Capítulo 43 - É agora ou nunca

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Ámbar


— Chegou a sua vez. — A cerimonialista fala comigo e eu saio de dentro do carro. Há uns dois fotógrafos de revistas que foram convidados por meus agentes, para publicarem sobre o casamento.

O coração aos pulos, o nervosismo me toma por completo e não de uma forma boa, aquele tremor gostoso que noivas devem sentir. O meu estremecimento e o furacão no estômago são mais de arrependimento antecipado. Não é isso que quero para mim, mesmo que seja pelos próximos seis meses apenas. E mesmo que Benicio tenha me dito que eu poderei ficar com quem quiser, que isso inclusive o excita, não consigo ficar em paz comigo mesma, ao contrário. Acho bizarro o futuro marido dizer isso a sua futura esposa.

Meu pai estende a mão para mim e o brilho dos seus olhos me faz fraquejar. Eu estava prestes a sair correndo à la Julia Roberts em Noiva em Fuga. Mas isso acabaria com meu pai. Meu coração se parte e eu entrego minha mão para ele. Sua felicidade me dá ânimo de continuar.

— Você é a noiva mais linda do mundo. — Ele fala pela milésima vez e eu o abraço.

— Obrigada, pai. Estou muito feliz que o senhor esteja aqui, vendo esse momento.

— Eu sobrevivi para isso.

Me posiciono com ele, dois homens abrem as portas da capela e entramos. Todos se levantam para me receber e a marcha nupcial entoa vinda de um órgão instrumental da própria igreja.

A minha frente Benicio sorri e eu não consigo retribuir. Sinto meu rosto paralisado. Engulo seco, continuo andando quase sem piscar.

Pedro está ao lado de Delfi e da namorada de Matteo. Em outro momento eu estaria rindo por ele ter escolhido ficar no lado das madrinhas, enquanto Nico ocupa o lado dos padrinhos.

Chego até Benicio, ele me recebe com um beijinho na testa e nos posicionamos de frente ao padre para darmos início à celebração.

Ele fala muitas coisas que minha mente não consegue assimilar, uma vez que parece que minha alma não está presente.

O que eu estou pensando enquanto estou ao lado do meu noivo em frente ao padre prestes a trocar promessas?

Em Simón em cima de mim, enquanto estou amarrada na cama.

Nem era para eu estar me casando em uma igreja sabendo que o casamento tem validade, mas é o sonho do meu pai, então se for para realizar, que seja por completo.

— Benicio, é de sua livre e espontânea vontade se casar com Ámbar?

— Sim. — Ele responde de imediato.

— Ámbar, é de sua livre e espontânea vontade se casar com Benicio?

Engulo seco, troco um olhar rápido com Pedro e Delfi, estes completamente apreensivos, olho para meu pai e, quando abro a boca para responder, ouço algo. Na verdade, todos ouvem. Um barulho infernal de sirenes vem se aproximando e logo ficamos em alerta.

— Ámb... — Benicio chama minha atenção. Volto a olhar para ele e, apesar do susto de todos, o padre deve prosseguir e ele torna a perguntar:

— Ámbar, é de sua livre e espontânea vontade se casar com Benicio?

As sirenes estão muito próximas e de repente um barulho alto faz todos sobressaltarem esperando pelo pior; como alguma coisa caindo no chão e arrastando, algo como um veículo topando, ou uma moto caindo. Inclusive, posso discernir o barulho de motor ligado.

Algumas pessoas correm para ver e todo mundo permanece parado olhando fixamente para a porta. Até que ele entra correndo como um louco.

Ah, meu Deus!

Simón para no meio do corredor. Muita gente se levanta com medo, achando que pode ser um bandido que está em fuga da polícia.

— Tudo bem. Eu o conheço! — Grito para tentar acalmar o pessoal antes que forme um tumulto.

Simón vem andando rápido até mim.

— Simón! Pare com isso! — Imploro aos gritos antevendo o pior, mas ele nem liga. — Matteo! — Chamo o meu irmão para impedir uma catástrofe, tarde demais. Simón já está quase levantando Benicio pelo colarinho.

— Simón, por favor, escute, olhe para mim. — Continuo pedindo agarrada a seu braço, e Matteo tentando fazê-lo soltar o noivo. Benicio com os olhos saltados apenas tenta se libertar, inutilmente.

— Eu não pude dar tudo que ela merece. — Ele rosna alto. — Você vai jurar perante todos que vai dar tudo de si para fazer Ámbar feliz. Se um dia eu souber que a fez sofrer, eu juro que acabo com sua raça, porque o homem que ganhou essa mulher deve agradecer todos os dias. — Ainda segurando no braço dele, deixo as primeiras lágrimas brotarem. Vários policiais entram na igreja gritando para Simón largar o noivo e ele larga, dá um passo para trás, olha para mim com a pior expressão de derrota que eu já pude ver e volta a fitar Benicio: — E nem precisa grandes coisas para fazê-la sorrir. Basta surpreendê-la com algumas coxinhas, elogiar o trabalho dela e compreendê-lo, amar a Xana (estou falando das duas xanas) e entender que mulher pode tudo tanto quanto o homem, inclusive comer uma sacola de pão pela manhã independente se ela é rica e pode escolher comer brioches ingleses, mas prefere mesmo pão. — Ele se volta para mim, Ramiro e Erik entram correndo na igreja e os policiais seguram as mãos de Simón para trás. Simón continua falando, em um tom mais baixo, agora, mantendo contato visual comigo: — Não deixe que ela toque em sua bunda, porque é um desafio a ser cumprido e ela gosta de tentar a façanha de conseguir. Você só tem que amá-la.

Ele não quer perder contato visual, mas os policiais o algemam e o empurram para andar pelo corredor.

— Desculpem, pessoal. — Ramiro diz cordialmente para todos. Meus pais estão assustados, mas estão bem. — Foi um mal-entendido. — Ramiro fala, acena para mim e sai seguindo os policiais. O silêncio nos abraça e eu só consigo ouvir meus batimentos. As lágrimas já descem até o queixo e percebo que nunca tinha chorado assim por esse tipo de coisa.

— Ámbar. — Benicio sussurra, mas eu nem olho para ele, desço do altar, não vendo nada, apenas a frente como meu foco.

— Por quê? — Eu grito. — Simón... Por quê? Os policiais deixam Simón se virar.

— Porque eu nunca vou conseguir ser o cara que você precisa.

Mesmo que eu queira tentar.

— Então tente... merda.

— Eu não quero te fazer sofrer algum dia, Ámb. E eu sou Simón Alvarez, alguma hora faço uma merda. Um fã deseja sempre o melhor para seu ídolo. — Ele dá um último sorrisinho e se vira deixando que o leve. Dou um passo para correr atrás, mas uma mão me segura.

É o meu irmão.

— O papai não está se sentindo bem. Não faça nada precipitado.

Olho para a porta e para um enfermeiro, que já está de plantão, medindo a pressão do meu pai. Respiro fundo e corro para perto dele, me lembrando do verdadeiro motivo para o casamento: deixar meu pai feliz e orgulhoso. É só isso que tenho que pensar.

A Dama de CopasOnde histórias criam vida. Descubra agora