Loretta Narrando.
Andei normalmente pelos corredores, dizendo a mim mesma que precisava encontrá-lo, porém, em uma rápida olhada em um relógio de parede no caminho, notei que estávamos quase na hora do jantar (cerca de 15:45) então, no lugar de procurar Peter por todo o hospital, decidi encontrar com ele no refeitório mais tarde (18:00).
Só enquanto caminhava por aí sem rumo, foi que percebi que estava muito apertada e necessitava usar o banheiro.
E se eu me encontrar com a Darla?
Mesmo preocupada e aflita com o que poderia vir a acontecer, eu não conseguiria segurar por mais tempo, as leis da natureza me chamavam como uma nave mãe - quer saber? Dane-se, em algum momento eu vou esbarrar com ela - pensava, na tentativa de me autoencorajar.
Me dirigi até o banheiro o mais rápido que pude, eu estava quase explodindo, e não ver aquela mulher durante o trajeto me deu um alívio enorme.
Entrei no banheiro.
Fui até uma das cabines e fechei a porta. Ao fazer isso, ouvi outras pessoas adentrando o lugar, acompanhado do som de vozes femininas conversando paralelamente.
Garota 1 - você viu o que a Charlotte fez com o Peter?! - a garota disse, soltando gritinhos animados.
Garota 2 - sim - riu - eu no lugar dela jamais teria coragem de fazer aquilo - seu tom era agudo.
Por que essa animação toda? Que irritante...
Garota 3 - pena que não foi um beijo de verdade -
beijo?
Garota 1 - é, mas um selinho é o começo perfeito de um relacionamento. - ouvi o barulho da porta se fechando e as vozes delas se calando com o passar do tempo, comigo ainda dentro da cabine.
- como assim? - meu rosto foi preenchido por surpresa e curiosidade - Charlotte e Peter, se beijaram? - questionei a mim mesma, apertando a descarga e me retirando dali, sem conseguir acreditar.
Como? Quando? por quê?
Milhares de pontos de interrogação nasciam sobre a minha cabeça, mas nada parecia fazer sentido o suficiente para fazê-los sumirem, nada mesmo.
Me aproximei de uma das pias, com o objetivo de lavar as mãos, e ao terminar, me dando conta de que nem mesmo tinha escovado os dentes, fui até meu armário e peguei as coisas de que precisava para parecer um pouco mais apresentável.
Porém, no momento em que retornei à frente do espelho, uma das cabines se abriu, me permitindo ver, além do meu reflexo, a figura da Charlotte.
Charlotte - o que foi? - perguntou tranquilamente, com os braços cruzados.
Me virei em sua direção. Tê-la atrás de mim no reflexo de um espelho me pareceu assustador, entretando não fazia ideia do que dizer.
- como assim? - ela ergueu uma das sobrancelhas. Eu continuei a me arrumar, finalizando minutos depois.
Charlotte - Não se faça de idiota! Você sabe do que estou falando - seu tom era brusco.
- só me deixe em paz... - pedi em um murmúrio, guardando as minhas coisas e caminhando até a porta, tentando manter a calma.
Charlotte - você ou o Peter? - disse, parada no mesmo lugar.
Não entendo o motivo, mas minhas pernas simplesmente pararam e acabei ficando com a cabeça baixa. Minha mão parecia ter sido colada na maçaneta, enquanto o corpo implorava para não deixar isso passar.
Charlotte - não se sinta mal... você sempre soube que eu sou melhor - segundos depois, senti a palma dela pousar sobre o meu ombro esquerdo, ato que, mesmo me incomodando, não fez eu me virar.
- você quem deveria se sentir mal, por insinuar um relacionameto entre mim e uma pessoa que eu considero como um irmão - girei a maçaneta, abri a porta e saí de lá o mais rápido possível.
A cada minuto, isso fica mais patético.
Voltei ao corredor e só depois, quando parei um pouco para me acalmar, foi que percebi que era hora do jantar, encarando o tictac de outro relógio de parede.
Desci as escadas devagar, ciente de que era cedo, e cheguei no refeitório. Assim que entrei, todos os pacientes, enfermeiros e cozinheiros me encararam.
Tentei ignorar os olhares e cochichos ao meu redor, e sinceramente não estava conseguindo. Ter vários rostos te fitando com tamanha atenção, sem saber o motivo e nem o que se passa em suas mentes, é algo merecedor de arrepios.
Avistei Peter, sozinho enquanto comia sentado na mesma mesa de sempre, então me dirigi até os cozinheiros, peguei um pouco de comida e em seguida me aproximei dele, sentando na sua frente.
Porém, depois de alguns minutos, Charlotte também chegou e incovenientemente se sentou ao lado do meu amigo.
Charlotte - olá! - sorriu.
Eu a ignorei, tentando me concentrar apenas na refeição. Peter não me dirigiu nenhuma palavra, mas meu cérebro se contorcia ao ver sua atitude.
Peter - Olá - falou indiferente, retribuindo o cumprimento.
Charlotte - a sua amiga já está sabendo sobre o nosso beijo - ela sorria de orelha a orelha.
Peter - ah... - suspirou desconfortável - você fala como se tivesse sido recíproco - tomou um pouco de sopa.
- como assim? Não foi? - perguntei, me manifestando de repente e tendo interesse em um assunto que, até aquele momento, era ignorado.
Peter - não - riu.
Charlotte - Foi sim! - bateu os talheres na mesa.
Peter - não mesmo - fez uma pausa - Eu estava no jardim, respirando um pouco de ar puro, totalmente em paz, mas você veio com a desculpa de que precisava de ajuda e, enquanto tentava inventar alguma coisa, se aproximou do meu rosto e me roubou um beijo... - o rosto da Charlotte parecia pegar fogo - se isso é ser recíproco, ando precisando de um dicionário novo - eu e Peter rimos, mas Charlotte não pareceu ter achado aquilo engraçado.
Charlotte - Isso quer dizer que não significou nada para você? - ela mirou Peter, com o olhar afiado como adagas.
Peter - não... - Charlotte se levantou, pegou sua bandeja e saiu totalmente estressada, devido ao vexame que acabara de passar.
- uau - coloquei a mão sobre a boca, contendo outra risada - isso é inacreditável.
Peter - ela não percebe o quanto é transparente, chega a ser engraçado - continuou a comer.
[...]
Peter - Mas e aí? O que houve com você? Por que sumiu? - voltou a ficar sério, terminando sua tigela de sopa.
- Ah... - exclamei ao me lembrar o que tinha que contar a ele - Peter, eu tenho que te falar uma coisa. - o mesmo fitou-me atento.
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Mar De Mármore - O Paraíso É Uma Alucinação.
Misterio / Suspenso[CONCLUÍDO] ________________ Dizem que o paraíso é uma ilha cercada por água, onde tudo e todos os seus problemas são resolvidos. Um lugar para se apoiar. Um lugar que te ajudará a ser forte. Mas e se o problema for esse mesmo pedaço de terra?. Ness...