Peter Narrando.
O enfermeiro me arrastou por vários corredores e desceu algumas escadas. Mesmo não prestando total atenção aos detalhes daquele lugar, o trajeto me parecia estranhamente familiar, coisa que ignorei inicialmente.
Era o caminho do porão em que eu e Loretta nos escondemos da última vez, um pouco mais iluminado e com a aparência limpa, entretanto ainda assim era o mesmo.
O funcionário parou em frente à porta, a abriu e com toda a força de que dispunha, que não era pouca, me jogou para dentro. Conseqüentemente perdendo a noção do equilíbrio, tropecei em meus próprios pés e caí, ficando apenas com a imagem daquele homem robusto trancando o cômodo e contendo o riso ao testemunhar minha cena constrangedora.
[...]
Loretta Narrando.
Depois do que aconteceu, a refeição prosseguiu normalmente.
Vanessa - você não podia ter escolhido melhor hora... - murmurou com sarcasmo.
- peço desculpas, porém em minha defesa, eu não sabia que isso aconteceria com ele... - abaixei a cabeça e continuei a comer.
O fato de ter fugido de responder uma pergunta como aquela, não me parecia suficiente para fazer com que meu amigo ficasse tão bravo, mas ele ficou, e o que eu poderia fazer?. Não existia resposta possível que explicasse a nossa saída desse hospital, sem que tivéssemos que mencionar o C.Willians. Se Julia não pensou nele, ou ela tem muita confiança em cada um de seus subordinados ou acredita que tenhamos descobrido algum esconderijo aqui na ilha.
Depois de um tempo, Vanessa voltou a falar.
Vanessa - não vá fazer escândalo - pediu, abandonando a bandeja já vazia sobre a mesa - agora, Peter precisa muito mais da nossa ajuda. Sem esses remédios e seja lá que coisa estiverem fazendo, todo aquele cenário no Camélia Vermelha vai se repetir... - ela fala como se eu não soubesse a gravidade do problema.
Ignorei a antipatia que eu estava sentindo a respeito da minha mãe, evitando ao máximo dizer coisas das quais, provavelmente, pareceriam infantis no caso de ditas em voz alta.
- isso é inevitável - tomei o restante da minha sopa - enfim, talvez se o dermos os comprimidos, ele não saia do controle de novo. - Vanessa ponderou.
Vanessa - eu não sei... - suspirou - pode ser que funcione, mas não consigo pensar em nenhuma forma de o entregar isso. Preciso de tempo... -
- entendo - foi a única coisa que disse, concordando em elaborarmos um plano depois, com mais calma.
Peter Narrando.
E da maneira que caí, sentado no chão, eu olhei ao redor. O lugar parecia imensamente assustador, continuava escuro como sempre, todavia pior, mais vazio...
Estar sozinho geralmente não me incomodava, contudo as coisas mudam quando se é trancado no subsolo, com a cabeça bagunçada e sem os comprimidos de que tanto depende.
Finalmente resolvi me levantar. Por favor, que tenha ao menos um fósforo nesse buraco.
Andava devagar, forçando as vistas a se acostumarem com a ausência de luz. Nenhum som, absolutamente nem mesmo um ruído eu conseguia ouvir, talvez porque estivesse tão concentrado em ter as pupilas focadas em algo que não fosse a imensidão daquele breu. Porém, essa sensação desapareceu, sendo transformada em pavor no momento em que o silêncio foi interrompido.
?? - tem alguém aí? - indagou uma voz feminina e familiar, sussurrando na escuridão, resultando no meu choque.
- o-olá...? - devido ao susto, senti minha voz lapsar - me chamo P-Peter. - respondi, me apressando para achar qualquer coisa que me permitisse saber à quem eu estava fazendo companhia.
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Mar De Mármore - O Paraíso É Uma Alucinação.
Mystère / Thriller[CONCLUÍDO] ________________ Dizem que o paraíso é uma ilha cercada por água, onde tudo e todos os seus problemas são resolvidos. Um lugar para se apoiar. Um lugar que te ajudará a ser forte. Mas e se o problema for esse mesmo pedaço de terra?. Ness...