Loretta Narrando
Assim que o enfermeiro me deixou no quarto, ele trancou a porta e saiu, não disse nada, apenas foi embora.
Que Deus impeça que Darla descubra que eu não estou na enfermaria.
[...]
Depois de um certo tempo, que mais pareceu uma eternidade, Mark, o meu funcionário responsável, chegou.
Mark - olha só quem voltou... - sorria, enquanto terminava de abrir a porta e entrava.
- olá - o cumprimentei, não por respeito ou educação, mas foi a única coisa que me passou pela cabeça naquele instante.
Mark - um colega me disse que você estava sozinha no corredor. Por que saiu da enfermaria?
- Darla me liberou - ele ergueu uma de suas sobrancelhas.
Mark - te liberou? - questionou duvidoso.
- sim... - era impossível confirmar sem hesitar ao menos por um segundo
Mark - então por que ela me perguntou se eu sabia onde você estava? - cruzou os braços.
Merd*
- e-eu... - por que não consigo inventar nada?!
Até agora meu cérebro estava respondendo automaticamente, inventando desculpas e explicações para coisas simples. Claro, com exceção do que aconteceu na sala da Julia. Mas infelizmente, naquele momento eu me sentia sem saída.
Mark - quer saber... - disse de repente - continuamos a falar sobre isso quando voltarmos do refeitório, não queremos nos atrasar, certo? - eu apenas sinalizei um "sim" com a cabeça.
Peter Narrando
Antes de sair, coloquei no bolso da minha calça todos os três remédios que mostrei a Loretta anteriormente. Logo, no refeitório, eu fui até os fundos, peguei minha comida e me sentei no lugar de sempre, esperando que minha amiga tivesse dado um jeito de aparecer.
Assim que me sentei, Vanessa adentrou, fez o mesmo que eu e se colocou de frente a mim, em seguida.
- Vanessa - a chamei e ela levantou seus olhos ternos na minha direção - eu e Loretta precisamos te perguntar uma coisa... - obviamente, eu sussurrava.
Vanessa - claro... do que se trata? - levava um pouco de comida à boca.
O jantar era constituído por uma sopa rala de peixe, suco (ainda de maçã) e pão, nenhum com o gosto do alimento em si.
- antes, preciso que sua filha esteja aqui - como em um reflexo, eu levei a mão até o furo cicatrizado no meu pescoço, que a propósito, não doía, apenas formigava. Sensação desagradável, mas bem melhor do que ter aquela agulha cravada em minha pele.
Só de lembrar, eu sinto calafrios...
Vanessa - então tá... - assentiu, estranhando minha urgência.
Apanhei a tigela de plástico e a colher, logo tomando uma colherada do ensopado.
- Charlotte ainda não voltou... - comentei assim que terminei de engolir aquela "coisa" mal temperada.
Vanessa - o que será que estão fazendo com ela? - por algum motivo, sempre que parava para pensar no que se passava na cabeça dos funcionários, ou até mesmo na de Julia, eu sentia que estávamos mais próximos do fim, mas não do fim disso tudo, no fim do abismo que nossa vida acabou se tornando.
- com certeza não é coisa boa... - disse, mastigando um pedaço de carne que tinha a textura semelhante à borracha.
Eu já não tenho paladar para fazer alguma conclusão sobre essa comida...
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Mar De Mármore - O Paraíso É Uma Alucinação.
Misterio / Suspenso[CONCLUÍDO] ________________ Dizem que o paraíso é uma ilha cercada por água, onde tudo e todos os seus problemas são resolvidos. Um lugar para se apoiar. Um lugar que te ajudará a ser forte. Mas e se o problema for esse mesmo pedaço de terra?. Ness...