Capítulo 20 - Ajudando um amigo

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Ámbar

Fiquei preocupada com Pedro. Convidei-o para ir comigo escolher um carro e ele negou. Diferente das outras vezes, eu precisava desabafar, conversar com alguém, contar como eu estou me sentindo elevada por estar tendo um caso. Com Pedro seria legal porque ele já está a par da história.

Hoje eu amanheci a mil por hora. Três dias depois e eu ainda sentia as emoções pós-Simón. E queria controlar minha facilidade de sorrir. No ensaio com o pessoal da orquestra eu estava a animação em pessoa. Parecia uma virgem tocada pela primeira vez, como diz a música da Madonna. Eu só tinha que contar para alguém e foda-se o resto.

Mas dessa vez a cobaia foi Delfi.

Eu já tinha dado uma olhada em alguns carros e Matteo tinha até me dado umas dicas sobre melhores montadoras e modelos. Eu queria algo pequeno e confortável.

Não demorou muito na concessionária, eu já havia ligado e feito o pedido, só faltava vir acertar todos os detalhes. O meu escolhido foi um Audi TT vermelho: pequeno, confortável, moderno, minha cara.

Saí de lá já dirigindo.

— Um carro novo precisa de comemoração. — Delfi propõe. — O que acha de darmos uma volta hoje à noite?

— Não sei. — Encolho os ombros.

— Por quê? Tem outra coisa para fazer?

Tenho. Transar com meu prostituto particular.

— Não. Nada.

— Então pode marcar na sua agendinha aí.

— Estou meio cansada pelos ensaios. Mas tudo bem. — Sorrio sem graça — Podemos ir e voltar às dez.

— Isso. Perfeito.

Será que às dez Simón ainda me recebe no clube? Que merda, eu estava me tornando viciada no pau do tanque indomável!

Quase desistindo, toquei pela terceira e última vez o interfone. A voz nitidamente cansada de Pedro enfim atendeu:

falar.

— Quem é?

— Sou eu, Ámbar.

— E Delfina. — Ela inclina e coloca a boca perto da minha, para

— Oi, meninas, podem subir. — O portão destrava e nós passamos. É

um prédio sem porteiros, já recomendei várias vezes que ele se mude para algo mais amplo e centralizado. Todavia, é daqueles que preferem economizar com moradia e gastar tudo em roupas de marca.

Pedro abre a porta para a gente e eu já percebo que algo não está bem. Ele não está bem. Tem olheiras profundas, um ar cansado estampa sua cara como se estivesse imerso em depressão.

— Pedro? Está tudo bem?

— Sim. — Ele se vira e sorri tentando parecer convincente. — Estou ótimo. Tem vinho, vocês querem?

— Claro. — Delfina responde, eu continuo analisando-o atentamente.

— Se acomodem, volto logo.

Tiro meus saltos e me sento em uma poltrona. Delfi ocupa o outro sofá. Quando Pedro vem com o vinho, eles dois só querem saber do meu mais novo caso de sexo. E eu estava louca para contar.

Narrei resumidamente para eles, deixando Delfi também a par de tudo e quando enfim fechei a boca ambos se entreolharam e voltaram-se para mim com expressão acusatória.

— O que foi?

— Cara, essa não é você. Se meter em disputa para ver quem é mais foda, apenas porque...

A Dama de CopasOnde histórias criam vida. Descubra agora