Capítulo 31 - Abraço De Borboleta

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Victor Narrando

Quando entrei para falar com meu pai, percebi que ele me olhava de forma estranha, mesmo que não quisesse que notasse a sua expressão, era óbvio que algo o incomodava.

C.Willians - feche a porta. - ordenou, e eu o obedeci.

Miguel já deve ter falado alguma coisa.

- o que foi? - perguntei, quebrando o silêncio.

C.Willians - você achou mesmo que eu não descobriria? - se colocou mais à frente.

- não sei do que está falando... - meus olhos acompanhavam cada um de seus discretos movimentos.

C.Willians - é claro que sabe - afirmou, e eu fingia não entender absolutamente nada.

- não, não sei - ele me encarou, firmemente.

C.Willians - você vai continuar negando? Então tá, vou direto ao ponto - anunciou - por que não me disse que Vanessa, Loretta e especialmente Peter, são fugitivos? - no momento em que "especialmente Peter" saiu de sua boca, senti o corpo estremecer.

Ele sabe.

- do que o senhor está falando? -

C.Willians - eu já estou farto de mentiras, Victor! - exclamou - ou você fala o que sabe agora, ou pode esquecer o seu futuro comando sobre o Camélia Vermelha.

Algo a respeito do meu pai, não só pelo fato de ter o posto que tem, me assustava. Sua forma peculiar de convencer, de intimidar, até mesmo de elogiar ou reconhecer o esforço alheio, sempre fora incomum. Não existe palavra exata para explicar, só é diferente.

- e-eu... - e quase como um milagre, alguém bate na porta e imediatamente entra, me impedindo de dar uma resposta.

Marinheiro - ouvi gritos. Precisam de ajuda? - sua presença ocasionou que os olhos assustadores de meu pai, fossem direcionados a ele.

As paredes finas podem ter dado a impressão errada a quem estava passando.

C.Willians - saia! - falou bruscamente.

Marinheiro - tem certeza? - o homem parecia mesmo preocupado, entretanto foi por isso que acabou sendo tratado com grosseria.

C.Willians - eu mandei sair!! - e dessa vez, o marinheiro, de forma inteligente, se retirou e fechou a porta.

Assim que voltamos a ficar a sós, eu me concentrei novamente na figura furiosa diante de mim.

- pai, me desculpe, mas eles precisavam se esconder– minhas palavras foram cortadas sem nenhuma consideração.

C.Willians - exatamente, e entraram no meu navio. Se o H.P.L descobre, nós é quem teríamos de nos esconder! - bufou de forma exausta. Impaciente. - vamos voltar e devolvê-los - ele apanhou o rádio, disposto a comunicar a tripulação que iríamos retornar, mas antes que pressionasse o botão, eu me senti obrigado a impedir.

- NÃO!! - me exautei devido ao desespero. Consequentemente, atraí de volta a sua atenção.

C.Willians - por quê? - indagou, ainda segurando o aparelho.

- v-você obviamente gostou ou gosta da Vanessa, e vai devolvê-la àquele lugar? - o questionei.

C.Willians - é o que deve ser feito - e novamente, fez menção de apertar o botão.

- por favor pai, não faça isso. Você pode ser feliz de novo, assim como foi com a mamãe... - foi necessário que eu dissesse apenas isso para que o mesmo me fitasse com mais intensidade. Seu olhar afiado, me perfurava sem piedade alguma. Nós não tocávamos nesse assunto há anos.

Mar De Mármore - O Paraíso É Uma Alucinação.Onde histórias criam vida. Descubra agora