🌑 Degustação 🌑

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♾ { A Maldição dos Hyuuga } ♾

     Estranhamente, Itachi e Izumi não vieram à aula da academia naquele dia. A albina conversava muito com Izumi, sabia o quão importante era para Itachi que ela fizesse amizade com a Uchiha. Então se preocupava com Izumi duas vezes mais do que se preocuparia normalmente. Ela precisava voltar para casa, já que nenhum de seus amigos tinham ido à escola, visto que não tinha nada que lhe prendesse lá.

     Kyara se sentia estranha, parecia que algo aconteceria a qualquer momento. Achou, por um segundo, ser a falta de seus amigos, afinal os dois eram seus companheiros, mas o achismo acabou no momento que chegou em casa. As pessoas que sempre a esperavam na frente de casa, prontas para lhe dar um abraço contagioso e um sorriso contente não estavam em casa. Para falar a verdade, não estavam em lugar algum que a albina soubesse.

     Entrou na casa, tirou os sapatos e começou a procurar pelos habitantes daquele lugar. Nada. Não havia ninguém, então Kyara estava sozinha. Foi aí que percebeu que poderia saber onde sua família estava. Lembrou–se de seu tio, da vida maravilhosa que ele e sua família possuíam e de como a casa secundária estava sujeita a casa principal do clã. Em seguida, lembrou-se do Selo Amaldiçoado. A marca que todos nós, excluídos, odiamos e não queremos ter. Significa que estamos fadados a servir e proteger a casa principal.

     Kyara correu para a casa de seu tio. Entrou com a permissão de um dos Hyuugas que estavam de guarda naquele dia e chegou bem a tempo de ver seu pai não fazer nada enquanto Neji recebia o selo. Hinata estava chocada, não tinha entendido nada. Provavelmente os dois estavam lutando e algo aconteceu que fez o garoto receber o selo, o que abria uma janela nos pensamentos da albina. Desde quando os dois treinavam? Desde quando Hizashi sabia que isso aconteceria? Os lábios da garota se comprimiram numa linha fina e tremula, lágrimas desciam de seus olhos enquanto olhava a cena com pesar e revolta. Ninguém percebera que ela estava ali, até que a viram parada na porta, com o pior semblante possível enquanto assistia aquela cena horrorosa.

     — O que está fazendo aqui, Kyara? — Hiashi perguntou com naturalidade.

     Kyara não respondeu. Estava perplexa demais vendo seu irmãozinho sofrer e não poder fazer nada. Entendia o pai, ambos estavam sujeitos às ordens de Hiashi e as insanas tradições do clã. Se contrariassem o código de conduta, sofreriam tanto quanto Neji estava sofrendo naquele momento.

     — O que está fazendo aqui, Kyara? — dessa vez, não foi Hiashi quem perguntou, mas o próprio pai da garota. Ela de cara pôde sentir a tristeza e amargura na voz de Hizashi, eratão claro que ele queria tomar uma atitude tanto quanto a Hyuuga, mas estava sendo impedido por regras e tradições pré históricas.

     Sinceramente, Kyara queria gritar e tirar o irmãozinho de lá, mas a garota sabia que não podia fazer nada disso. Não estando presente na frente da casa principal. Não quando seu pai estava ali.

     — Cheguei mais cedo. — ela se obrigou a responder mesmo não olhando para nenhuma das pessoas que a perguntaram, mas sim para seu irmão. O que ele fez para receber o Selo? Por que ele tinha recebido e ela não? Por qual motivo não fizeram nela também? Eram tantas perguntas sem respostas, tantos olhares em cima dela que se sentiu pressionada, bombardeada por todos os lados. Sem chance para tentar resgatar seu irmão e tentar tirar a maldita marca.

     Seu pai a olhou, uma súplica decifrada apenas por quem o conhecia. Kyara era uma delas, e entendeu o recado. Não fale nada, não comente nada. Saía enquanto há tempo. Não se meta agora. É para o seu próprio bem.

     Kyara entendeu tudo isso em apenas uma troca de olhares. Havia mais coisas em jogo naquele tabuleiro de shōgi. A garota era apenas uma das muitas peças envolvidas nesse jogo.

• | A Menina do Clã Inimigo | • EditandoOnde histórias criam vida. Descubra agora