Capítulo 18 - Atos Da Juventude

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Vanessa Narrando.

Enquanto caminhava pelos corredores, notei que os pacientes não estavam em horário de nenhuma atividade, o que os deixava desocupados, andando por aí.

Continuei, focada em um único propósito, mas tomando cuidado para não parecer suspeita. Depois de subir as escadas, fui diretamente ao quarto da Loretta.

Entrei, fechando a porta atrás de mim, porém, surpreendentemente, eu não estava sozinha.

- Zoe, o que faz aqui? - perguntei, a seguindo com os olhos, ao mesmo tempo em que a garotinha remexia os travesseiros.

Zoe - Charlotte disse que o Sr.Coelho estava aqui... - respondeu, quase que ignorando a minha presença.

- já procurou em seu quarto? - devagar, eu caminhava até o criado-mudo.

Zoe - já, e não estava lá. Perguntei à Myles e ao Barnaby, mas nenhum deles o viu - se referia a outros personagens frutos da sua mente. Na minha experiência ao cuidar dela, eu sei que Barnaby costuma persegui-la, geralmente quando faz algo "errado". Ela me contava que o via a vigiando durante a noite e que o Sr.Coelho sempre o expulsava do quarto, contudo, como são amigos próximos, Barnaby sempre a perdoa. E agora, tanto sua voz quanto seu olhar pareciam esboçar tristeza.

- talvez Charlotte tenha pego e escondido em outro lugar, querida -

Sua inocência nem sempre é assustadora, está mais para genuína.

Zoe - será? - parou por um instante e, sem dizer nada, abriu a gaveta do criado-mudo, logo tirando o seu coelhinho de cor branca.

Zoe - a Loretta roubou ele! Eu sabia, Charlotte jamais faria isso. - exclamou, o pressionando contra o próprio peito, em um abraço. - a Myles sempre me diz: "não confie na moça loira". Vou passar a ouvi-la... - já essa figura de quem ela se refere, nunca a fez mal, pelo menos não que eu saiba.

- minha pequena - a chamei, sorrindo pelo canto da boca e ignorando sua acusação ingênua - é melhor você ir, antes que arranje problemas - assentiu e lentamente saiu do quarto, feliz por ter pego aquele brinquedo de volta, que, embora na cabecinha dela saiba falar, de fato sempre foi um brinquedo.

Assim que fiquei sozinha, corri até a gaveta aberta e revirei aquele móvel, mas apenas alguns papéis e canetas se encontravam lá.

- droga! - enterrei os dedos em meu cabelo, frustrada.

Passei mais alguns minutos procurando pelas chaves, mas infelizmente não as encontrei.

- pensa, Vanessa. Quem poderia ter peg- Antes que terminasse a frase, um nome óbvio me veio em mente.

Charlotte.

Expulsei o ar dos meus pulmões, sabendo que o fato de ser uma pessoa tão difícil, só tornaria meu trabalho ainda mais longo.

Peter Narrando

- ela está demorando muito, não acha? - me sentia inquieto.

Loretta - não deve ser nada demais... - a minha amiga roía as unhas, mas parecia não perceber.

- você colocou mesmo as chaves no criado-mudo? - a questionei.

Loretta - óbvio, se não tivesse certeza, eu avisaria - ao ouvir isso, acabei por suspirar.

- então alguém deve ter a flagrado - na vida nunca se pode ser otimista em excesso, precisamos ser realistas. Talvez por eu ser assim, me torne desagradável para alguns.

Loretta - acho que não... - ela olhava o chão, pensativa.

Estava entediado e incrivelmente cansado daquela perseguição. Consequentemente, ambos nos sentamos no chão.

Mar De Mármore - O Paraíso É Uma Alucinação.Onde histórias criam vida. Descubra agora