Explicações. Resultados imprevistos.

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Aizawa Shouta entrou em sua sala naquela manhã e foi recebido pelo caos costumeiro. Não parecia, pensou consternado, que esses mesmos estudantes haviam sido atacados por vilões a apenas alguns dias.

Olhando ao redor, para os vinte adolescentes enérgicos em sua turma, Shouta encontrou brevemente o olhar de Shinsou Hitoshi. O menino parecia querer lhe dizer algo, percebeu. Mas primeiras coisas primeiro.

Observando a bagunça, causada pelos estudantes que ainda não haviam conseguido notar a sua presença, Shouta distraidamente enrolou a cartilha que carregava em mãos em formato cilíndrico e a bateu com força sobre o tampo de sua mesa para ver se, assim, conseguia finalmente chamar a atenção.

O efeito foi imediato.

"Pensei que a essa altura já haviam aprendido a fazer menos barulho, ou até mesmo a parar de perder tempo." No canto de seus olhos pode vislumbrar como Uraraka se encolheu ao olhar para ele e Shouta sentiu-se vagamente culpado, lembrando-se de seu lamentável estado na USJ. Era horrível que crianças tivessem que ver algo como aquilo tão cedo, por mais que estivessem ali justamente para prepararem-se para aquele tipo de situação.

"Antes de começar as aulas de hoje eu devo dizer..." Continuou falando, seu tom de voz mais brando agora que o foco de todos os presentes estava nele. "Sinto-me orgulhoso de que todos saíram sem se ferir durante o ataque. Embora, Yoarashi, por favor, seja menos irresponsável quando for usar seu Quirk sim? Aquelas pedras poderiam ter atingido não apenas os vilões, mas também seus colegas."

"Sim Aizawa-sensei. Lamento ter sido um inconveniente e prometo que isso não acontecerá novamente!" O excesso de energia daquele garoto parecia contrastar diretamente com a falta da própria em Shouta, que era sustentado pela cafeína mais dias do que não. O professor apenas suspirou e voltou a olhar para frente da sala.

"Bakugou... você fez bem em ouvir por uma vez."

"Que seja. Não é como se pudesse ter feito muito além de atrapalhar." resmungou o referido enquanto se encolhia contra a própria cadeira. Os dedos do menino estavam travados nas mangas do blazer, contorcendo-se em seu disfarce de braços cruzados. Em sua face algo que parecia com um rubor, mesmo que fraco, saltava para os olhos de Shouta.

(Ele estava realmente envergonhado?)

"Quanto a você Iida..." Dito estudante levantou-se de sua cadeira a escutar o próprio nome, lembrando um soldado, como o bom representante de classe que era. "Seu desempenho ao escapar e trazer ajuda rapidamente foi de vital importância para a segurança de todos os envolvidos. Você fez muito bem."

"Muito obrigado Sensei!" O orgulho de ter a sua ação reconhecida escorria na voz do menino. "Mas eu apenas consegui isso pelo excelente trabalho de meus colegas, como Shinsou-kun e Ashido-kun em distrair o vilão para que eu pudesse realizar a minha retirada. Penso que, em vista de situações como essa, seria ainda mais benéfico que a turma focasse em exercícios práticos de como agir em conjunto para situações emergenciais , visto que..."

"Ok, já entendemos seu ponto. Sente-se novamente, por favor, que eu quero começar a aula agora." Como instruído o garoto instantaneamente voltou para seu lugar. (Shouta perguntava-se de onde saia todo o entusiasmo desses adolescentes.)

"Sensei?" Asui Tsuyu levantou a mão, chamando sua atenção. "Aquele garoto, que apareceu no final ele era..."

O ambiente, que começava a ser preenchido por pequenas conversas e sussurros, ficou quieto e tenso novamente no instante em que a menina tocou no assunto. Por um mísero momento, Shouta considerou a possibilidade de trocar o tema da conversa, mas o refutou no mesmo instante.

A crueldade em meu mundo (o amor sob suas pálpebras).Onde histórias criam vida. Descubra agora