Analú
Eu não tinha palavras, eu não tinha o que dizer e muito menos implorar pra ele não fazer isso. Rodrigo não iria ficar apenas 5 anos preso igual o meu pai e isso me doeu muito, engoli o choro que estava travado na minha garganta quando minha mãe olhou pra mim, ela deu um sorriso triste como se já soubesse da resposta e saímos.
Queria esquecer de tudo por um tempo, aquela vontade de fumar um estava me consumindo mas eu precisava parar, pro meu bem eu precisava. Chegamos na casa da Manu e quando subimos do elevador já senti aquele cheiro de macarronada que só ela sabia fazer, no mínimo a minha mãe havia falado algo entramos e lá estava ela com aquele barrigão maravilhoso, estava com saudades. Dei um abraço apertado nela e fiquei mimando minha sobrinha pela barriga mesmo, ela se mexia toda feliz e aquilo me deixou emocionada. Almoçamos todas juntas e minha mãe iria voltar para o Rio, estava no meu quarto tirando as coisas da mala quando ela entrou.Mia: filha – bateu na porta e abriu –.
Analú: oi mãe.
Mia: já estou indo, você vai ficar bem?
Analú: vou sim mãe – dei um sorriso para ela não se preocupar – vou cuidar bem da Manu e da nossa bebezinha.
Mia: vamos nos falando tá? – ela se aproximou e me puxou para os seus braços – você me liga há qualquer momento – falou baixinho e abracei ela forte –.
Analú: Te amo mãe, vou ficar bem – olhei pra ela e sorrimos –.
Acabei dormindo durante o dia, estava cansada aquele lugar era tenso e não saia da minha cabeça, a voz de Rodrigo ficava buzinando o tempo todo. Abri os olhos depois de um pesadelo com ele lá dentro, estava suando de tanto calor que fazia no Rio, Manu abriu os olhos e estava com um olhar preocupado.
Manu: Mana, esta tudo bem?
Analú: sim, só um pesadelo – fiz um coque no cabelo – e vocês duas? –dei um espaço pra ela sentar na cama –.
Manu: estamos bem – acariciou sua barriga –.
Analú: e o nome? Ainda não me falou.
Manu: Helena? Acho tão lindo – rimos –.
Analú: é perfeito – passei a mão em sua barriga e Bruno chegou –.
Bruno: e ai pivete.
Analú: ih, chegou o tormento do seu pai neném – ela deu alguns chutes ao ouvir a voz dele e rimos –.
Eles me chamaram para jantar fora mas não estava muito afim, precisava ir ver a Bia antes que ela enfartasse, marcamos de ir correr no calçadão já que estava uma lua linda. Tomei um banho rápido e coloquei uma roupa de malhar, vesti meu tênis e fiz um rabo de cavalo frouxo, tranquei o AP e desci para esperar Bia, quando ela me viu correu pra me abraçar.
Analú: quem vê pensa que faz um século que não me vê – rimos –.
Bia: cara, tu fez falta sua pivete.
Começamos a correr e conversar, contei pra ela como foi. Bia percebeu o jeito que eu estava e amava ela por me respeitar em não opinar por nada, já estava pingando de suor quando paramos em um quiosque próximo para tomar uma água de coco.
Bia: hoje podemos descansar – deu um gole na sua água – mas amanhã não perdoo, sexta-feira vamos pra balada e não aceito não como resposta.
Analú: não tô afim – falei olhando fixo para o mar –.
Bia: eu não vou deixar você cabisbaixa por causa do Rodrigo – fez uma pausa – eu sei o quanto tu gosta e esta sentida com isso mas não é justo com você Ana.
Analú: vou fazer direito – olhei pra ela – vou me formar em advocacia e vou tirar ele de lá –.
Bia: faça por você e não por ele, tu merece mais.
Aquelas palavras dela ficaram repassando na minha cabeça o tempo todo “faça por você” “faça por você” mas eu estava com tanta raiva dele e de toda a situação, talvez se não tivesse minha mãe metida no meio nada seria assim. Fui pagar nossa conta e Bia estava na entrada do quiosque conversando com um pessoal, quando saí meu olhar foi direto em Victor... ele abriu um sorriso e eu corei na hora, odiava o jeito que ele me deixava com vergonha já que eu não sou assim.
Victor: olha só – foi em minha direção e me cumprimentou, retribui na hora –.
Analú: falei que eu iria voltar.
Victor: estava te esperando – ele falou tão baixo que mal pude ouvir, abri o sorriso e percebi os olhares pra nós dois – pessoal, essa é a Analú – ele me olhou – esse é o pessoal da faculdade – apontou pra cada um – Daniel, meu irmão tu conhece – ele riu – Dara, minha irmã – ela revirou os olhos – Paty e o Vini.
Analú: prazer – falei sorrindo –.
Vini: o prazer é todo meu Analú – pegou minha mão e deu um beijo, apenas ri da cara que Victor fez –.
Bia: bom, vamos – ela falou algo baixo para Daniel e ele deu um sorriso malicioso, preferi não ouvir, me despedi de todos e Victor me deu um beijo no rosto e acariciou meus cabelos –.
Victor: posso te ligar mais tarde?
Analú: não sei se deve – rimos –.
Victor: aé? E porque?
Analú: porque eu sou um problema, na verdade um problemão.
Victor: e tu acha que eu me importo?
Analú: sou um erro – olhei pro mar e dei um sorriso triste, o mesmo tirou a mexa que havia caído e colocou atrás da orelha –.
Victor: nem todo erro é errado – falou baixo em meu ouvido e senti borboletas em meu estômago –.
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Nem todo erro é errado ||
Fiksi RemajaEscritora: Ju Rabetão • Respoansável pela história: Letícia Capa: sophiadelrey • +16 | Após passar 2 anos, algumas coisas mudaram, Manu e Bruno seguem uma vida bem independente só os dois no Rio de Janeiro e estão ansiosos com a chegada de Analú, i...