Simón
Cheguei às nove em ponto no local do encontro. Olho para cima e o prédio em questão, que está tirando o sono de Ramiro, é velho e não se enquadra em patrimônio histórico. Pesquisei ontem sobre ele e parece que a prefeitura também tem interesse sobre o prédio. Todo o terreno ao redor já foi comprado pela Orfeu e agora estamos tentando fechar todo o quarteirão para vender a um único cliente.Mas com esse trambolho aí no meio, fica difícil.
Aperto o interfone velho e sujo e espero a conhecida voz de gralha atender.
— O que é? — Ela berra.
— Oi, senhora Mara, sou o cara da Orfeu, te liguei ontem.
— Suba. — O portão de ferro antigo destrava e eu entro. A escada é escura e fede a mofo. Tem rachaduras na parede e precisa urgente de uma reforma. Se ela não aceitar o acordo milionário, vamos ter que denunciar para a vigilância civil.
Bato na porta da casa, ela abre com um puxão uma vez que é uma porta emperrada e eu vejo a mulher pela primeira vez. Aparenta ter uns quarenta anos. É um pouco gorda, tem cabelos pretos fartos e encaracolados e usa óculos de grau. Ela olha para mim de cima a baixo antes de me deixar passar.
Todavia, tomo um espanto quando vejo quem está sentado no sofá. Benicio, noivo de Ámbar. Ele também se levanta perplexo ao meu ver e posso ter certeza que a única coisa que compartilhamos em pensamento não é nada em relação ao imóvel e sim a uma mulher que ele dividiu comigo. O que veio na minha mente foi: “Olha o noivo da mulher que fiz sexo”. E ele com certeza deve ter pensado: “Olha o cara que fez sexo com minha noiva”.
— Esse é meu advogado. — Mara grasna. — Quer beber alguma
coisa?
— Um café, Mara. — Benicio pede e mostra uma cadeira para eu me
sentar. Ela sai e eu me sento, sem piscar, o encarando ainda perplexo.
— Então está no caso? — Me pergunta antes de eu abrir a boca.
— Tudo aqui ao redor é da nossa empresa. Escuta, vai mesmo fazer dessa transação um caso de justiça? — Mostro em uma careta o quanto estou incrédulo.
— Sim. Minha cliente não quer se desfazer do imóvel, é direito dela.
Só espero que ele não seja um advogado muito bom, a Orfeu já está tendo sufoco em conseguir essa negociação, com advogado pelo meio as coisas ficarão quase impossíveis para nós.
Decido fazer meu jogo. Agora tenho que derrubá-lo para chegar em Mara.
— Benicio, eu e você sabemos que ela vai ter que ceder em algum momento. Tenho um contrato aqui bem gordo, o triplo que foi oferecido anteriormente.
— De qual montante estamos falando? Me ajeito na cadeira antes de falar:
— Cinco milhões.
— Putz.
— E isso aqui não vale mais de dois milhões. Você e ela sabem.
Ele olha para ver se Mara está vindo, se arrasta para a outra ponta do sofá ficando mais próximo de mim.
— Escuta, cara, preciso ganhar esse caso. Estou passando por um teste e, se eu ganhar, poderei ser associado em uma firma famosa.
— Não tenho nada a ver com isso. O caso é da minha empresa. E se ela não aceitar essa última oferta, a Orfeu entrará com uma denúncia na defesa civil. Ela perderá o imóvel e o compraremos apenas por um milhão.
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A Dama de Copas
RomanceSimón me segurou em seus braços e me beijou de uma forma que não tínhamos beijado antes. Havia mais que o fogo costumeiro. Eu me senti mais que confortável em seus braços enquanto ele se aprofundava, saía e tornava enterrar de maneira macia e muito...