Capítulo 33 - Pintura Soturna

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Vanessa Narrando

- OK... - suspirou - Victor, vá falar com o seu pai. Eu, Loretta e Peter iremos ao nosso quarto, "nos preparar" para o jantar - ele assentiu e, se soltando dos braços de quem estava tão assustado, saiu do quarto.

Loretta - mãe, você tem certeza de que isso é uma boa ideia? - embora ela tenha perguntado a mim, Peter foi quem respondeu e acabou me interrompendo antes que eu dissesse algo.

Peter - sinceramente não acho que seja - aparentemente, ele tinha se recuperado do seu recém estado de pânico e voltou a ser, de certa forma, o mesmo enxerido de sempre. Mas o que posso fazer? Eu amo essas crianças.

- vamos, precisamos sair daqui antes que eles cheguem... -

Victor Narrando.

Enquanto andava nos corredores, pensando na melhor maneira de contar sobre o falecido a meu pai, imaginava o que aconteceria com Peter naquele lugar... quer dizer, a eles naquele lugar.

Depois da fuga, da qual ninguém ainda me contou como foi, não acho que os tratariam da mesma forma, e se o manicômio já era tão ruim quanto dizem, imagine como deve ser agora.

[...]

O sol já havia sumido e lá fora se estabelecia um breo completo, não se podia ver absolutamente nada no horizonte, o que fazia com que apenas as lâmpadas amareladas iluminassem o interior do navio, e os meus ouvidos fossem presentiados com o som das ondas se chocando contra o calado da embarcação.

Demorou alguns minutos para que eu chegasse no gabinete, o motivo seria a minha total falta de pressa. Porém, assim que fiquei em frente à sala, simulei ter corrido e estar sem fôlego, queria que o capitão acreditasse que eu estava desesperado, em choque, horrorizado... passar o mesmo sentimento que senti, e que talvez ainda sinta, ao ver aquele cadáver.

Me afastei um pouco da porta, depois corri até ela novamente e a abri de uma só vez.

C.Willians - o que foi, filho?! Aconteceu alguma coisa?! - questionou assustado, mas não era o único.

"ofegante" parei ainda na entrada. Ao observar com mais cuidado, o vi segurando alguns papéis e os mostrando para o marinheiro responsável pela trajetória que tomamos normalmente. Os interrompi em meio a uma conversa, provavelmente importante, coisa que evitava fazer desde criança.

Ele largou o que tinha em mãos e veio até mim, era clara, semelhante à água brilhando ao sol, sua face preocupada.

- pai... - a voz falhava de propósito - o Peter... ele... m-matou o Miguel... - suspirei com profundidade, na tentativa de soar mais convincente.

Ele ficou em silêncio, e o homem com quem falava antes da minha chegada, estava perplexo com o que ouviu.

C.Willians - v-você tem certeza disso, Victor? - me olhou nos olhos e eu, sem nem mesmo piscar, respondi.

- tenho, pai - sua expressão espantada, se transformara em pura raiva e, o conhecendo como eu conheço, sei que essa emoção sempre foi sua maneira de esconder a tristeza ao sentir que perdeu alguém.

C.Willians - está bem. Me leve até o falecido, filho... - ordenou, logo adentrando o corredor.

Antes que meu pai pudesse se retirar totalmente, o homem que estava com ele, que a propósito eu sei o nome, só não me recordo porque geralmente não sou incluido nesses assuntos, o impediu.

Homem - o nosso trajeto ainda será pelo oeste, capitão? - indagou, completamente confuso.

C.Willians - você por acaso não ouviu o que Victor disse?! - questionou com brutalidade.

Mar De Mármore - O Paraíso É Uma Alucinação.Onde histórias criam vida. Descubra agora