A crueldade em meu mundo (o amor sob suas pálpebras).

Partindo daqui.

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Graças a Kurogiri, e a um dos Quirks de All for One, o esquadrão de vanguarda da Liga havia conseguido escapar da prisão eminente para o eterno agradecimento de Shouto. Não era que ele se preocupasse com Toga, Twice, ou pelo amor de Deus, Shigaraki. Não. Shouto não dava a mínima para aquelas pessoas, por mais estranho ou entristecedor que isso pudesse parecer. O que passava por sua mente era seu irmão.

Ver nas notícias, mesmo na rua, que seu irmão poderia não mais o encontrar em casa, pois os heróis haviam o encontrado antes deixou Shouto num estado de raiva desesperada, completamente tentado a voltar para o bar e arrastar Touya de lá.

Mas ao invés disso Shouto correu para casa, temendo que a polícia tivesse a encontrado em meio a suas investigações. Por mais importante que Touya fosse, por mais que metade dele gritasse para largar tudo e ir até seu irmão, outra parte igualmente enraivecida o puxava desesperadamente até em casa. A pequena família não poderia, sob hipótese alguma, perder sua localização, afinal de contas.

Sim o velho apartamento era praticamente inalcançável sob metros e metros de túneis e desvios, estando em uma parte da cidade que nem os mais corajosos e aventureiros sabiam que existia, praticamente no subterrâneo. Nada no exterior demonstrava a sua existência, estando escondido sob camadas e mais camadas de maus tratos e desleixo. Isso, em um lugar já conhecido por sua aparente 'morte' era apenas uma pequena parte da soma que o integrava tão naturalmente ao ambiente.

'Se você quer esconder uma árvore, que seja em uma floresta' era o argumento que Izuku utilizou no ato de escolherem sua localização e, até então, havia se mostrado uma decisão acertada. Quando antes ele e Touya precisavam mudar-se constantemente entre poucos meses, devido ao fato de serem rastreados por Endeavor, agora sua localização estava beirando o aniversário de dois anos e finalmente se tornando um lar.

E mesmo assim Shouto temia chegar lá para encontrar tudo vazio e revirado, um mandato de prisão o aguardado e todos seus itens tomados. Frenética não era capaz de definir a velocidade com que ele atravessou os becos e cruzamentos inóspitos daquela região que, orgulhosamente, nem heróis subterrâneos haviam conseguido mapear ou identificar até então.

Ver o prédio, então, completamente desprovido de movimentação e ostentando apenas sua velhice desanimadora o acalmou, embora soubesse que isso não era garantia de nada. Apenas ao constatar que realmente não estava sendo seguido ou que havia algum cerco na região ele se permitiu se aproximar da porta. Parte de Shouto tentava tranquilizá-lo, dizendo que Izuku não havia entrado em contato e, como tal, não havia nada para se preocupar. Outra parte insistia que os heróis poderiam simplesmente ter chegado a seu doce Izu antes do que ele.

Esse fracasso era algo que Shouto nunca poderia aceitar.

Por isso, foi com alivio que ele constatou como tudo estava no lugar ao chegar, a segurança continuava firme e nem uma alma havia descoberto seu pequeno paraíso. A vegetação estrategicamente colocada em alguns locais não havia sido mexida, sinal mais do que claro que ninguém havia entrado ou chegado a pelo menos cem metros da entrada.

Izu o recebeu com um quente abraço, chá de camomila, a velha manta do sofá e um resoluto "ele vai ficar bem." Era impossível duvidar de Izuku quando ele usava aquele tom, afinal de contas. Era a resolução e confiança de Izu que o sustentavam e, mais uma vez, Shouto teve aquele par de braços para desmoronar em segurança.

Então ele pode prestar atenção nas notícias, pela sua própria TV. Shouto viu, com alivio, como Bakugou Katsuki desaparecia da cena logo que começou a ser gravada. Ele viu como All For One forçava o Quirk de Kurogiri para longe, com um dos seus, abrindo uma rota de fuga para a Liga em plena rede nacional, zombando dos heróis presentes ali.