Águas turvas (apenas mudam de mar...)

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Estamos chegando a um final dessa fanfic... um deles pelo menos. 

A partir daqui eu vou voltar para o estilo inicial dela. Provavelmente capítulos mais curtos com um bom hiato de tempo entre eles. 

Espero que tenha ficado bom, a vida universitária e trabalhista está me matando...



-403

A próxima vez que Sir acorda é para o bip irritante do suporte vital, o pouco confortável colchão da cama de hospital e o branco irritante do gesso. Ele pode sentir as agulhas em seu braço e também a máscara em seu rosto permitindo-o (leia-se obrigando-o) respirar. Mesmo com um tubo enfiado em suas narinas, entretanto, ele poderia sentir o forte e adstringente cheiro dos anti-sépticos bem como o irritante fundo de água sanitária...

Tudo chato demais para estar morto.

De longe ele pode escutar como a frequência dos sons produzidos pelo monitor aumentava, o que pode justificar-se como sendo o monitor de seus batimentos cardíacos.

Ele estava, de fato, vivo então (embora nada nele realmente se sentisse assim).

Contrariando a si mesmo e todo seu destino Sir Nighteye vivia sobre uma cama de hospital, sua mente vazia e imaculada tal qual um novo e branco lençol. Ele não era mais capaz de sentir o eco em sua mente que significava o 'carregamento' ou latência de seu quirk ou nem mesmo o formigamento produzido por sua ansiedade em interpretar toda aquela informação. No lugar apenas o vazio de não ser capaz de perceber nada.

Sir estava vivo = Sir havia perdido sua previsão.

(Sir nunca se sentira tão traquilo. Saber que nunca mais veria a morte de ninguém, nunca mais teria de lidar com o conhecimento da tragédia eminente sem poder mudá-la por si mesmo.)

Ele, tão poderoso Sir Nighteye, havia sido provado errado por uma das pessoas mais estranhas possíveis, o menino que alterara sua morte sem nem mesmo tentar, dando a ele uma chance que não sabia merecer (ou mesmo querer, para esse assunto) de se juntar e continuar.

De recomeçar e resolver pendências.

Ele não pode ver um nome ao olhar para Kaonashi. Não pode ver um rosto nem qualquer memória. A única coisa naquele estranho futuro era escuro e areia. Lágrimas e calor. Quem era aquela criança? Pensou consigo mesmo tentando entender antes que mais alguém aparecesse na sua porta, evidenciado pela suave batida hesitante.

Havia, é claro, duas alternativas sobre quem poderia ser, ambas tão seguras que Sir... não, risque isso, que Sousaki Akihito poderia apostar seu dinheiro nelas, independente de seu quirk ou não. O que o homem não contava, entretanto, era que ambas essas pessoas o aguardavam no lado de fora.

Mirio ainda hesitava um pouco em aproximar-se do ex-herói número 1, todo o restante de glória que Yagi Toshinori preservava ainda fazendo-o brilhar como o sol. Isso queria dizer alguma coisa para o próprio agora ex-herói, Akihito pensou divertido, então, lembrando-se da última vez em que estiveram em um hospital, a situação um total 180 graus daquela em que estava, agora.

Mesmo isso, entretanto, não foi capaz de apagar seu alivio por estar razoavelmente vivo e discutivelmente bem enquanto olhava para o a quem aprendera a se afeiçoar enquanto o mesmo lhe olhava como se tivesse pendurado as estrelas no céu apenas por estar acordado.

A ele não se perdia a ironia de que justamente All Might estivesse ali para presenciar isso. O que, é claro, lhe trazia em mente ainda mais a presença de seu ex empregador nas mal cortadas calças sociais e camisa de loja de departamentos que insistia em utilizar.

A crueldade em meu mundo (o amor sob suas pálpebras).Onde histórias criam vida. Descubra agora