
A porta se abriu. As luzes se acenderam.
Ciente de que se me arriscasse a ver quem era, seria pega, não o fiz. Contudo deduzi que fosse uma faxineira pegando as coisas para começar a limpeza do lugar.
Mas... A faxina é feita durante a tarde. Merd*, eu acabei dormindo demais, que tipo de pessoa dorme tanto tempo no chão?!, eu sou uma espécie de urso hibernando?
Enquanto me autoquestionava, o cômodo voltou a ficar escuro e a porta a se fechar. Entretanto, além disso, o barulho da fechadura trancando o cômodo, foi como um tiro no peito, o que me deixou em estado de pânico.
Corri até a porta e tentei abri-la, me recusando a acreditar que havia sido presa, mas infelizmente era verdade.
Deixei minhas pernas desabarem e levarem-me a sentar novamente. Estava apavorada.
- Pensa Loretta, pensa!! - de tanto pensar e pensar, mais do que já fiz em toda a minha vida, sentia meu cérebro fritar em vão, já que nada resultava do meu esforço.
O quarto era totalmente fechado, sem janelas ou qualquer abertura. Não havia nenhuma saída. Nada.
- O que eu faço? - falava sozinha, enquanto me levantava e caminhava de um lado para o outro, inquieta de preocupação.
Em meio a isso, cerca de 1 hora depois, os passos no corredor voltaram a soar nos meus ouvidos, ficando cada vez mais altos e deixando meus batimentos cardíacos, a cada segundo, mais acelerados. Sem muito tempo, corri novamente ao lugar onde havia me escondido da última vez.
Faxineira - espere aí, Carlota. Vou pegar as coisas que você precisa para começar a trabalhar - disse, ainda do lado de fora, junto ao barulho de chaves.
Carlota - está bem. - a porta se abriu novamente.
Uma delas entrou, pegou um balde com produtos de limpeza e um esfregão, e só depois sairam.
Faxineira - vamos. Te mostro por onde começar - e fui presa novamente.
Os passos delas se distanciaram até que não se ouvia mais nada, mas dessa vez não houve som de fechadura.
Não trancaram a porta.
Saí do meu esconderijo e, o mais rápido que pude, adentrei o corredor, logo me posicionando atrás de uma lixeira, ao ouvir as mesmas mulheres retornando.
Faxineira - meu Deus! - exclamou - quase deixamos isso aberto. - falou, enquanto ia até o lugar de onde eu acabara de escapar.
Foram embora, e de forma inevitável, um suspiro de alívio escapou dos meus pulmões até chegar a minha boca, fazendo todo meu corpo expulsar a tensão que sentia...
Tudo bem, agora preciso encontrar o Peter.
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AUTORA:🚫ATENÇÃO🚫
Em umas das situações, não quero que pensem que tenho algo contra pessoas que dormem no chão. Entendo perfeitamente indivíduos que realmente descansam dessa forma, seja por cultura (ex: Asiática, onde muitas pessoas dormem sobre o piso) ou por poucas condições. Na história, era uma forma de mostrar a personalidade da personagem.
Agradeço a compreensão.
Estou muito sobrecarregada com as aulas online e com meus estudos de línguas estrangeiras, por isso minha criatividade deixou a desejar aqui. Vou tentar me esforçar mais nos próximos capítulos.
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Mar De Mármore - O Paraíso É Uma Alucinação.
Misterio / Suspenso[CONCLUÍDO] ________________ Dizem que o paraíso é uma ilha cercada por água, onde tudo e todos os seus problemas são resolvidos. Um lugar para se apoiar. Um lugar que te ajudará a ser forte. Mas e se o problema for esse mesmo pedaço de terra?. Ness...