Capítulo 57 - Meu Sonho É Um Pélago Profundo

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No Navio ●

Victor Narrando

O mais rápido possível, adentrei o gabinete e fechei a porta.

C.Willians - o que houve? Por que toda essa pressa? - questionou, me olhando assustado.

E enquanto colocava os cafés em cima da mesa, ofegante, respondi.

- estamos com problemas... - parei de falar por um instante, na tentativa de inalar um pouco de oxigênio que, por causa da correria, parecia faltar - escutei dois marinheiros conversando no refeitório. Eles disseram que vão, de alguma maneira, impedir a nossa nova rota.

C.Willians - quem exatamente, filho? - sua pergunta foi o suficiente para que os rostos deles reaparecessem na minha cabeça.

- Dylan e Bruce - Dylan era um marinheiro com cabelos loiros e sempre aparentava estar zangado com algo, ou alguém. E Bruce, negro e de estatura média, teria a expressão cansada mesmo se passasse um dia inteiro dormindo, a razão disso sempre foi um mistério.

C.Willians - certo. Convoque uma reunião urgente no convés, daqui quinze minutos. - ordenou - Eles têm o direito de saber o que acontecerá - eu assenti e fiz o que meu pai mandou.

[...]

Minutos depois, todos já se encontravam naquela parte do navio, esperando pelo capitão. Alguns dos tripulantes, confusos, não entendiam o motivo de estarem ali, outros reclamavam por parar o que faziam... entretanto, a maioria apenas aguardava em silêncio.

Assim que nosso líder apareceu, se colocando à frente das pessoas, me posicionei ao lado dele, porque algo me dizia que seria melhor ficar fora da multidão.

C.Willians - antes de começarmos, peço desculpas pela forma repentina a que resolvi chamá-los aqui - conversas paralelas começaram a surgir.

Francine, uma cozinheira quase grisalha, acima do peso e de mal humor, ergueu a mão e, ao aumentar o tom da voz, se pronunciou.

Francine - vá direto ao assunto, capitão. Tenho coisas mais importantes para fazer - pediu, limpando ambas as mãos, em seu avental sujo.

C.Willians - tenho certeza de que o que estamos prestes a discutir, é mais importante do que limpar peixe na cozinha, senhorita Francine - ela, depois de queixar-se discretamente, deu de ombros - continuando... estou a disposição para acabar com suas dúvidas. Vocês claramente querem uma explicação - todos se entreolharam, inclusive Dylan e Bruce, que se encaravam de forma irônica.

O vento deixava o clima tenso. O navio continuava em movimento, balançando levemente, deixando o rosto das pessoas ainda mais assustadoras por terem o foco totalmente voltado a uma única pessoa, e não na brisa ou na água.

Dylan - por que estamos a caminho do arsenal abandonado? - meu pai, sorriu. Acredito que ele já esperava que um dos dois fosse o primeiro a questionar.

C.Willians - porque, antes de ancorarmos em Lunatic, precisaremos estar bem prepararados.

Aquelas pessoas se assemelhavam a uma imprensa impiedosa, diante de um político polêmico.

Bruce - e o que planeja fazer no manicômio? - as pessoas aguardavam atentas pela resposta dele.

C.Willians - salvar os pacientes que sofrem e são violentados lá dentro - as conversas paralelas retornaram.

Penny, a marinheira mais "durona" daquele navio, de cabelos ruivos, pele clara e coberta de tatuagens, também participou.

Penny - certo, o que nós temos a ver com isso? - Bruce acabou lhe dando uma resposta.

Mar De Mármore - O Paraíso É Uma Alucinação.Onde histórias criam vida. Descubra agora