Capítulo 16

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Analú

Eu não tinha palavras, eu não tinha o que dizer e muito menos implorar pra ele não fazer isso. Rodrigo não iria ficar apenas 5 anos preso igual o meu pai e isso me doeu muito, engoli o choro que estava travado na minha garganta quando minha mãe olhou pra mim, ela deu um sorriso triste como se já soubesse da resposta e saímos. 
Queria esquecer de tudo por um tempo, aquela vontade de fumar um estava me consumindo mas eu precisava parar, pro meu bem eu precisava. Chegamos na casa da Manu e quando subimos do elevador já senti aquele cheiro de macarronada que só ela sabia fazer, no mínimo a minha mãe havia falado algo entramos e lá estava ela com aquele barrigão maravilhoso, estava com saudades. Dei um abraço apertado nela e fiquei mimando minha sobrinha pela barriga mesmo, ela se mexia toda feliz e aquilo me deixou emocionada. Almoçamos todas juntas e minha mãe iria voltar para o Rio, estava no meu quarto tirando as coisas da mala quando ela entrou. 

Mia: filha – bateu na porta e abriu –.

Analú: oi mãe.

Mia: já estou indo, você vai ficar bem? 

Analú: vou sim mãe – dei um sorriso para ela não se preocupar – vou cuidar bem da Manu e da nossa bebezinha. 

Mia: vamos nos falando tá? – ela se aproximou e me puxou para os seus braços – você me liga há qualquer momento – falou baixinho e abracei ela forte –.

Analú: Te amo mãe, vou ficar bem – olhei pra ela e sorrimos –.

Acabei dormindo durante o dia, estava cansada aquele lugar era tenso e não saia da minha cabeça, a voz de Rodrigo ficava buzinando o tempo todo. Abri os olhos depois de um pesadelo com ele lá dentro, estava suando de tanto calor que fazia no Rio, Manu abriu os olhos e estava com um olhar preocupado. 

Manu: Mana, esta tudo bem? 

Analú: sim, só um pesadelo – fiz um coque no cabelo – e vocês duas? –dei um espaço pra ela sentar na cama –.

Manu: estamos bem – acariciou sua barriga –.

Analú: e o nome? Ainda não me falou. 

Manu: Helena? Acho tão lindo  – rimos –.

Analú: é perfeito – passei a mão em sua barriga e Bruno chegou –.

Bruno: e ai pivete.

Analú: ih, chegou o tormento do seu pai neném – ela deu alguns chutes ao ouvir a voz dele e rimos –.

Eles me chamaram para jantar fora mas não estava muito afim, precisava ir ver a Bia antes que ela enfartasse, marcamos de ir correr no calçadão já que estava uma lua linda. Tomei um banho rápido e coloquei uma roupa de malhar, vesti meu tênis e fiz um rabo de cavalo frouxo,  tranquei o AP e desci para esperar Bia, quando ela me viu correu pra me abraçar. 

Analú: quem vê pensa que faz um século que não me vê – rimos –.

Bia: cara, tu fez falta sua pivete. 

Começamos a correr e conversar, contei pra ela como foi. Bia percebeu o jeito que eu estava e amava ela por me respeitar em não opinar por nada, já estava pingando de suor quando paramos em um quiosque próximo para tomar uma água de coco. 

Bia: hoje podemos descansar – deu um gole na sua água – mas amanhã não perdoo, sexta-feira vamos pra balada e não aceito não como resposta. 

Analú: não tô afim – falei olhando fixo para o mar –.

Bia: eu não vou deixar você cabisbaixa por causa do Rodrigo – fez uma pausa – eu sei o quanto tu gosta e esta sentida com isso mas não é justo com você Ana. 

Analú: vou fazer direito – olhei pra ela – vou me formar em advocacia e vou tirar ele de lá –.

Bia: faça por você e não por ele, tu merece mais. 

Aquelas palavras dela ficaram repassando na minha cabeça o tempo todo “faça por você” “faça por você” mas eu estava com tanta raiva dele e de toda a situação, talvez se não tivesse minha mãe metida no meio nada seria assim. Fui pagar nossa conta e Bia estava na entrada do quiosque conversando com um pessoal, quando saí meu olhar foi direto em Victor... ele abriu um sorriso e eu corei na hora, odiava o jeito que ele me deixava com vergonha já que eu não sou assim. 

Victor: olha só – foi em minha direção e me cumprimentou, retribui na hora –.

Analú: falei que eu iria voltar.

Victor: estava te esperando – ele falou tão baixo que mal pude ouvir, abri o sorriso e percebi os olhares pra nós dois – pessoal, essa é a Analú – ele me olhou – esse é o pessoal da faculdade – apontou pra cada um – Daniel, meu irmão tu conhece – ele riu – Dara, minha irmã – ela revirou os olhos – Paty e o Vini. 

Analú: prazer – falei sorrindo –.

Vini: o prazer é todo meu Analú – pegou minha mão e deu um beijo, apenas ri da cara que Victor fez –.

Bia: bom, vamos – ela falou algo baixo para Daniel e ele deu um sorriso malicioso, preferi não ouvir, me despedi de todos e Victor me deu um beijo no rosto e acariciou meus cabelos –.

Victor: posso te ligar mais tarde? 

Analú: não sei se deve – rimos –.

Victor: aé? E porque? 

Analú: porque eu sou um problema, na verdade um problemão. 

Victor: e tu acha que eu me importo? 

Analú: sou um erro – olhei pro mar e dei um sorriso triste, o mesmo tirou a mexa que havia caído e colocou atrás da orelha –.

Victor: nem todo erro é errado – falou baixo em meu ouvido e senti borboletas em meu estômago –.

Nem todo erro é errado ||Onde histórias criam vida. Descubra agora