Capítulo 44

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Uma bebida.
Preciso de uma bebida.
Caminho rapidamente até a cozinha, abrindo todos os armários.
Vinho. Vinho. É só o que tem nessa maldita cozinha?
Uma garrafa de Whisky na última porta do armário faz eu soltar um gruindo de prazer.
O líquido escuro se derrama pelo copo e eu só consigo pensar nele. Maldito.

"Ahhh..." o som desprazeroso foi inevitável a sentir o líquido forte rasgar minha garganta.

Por que?
É a única pergunta que se passa na minha cabeça — e de todas pessoas traídas — eu lhe dei tudo, exatamente tudo.

O que faltou?
O que eu fiz de errado?

Não...

Eu não errei. Ele é o errado. O mentiroso. Imundo.

O telefone do apartamento toca, me causando um pequeno sobressalto.
Viro o copo de vez, deixando o líquido quente e amargo invadir meu corpo!

Só quero esquecer.

"Alô."

"Meu anjo..." aperto o telefone com força. E puxo todo o ar para meus pulmões.

Ouvir a voz dele, embrulhou meu estômago!

"Maite..."

Respira. O que você vai fazer? Pensa rápido. Muito rápido.

"Oi..." ah, isso foi péssimo. Oi? Você diz Oi? Ele te traiu!

"Você está bem? Está chorando? Onde você tá? Aconteceu alguma coisa?" Ele disse rápido, atropelando as palavras.

Até parece que se importa. Seu filho da puta. Hipócrita.

"Não. Não. Estou bem..." eu deveria matar você!

"Você disse que voltaria rápido, já se passou duas horas..." ele diz baixo. "Tem certeza que está bem?"

"Estou bem. Fiquei indisposta, perdão..." Muito indisposta.

"Tem certeza, amor? Eu termino as coisas aqui em duas horas e eu vou..."

"Sim. Duas horas é o suficiente."

Ele fica em silêncio por alguns segundos e ouço a batida na porta e em seguida uma voz feminina.

Rubi.

"Eu estarei ai em duas horas. Desculpe não poder ir agora, tenho uma reunião"

"Tudo bem. Demore o tempo que precisar." O mais demorado possível se puder.

"Daqui duas horas em ponto estarei ai." Ele pigarreou. "Eu te amo"

Minha voz cessou, como se tivesse presa na minha garganta. Ele mente com tanta naturalidade.

"Maite?" Sua voz me desperta.

"Até daqui a pouco."

Desligo.

Duas horas.
Duas horas.

Pensa.
Pensa Maite.

O que você vai fazer?

Duas horas.

O que você vai fazer com sua vida?
Seu emprego?

Você não tem ninguém que possa confiar.

Meu Deus... Será?

Respiro fundo e corro até meu telefone.

Você está com raiva Maite, pense... você não pode fazer isso.

Entre o amor e a vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora