A crueldade em meu mundo (o amor sob suas pálpebras).

Desejo.

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Era desagradável escutar a conversa entre os dois, pensou Izuku novamente. Como um gesto de 'boa fé' Overhaul havia permitido sua presença ali, enquanto terminava de ajustar os termos que garantiriam sua união com a Liga dos Vilões.

Overhaul, esperto como era, tentava assegurar sua união com Shigaraki e seu bando. Izuku o entendia e, por mais que lhe desagradasse essa indireta proximidade, admitia que, em seu lugar, faria o mesmo. Afinal de contas, nenhum estoque ou fórmula de drogas perfeitamente produzidas poderia superar o obstáculo de uma logística falha.

Era ali que entrava a Liga. All for One tinha deixado muitas coisas para Shigaraki antes de ir para a cadeia: dinheiro, conexões e, principalmente, aliados. Era uma grande rede que comandava pelo menos sessenta por cento do submundo. O próprio Giran, pensou Izuku com desgosto, era um dos principais trunfos do antigo líder dos vilãos.

Não era que Izuku odiasse o homem, ele não tinha motivos para isso afinal de contas. Ele apenas não podia evitar a cautela, pois, afinal de contas, era seu principal rival no negócio de informações. Durante os últimos dois anos principalmente, em que Izuku começou ativamente a trabalhar com informações, foi um verdadeiro baile para conseguir agir de forma a não entregar seus atos diretamente nas mãos dele.

Então aliar-se com a Liga era algo que Chisaki Kai necessitava. O sindicato estava pendente de recursos financeiros, os quais poderiam ser prontamente providenciados pelo próprio Shigaraki. Izuku sempre soubera que não poderia realmente impedir uma união entre os dois grupos (embora ele também soubesse que a mesma seria uma legitima dor quando ocorresse). Nesse caso em especifico, visto que a possibilidade estava tão perto de se concretizar, Izuku esperava apenas conseguir atrasar a aliança bem o suficiente.

Não era tão difícil também. Overhaul, nos últimos dias, estava ainda mais obcecado com os rumos da fabricação de sua nova droga. Se as estimativas fossem exatas, era questão de menos de um mês antes que a formula estivesse completa e ele declarasse sua própria guerra (Izuku não era ingênuo o suficiente para achar que aquilo, em qualquer situação, terminaria com um aperto de mãos).

Falando francamente, Izuku estava lidando com uma bomba relógio com detonador quebrado em meio a um campo de guerra. Yeah, era difícil. Sua principal esperança era que, novamente, algo acontecesse entre ambos ali (Izuku tinha as chances ao seu favor, conhecendo ambas as bestas orgulhosas) lhe garantindo mais alguns dias.

Do outro lado da parede, o informante escutava palavra por palavra que ambos diziam sem demonstrar algum interesse real por elas. Afinal de contas, que bem lhe traria escutar toda a informação que ele poderia facilmente conseguir por conta própria? Suas principais preocupações no momento, ao invés disso, era conseguir delimitar uma boa rota de saída para o dia em que, finalmente, tivessem que sair às pressas dali.

Sem querer se gabar, mas Izuku possuía uma sólida rede de informação, que ia muito além de Touya e Shou poderiam imaginar. Cada dado ou palpite, não importa a complexidade que possuísse, sussurrado de Kyushu a Saga, tinha um jeito de chegar aos seus ouvidos. Independente do que acontecesse ali, Izuku saberia.

Mas não era isso que o mantinha naquele estranho complexo subterrâneo. Os objetivos de Izuku, naquela tarde, tinham muito pouco a ver com qualquer coisa sendo tratada do outro lado da porta, embora ele admitisse que isso era absolutamente importante para ele. Izuku apenas trataria de se preocupar com isso outra hora. A preocupação atual de Izuku tinha seis anos, provavelmente traumas para toda uma vida e chorava trancada em alguma sala ali.

E Izuku iria encontrá-la.

Yeah, mais um dos motivos que ele odiava o fato de estar ali sozinho. A cópia da planta daquele exato lugar que Izuku havia 'conseguido' há algum tempo lhe dava informações o suficiente para manobrar pelos corredores sem dar de cara com nenhuma das paredes. Estar ali na semana anterior, mesmo com Shou presente, lhe mostrou como o que ele provara havia sido exato e preciso e como ele poderia confiar nas distancias que Shou o ajudara a decorar desde então. Agora ele tinha o objetivo e o trajeto, precisando apenas de uma desculpa.