Capítulo 52 - Bolha de Sabão

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Peter Narrando.

Os enfermeiros nos deixaram em nossos quartos, conferiram se a porta estava trancada e foram embora. Agora, sozinho e sentado na cama, eu olhava os remédios dos quais dependia. E como qualquer ser humano quando se encontra na solidão, eu refletia. Ainda não acreditava que tinha matado aquele homem no navio, simplesmente por causa da falta desses comprimidos.

Não me lembro de nada, contudo tenho consciência de que por minha culpa, tivemos que voltar para esse lugar. Por minha culpa, estamos tendo todos esses problemas. Por minha culpa, a minha boca se encontra completamente rasgada. Por minha culpa, o capitão perdeu um amigo e a confiança, que antes Victor depositava em mim, foi destruída. E eu o entendo. Entendo a raiva que ele possa sentir, todavia me parte o coração pensar que o perdi. Aquele depravado faz muita falta...

Balançando a cabeça de um lado para o outro, me auto convenci de que não valia a pena e nem iria mudaria alguma coisa, ficar me remoendo.

Daqui a pouco virão me buscar, é melhor tentar descansar um pouco, antes de ir ao refeitório.

Loretta Narrando.

Acordei no meio da madrugada.

O que será que está acontecendo com Vanessa e Peter?

Talvez meu subconsciente soubesse o quanto eu me sentia inútil, e por isso não conseguia adormecer. Não pude fazer nada e nem sabia se estavam em perigo ou precisavam da minha ajuda. Bem, isso explicaria a ansiedade. Provavelmente durante o café da manhã eu teria notícia deles.

Vanessa Narrando

Minha mente, exausta, se entregou ao sono no minuto em que coloquei a cabeça no travesseiro.

[...]

Loretta Narrando.

Ainda deitada, ouvi a porta do quarto sendo destrancada.

Mark - levanta... - abri meus olhos lentamente.

Começava a me acostumar com a rotina, tanto que já nem reclamava. Isso definitivamente não é um bom sinal. Me sentei sobre a cama, coloquei os sapatos e, passando as mãos nos cabelos, fiquei de pé.

Mark - vamos - nós dois parecíamos cansados - você ainda tem que– sem ser proposital, eu acabei o interrompendo.

- tomar banho e me arrumar para ir comer... eu sei. - minha maneira de falar, não o incomodou. A única coisa que fez foi seu devido trabalho.

[...]

Depois de alguns minutos, pronta, eu me dirigia para o refeitório. À medida que caminhava ao lado daquele enfermeiro, torcia para que, ao chegar, visse minha mãe e Peter sentados no mesmo lugar de sempre.

A cabeça não sabia mais o que inventar, apenas continuava confusa e preocupada, necessitando, o mais rápido possível, entender o que acontecia.

Quando fui deixada no destino habitual, na entrada, senti os olhos ofuscarem apenas com a imagem de meu amigo e Vanessa, o que preencheu meu peito por um alívio enorme. Depois de pegar comida, caminhei até eles, quase saltitando ao saber que nenhuma das pessoas mais importantes na minha vida tinham sido feridas de alguma forma. Pelo menos, era o que eu achava.

Me sentei de frente a Peter, que estava ao lado da minha mãe. Os dois mantinham a cabeça baixa, porém, ao notar a minha presença, seus rostos se ergueram e fitaram-me.

Mar De Mármore - O Paraíso É Uma Alucinação.Onde histórias criam vida. Descubra agora