Chances.

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Por que doía tanto? A sensação era horrível, como se algo estivesse comendo-o vivo. Tudo em si ardia de forma desumana e a falta de luz tornava impossível definir qualquer coisa. Seu rosto... ele não sentia seu rosto. A única coisa que ele sentia era o ardor, a queimação que não pertencia apenas ao fogo.

Onde estava mamãe? Por que ela não estava o ajudando?

Dói, dói, dói, dói, dói, dói, dói...

Mamãe, mamãe, mamãe, mamãe, mamãe, mamãe, mamãe...

Dói tanto mamãe... socorro, por favor...

Apenas vagamente era capaz de ouvir uma voz desesperada, gritando enquanto algo parecia se partir. A dor em sua garganta indicava que aquela voz era a sua.

O calor ao seu redor tornava-se cada vez mais insuportável e ele perguntou-se quanto tempo mais resistiria antes de finalmente sucumbir. Quanto mais teria que aguentar? Onde estava mamãe? Mamãe...

Seu corpo não percebeu o momento exato em que foi içado para fora do lugar em que estava. A única coisa que poderia sentir, não pode dizer exatamente quanto tempo depois, era a suave brisa que acalmava sua pele mesmo que as bolhas nela tornassem o toque persistente doloroso.

Incapaz de julgar a situação de qualquer forma ele apenas engasgou enquanto tentava respirar, apesar o ar estar intragável.

"Apenas aguente um pouco mais." Disse uma voz que, ele sabia, não era a sua. Não era a voz de mamãe... Talvez fossem anjos, pensou com o pouco de diversão que lhe restava. Anjos da morte, chegando a ele quando até a vida desistira de sua existência. Isso explicaria, pelo menos, por que mamãe não responderia.

O inferno continuava queimando, mesmo depois que partiram dali.

A crueldade em meu mundo (o amor sob suas pálpebras).Onde histórias criam vida. Descubra agora