Capítulo 21 - Marcando um encontro

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Pedro


Eu devia ter imaginado que algo assim pudesse acontecer ao sair sozinho com Ámbar, sabendo que tem um ricaço gostosão e tarado na cola dela. O bendito apareceu e ambos, que são iguaizinhos, desapareceram. E Delfina simplesmente deve ter sido engolida pelo vaso sanitário.

Olho para minha taça, reviro os olhos e saio do bar procurando um lugar mais agradável e tranquilo onde eu possa ligar para Delfi ou chamar um táxi.

Saio do ambiente barulhento e até consigo sorrir ao me deparar com uma ala bem tranquila da boate. Tem sofás de canto, pessoas conversando tranquilamente e uma música ambiente mais suave. Não consigo distinguir o que é, mas apostaria que é a Beyoncé.

Escolho um sofá em formato de “L” e me sento. Começo a trocar mensagens com Delfi; ela disse que foi lá fora ligar para Gaston e já está voltando, para eu não sair de onde estou, para não desencontrar. Conto a ela o que Ámbar e Simón aprontaram me deixando sozinho aqui. Mas ela não parece muito interessada, pelo que deixou subentendido. Deixo-a em paz. E sem perceber, ofego dolorosamente.

— Problemas?

Olho para o lado e parece que só então noto a presença de outra pessoa no mesmo sofá que estou, só que do outro lado. Como assim?! Jurava que não tinha ninguém quando sentei.

É um homem. Confeccionado sob medida. Alto, forte, cabelos loiros cortados baixinhos, barba bem recortada e um óculos de leitura que ele acaba de tirar para me olhar. Segura um tablet e a sua frente, na mesinha, tem muitos papéis e copos vazios de chope.

Passo meus olhos pelos seus braços e suas pernas grossas.

Está em dia com a academia.

— Ah... não. Eu só... acabei ficando sozinho.

— Hum... — Ele também analisa meu corpo minuciosamente me deixando sem graça. — Levou um fora de uma namorada?

— Não. — Rio. — Vim acompanhando minhas amigas e elas desapareceram.

— Entendi. Quer um táxi, ou?...

— Não. — Aceno negativamente — Estou bem.

— Ok.

Minhas pernas travam, mas eu gostaria de levantar e sair correndo. O cara volta a olhar seu tablet. Anota algumas coisas em um papel e vira-se para mim.

— Gosto de trabalhar aqui. — Comenta. — Me divirto enquanto trabalho.

— E está se divertindo?

— Demais. Chope à vontade, homens bonitos para apreciar. — Dá uma piscadinha para mim e eu quase faleço nesse mesmo instante. Ele acaba de jogar uma indireta falando que é gay? Foi isso que entendi?

Meu olhar deve estar tão perplexo que ele assente e confirma.

— É isso aí. Esse é o melhor lugar para pegar rapazes gostosos. — Dá uma olhada para mim, meneia a cabeça e completa: — Ou garotas gostosas.

— Ah, é.

— Nico. — Arrasta-se no sofá para perto de mim e estende sua mão. Posso ver em seu pulso um relógio enorme dourado, parece rolex.

— Ah, Pedro.

— Oi, Pedro. E aí? O que busca por aqui?

— Nada. Eu só vim acompanhar minha amiga, como eu já havia dito.

— Legal. E não quer descolar nada para você?

— Descolar?

— É. — Ele ri sem graça e acaricia o queixo. — Linguajar muito arcaico? Quarenta anos chegando. — Estou tão tenso que não consigo corresponder ao sorriso dele. E tem um sorriso bonito pra caralho.

A Dama de CopasOnde histórias criam vida. Descubra agora