Capítulo 21 - Luz Prateada

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Peter Narrando

[...]

Assim que terminamos de comer, Vanessa recolheu a bandeja e subiu, dizendo que voltaria com uma surpresa.

- depois do que a moça contou, cheguei a conclusão de que eles mantêm os pacientes presos aqui, porque assim os familiares continuam mandando o dinheiro da mensalidade, acreditando que isso vá ajudá-los - falei com a voz cansada.

Loretta - tem razão - bocejou - eu preciso dormir, minha cabeça não está conseguindo processar tanta informação - ela se preparava para deitar no chão.

Tendo consciência da minha própria fadiga, acabei por fazer o mesmo.

Vanessa Narrando

Assim que saí do porão, caminhei normalmente até a cozinha - obviamente me certificando de que não havia ninguém - felizmente estava vazio.

Entrei.

Ao notar todas as bandejas e talheres limpos e guardados, resolvi lavar aquelas que Peter e Loretta tinham usado. Seria suspeito demais deixá-las ali, sem mais nem menos.

Enquanto isso, minha cabeça vagueava pensando em muitas coisas, muitos sentimentos, coisas que eu não sentia há anos e que, naquele momento, depois de ter contado a verdade a Loretta, retornaram com toda a força.

Expulsando aquilo da minha mente, quando terminei de lavar a louça, fiz menção de ir embora, porém dois rostos me encarando paralizaram meu corpo ali mesmo.

Charlotte - O que faz aqui? - questionou de braços cruzados, acompanhada da Zoe.

- notei que as cozinheiras esqueceram algumas coisas sujas e vim ajudá-las com isso - respondi rápido e tentando ao máximo me manter tranquila.

Charlotte mantinha seus olhos desconfiados em mim, mas antes que pudesse dizer algo, Zoe interferiu.

Zoe - Charlotte, vamos logo!! Você prometeu que brincaria comigo - choramingou emburrada - o Sr.Coelho me disse que se você não for comigo, ele vai me manter longe de você para sempre - ameaçou, se referindo ao coelhinho de pelúcia.

Charlotte - tá!! - segurou a mão dela e se retiraram.

Dando um suspiro aliviado, sequei minhas mãos e saí da cozinha. Eu tinha um plano, provavelmente perigoso demais, contudo foi pensando nele que me encontrei no banheiro feminino.

Lá dentro, na última cabine, eu sabia da existência de uma espécie de tubulação de ar que passava por todo o manicômio, eu não tinha certeza se aquela, em específico, era a que eu precisava, mas teria de servir.

Talvez eu esteja me arriscando demais por essas "crianças", entretanto se essa for a única forma de me redimir com a minha filha, eu a concretizaria.

Se chegarmos à sala de cartões de acesso e conseguirmos pegar o que abre o portão principal, podemos fugir daqui. O que acontecerá depois? Eu realmente não faço a mínima ideia.

Dando certo até o momento em que planejo, juntos resolvemos o resto.

- não nos perdendo na tubulação, está ótimo - pensei em voz alta.

Charlotte Narrando

A cuidadora está muito estranha ultimamente. Por isso, assim que a vimos saindo da cozinha, a seguimos durante todo o caminho. E agora, eu e Zoe estamos na cabine ao lado da que Vanessa acabara de entrar.

- como assim? - sussurrei, impressionada com o que tinha acabado de ouvir.

Zoe - o que foi? - seu rosto era estampado de confusão.

Mar De Mármore - O Paraíso É Uma Alucinação.Onde histórias criam vida. Descubra agora