Apenas a nossa estrada é necessária (pelo menos, por enquanto...)

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Estava entediada (leia-se 'tive tempo') e acabei por ter um cap novo paa postar! Estou adorando o ritmo preguiçoso da narativa, então vamos prosseguir nele por mais um tempinho.

Sem mais delongas, espero que gostem.


-390:

A sociedade seguia em frente de todas as formas que podia.

Em becos e esquinas pessoas ainda eram assaltadas ou ameaçadas de morte.

Em casas velhas e acima de qualquer suspeita crianças ainda tremiam de medo vendo a mãe apanhar do pai enquanto lhes protegia.

Em vielas diferentes das já conhecidas, pessoas trocavam o pouco que tinham pela ilusão daquilo que nunca teriam.

Era a vida seguindo em frente, falha e imperfeita, mas mesmo assim necessária.

Alheia a tudo isso, entretanto, em meio a seu pequeno e praticamente subterrâneo apartamento, uma família de quatro pessoas comia cereais sobre o sofá da sala enquanto assistiam clássicos infantis. Recém instalados, depois da chegada do mais velho de todos, Izuku poderia ouvir como Shouto zapeava entre canais antes de finalmente parar naquele que parecia conter as musicas mais animadas e cenas mais legais. (Izuku não saberia, embora ele sentisse que já havia assistido aquilo algum dia.)

O sofá nunca pareceu tão pequeno. A paz há muito tempo não era tão grande.

A única diferença entre todos era o livro que o menor dos garotos tinha ao seu lado, esperando ansiosamente para ser lido quando suas mãos estivessem livres. Pelo ambiente as risadas suaves e tímidas da pequena menina de seis anos poderiam ser escutadas enquanto assistia a maratona de Bon Esponja passada por um canal aleatório.

E como aquilo era profundamente gratificante!

Foi uma semana antes que a menina sentisse-se segura o suficiente para parar de esconder sua presença pelos cantos de seu apartamento ou mesmo no pequeno quarto que os três jovens conseguiram providenciar para ela (Touya, por incrível que parecesse, ou talvez não, o mais entusiasta em deixá-lo o mais confortável possível). Agora, quase um mês após sua chegada, a menina embora ainda tímida, conseguia se expressa um pouco mais claramente, menos hesitante, enquanto se acostumava com sua nova vida.

Surpreendentemente, o vinculo entre ela e o mais velho dos quatro se solidificou, Deixando de se uma educação hesitante, para se tornar uma verdadeira amizade fraterna com o passar dos dias e fazendo com que Izuku e Shouto, mais vezes do que não, a encontrassem na calma companhia de Touya, fazendo qualquer coisa. Eles entendiam, entretanto, Touya tendo sido o suporte para ambos também.

Mas não deixava de ser divertido, mesmo assim, encontrar um dos maiores "vilões" de sua sociedade babando ovo em cima de uma pequena menina, tratando-a como uma Ojou-sama. Ao mesmo tempo, era gratificante ver como Eri, mesmo com tudo que tivesse vivido, pudesse ver sob a máscara de indiferença e as cicatrizes de Touya, encontrando o jovem que o mundo foi impedido de conhecer.

Para isso, Izuku seria eternamente grato a aquela menina.

Isso trouxe a Izuku memórias agridoces da época em que, com essa mesma idade, ele repetia a mesma rotina fácil de apego e admiração com seu... amigo. Se ele parasse para se concentrar, quase poderia escutar a voz feliz de sua mãe elogiando tanto ele quanto Katsuki por seu bom comportamento...

(Os arranhões e queimaduras nessa época ainda eram poucos. Palavras não poderiam machucar enquanto não estivessem sendo ditas e acontece que desenhos animados são a melhor forma de distrair uma criança.)

A crueldade em meu mundo (o amor sob suas pálpebras).Onde histórias criam vida. Descubra agora