Capitulo 36 - Metamorfose Amarga

48 9 0
                                    

Victor Narrando

Assim que, no impulso, fui abrir a porta, percebi que não era necessário que eu girasse a maçaneta, já que estava entreaberta.

Jurava ter visto Peter a fechando..

Mas não comentei nada, pois Vanessa e Loretta, sentadas, conversavam naturalmente.

- chegamos - avisei. Elas me olharam sem muita surpresa e se aproximaram.

Vanessa - certo - sorriu discretamente e, sem demora, ambas saíram do quarto.

OK...

Agora, caminhávamos até a saída. Todos estavam nervosos e preocupados com a situação, mas a moça loira parecia pensativa demais, como se a cabeça estivesse em outro lugar.

- Vanessa, você está bem? - perguntei.

Vanessa - sim, querido. Não se preocupe comigo... - e logo depois de ter tentado me convencer, ela voltou a ficar da mesma forma.

Peter - o seu pai falou com a doutora ontem, a sós. Você sabe do que se tratava? - me virei para ele. Pela primeira vez, eu odiava aqueles corredores. Sabia que era o caminho em que perderia o meu anjo. Queria parar de andar, mas não podia.

- não... não sei... - sobre o que os dois conversaram?

Peter - acho que esse é o motivo de ela estar assim - confessou.

- sim, provavelmente. - dei um meio sorriso a Peter, na intenção de agradecer pelo que me contou, porém ele ficou corado, o que acabou me fazendo rir sem nem mesmo saber o por quê.

[...]

Chegamos na área de desembarque, e um marinheiro que nos aguardava permitiu o acesso deles ao exterior.

Loretta Narrando

No minuto em que meus pés tocaram aquela areia, um frio enorme subiu o meu corpo. Talvez fosse resultado do medo, do suspense, ou do mais óbvio, a vívida lembrança do corpo caído de Charlotte e Zoe, sobre esse mesmo pó. Consequentemente, essas memórias me causaram arrepios e o vento, que teimava em mover o meu cabelo, não se tornara agradável, pelo contrário, estava mais para mórbido.

De súbito, um barulho vindo de dentro do manicômio me fez despertar à realidade. Era um grito agudo e ensurdecedor, parecendo pertencer a uma garota.

Peter - o que foi isso?! - indagou preocupado, terminando de descer o pontilhão.

- não faço a mínima ideia - depois que todos saíram e se colocaram em terra firme, o capitão apareceu.

C.Willians - podem ir - tinha a voz grave e rude, como de costume.

Victor - mas... - murmurou - o senhor não teria que levá-los até a entrada? - perguntou, parado ao lado de seu pai, dentro do navio.

C.Willians - não será preciso.

Victor Narrando

- por que você faria isso? - tentava argumentar.

C.Willians - se eu for até lá, pensarão que eu os escondi. Não posso arriscar perder o emprego, filho. - sussurrou para que apenas eu ouvisse.

- entendo... -

Antes que me privassem de ver as pessoas em pé ali, naquela ilha, aproveitei o restante do tempo que tinha e acenei para eles.

Me sentia triste, estava deixando minha boneca de porcelana nas mãos de pessoas descuidadas. Contudo eu vou vê-lo de novo, mesmo que demore, vou ter meu doidinho no Camélia Vermelha. Não importa o que eu tenha que fazer.

Mar De Mármore - O Paraíso É Uma Alucinação.Onde histórias criam vida. Descubra agora