Capítulo 11 - Saindo por cima

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Simón


Eu podia passar uma noite conversando com Ámbar, apenas conversando, uma vez que percebi que tem caráter e não iria para a cama comigo traindo o noivo. Ou eu poderia tirá-lo do meu caminho e tentar em seguida uma aproximação com ela.

Estaria desimpedida e seria bem mais fácil agir.

Não sei se as pessoas vão conseguir entender, nem mesmo eu consigo entender, já que não é da minha personalidade agir assim; todavia quero mais que apenas conversa. Quero-a novamente na cama comigo, nua em meus braços e isso foi o combustível que usei para tomar a decisão de armar o bote contra Benicio.

Ele é um cagão. Ele não a merece, afinal na primeira oportunidade a usou como moeda de troca. E Ámbar precisava saber com que tipo de homem estava se envolvendo.

Minha ideia não foi totalmente mesquinha. Antes de querer transar com ela, sou admirador de seu trabalho. Sem falar que uma hipótese quase me tirou o sono: e se ele a oferecesse para outro? E iria acontecer, o desgraçado é um punheteiro safado e iria propor ela a ficar com outro cara para ele assistir.

Foi minha melhor decisão.

Conversei com dois funcionários do clube, contei basicamente a história e o que eles tinham que fazer. Eu só tinha que deixar Ámbar lá no bar sozinha e deixar o pau quebrar. Eles iriam conversar sobre o assunto, ela ouviria e pronto! Perfeito.

Todavia, eu também sairia queimado nessa história. Sorte que sou Simón, mestre em sedução e manipulação feminina. Vou conseguir amansá- la mais tarde, depois que a poeira abaixar.

Eu fui embora do clube assim que tive certeza que Ámbar tinha ido. Na minha casa, fumei um charuto na varanda olhando a noite e relembrando, a contragosto, momentos do meu passado. Situações que atingiram meus sentimentos porque eu fui fraco e tolo. Nunca mais voltarei a me expor tanto

por uma mulher. O sexo me basta.

A primeira coisa que um soldado aprende ao ingressar no exército é o segredo. Há coisas que o soldado morre, mas não pode falar, pelo bem do país. E com isso aprendemos a guardar segredos e sentimentos pessoais nos tornando misteriosos pelos olhos de algumas pessoas. Meus irmãos nunca souberam o que de verdade aconteceu quando eu estava na minha primeira missão fora do Brasil. E provavelmente nunca saberão.

***

— Preciso de sua ajuda. — Eu disse para Erik assim que entrei em sua sala na Orfeu no dia seguinte.

— Como sempre. — Ele se espreguiça na cadeira e estala os dedos. —

Diga.

Passo a chave na porta de sua sala e me sento diante dele.

— Cara, fiz uma coisa e Ramiro vai querer comer meu rabo se

descobrir.

— Me conte uma novidade, Simón.

— Não fode, porra. — Puxo o ar e disparo de uma vez: — Eu troquei o terreno da empresa por uma noite com uma mulher. É isso.

— Vindo de você, eu não deveria, mas estou surpreso. É o imóvel daquela vaca malcriada?

— Sim. Da Mara.

A testa dele se franze mostrando o teor incrédulo.

— Você... você transou com ela?

— Não. Claro que não. O advogado dela é noivo da Ámbar Smith e ele me ofereceu uma noite com a mulher dele para eu passar panos quentes e deixar ele ganhar a causa.

— Ah, vá tomar no seu cu, mano. — Ele se exalta, jogando as mãos para cima em um gesto de intolerância. — Fodeu nossos negócios por causa de um sonho ridículo? Se isso chegar ao conselho da empresa, nem Ramiro poderá te salvar e limpar sua cagada.

— Eu sei, porra. Claro que sei. É por isso quero que você me ajude a comprar o imóvel.

— Eu? Ajudar? Não me meta nisso.

— É, você. Quem mais aqui é o louco das aquisições que até tomou uma empresa de uma pobre mulher inocente?

— Agora ela é inocente? — Levanta a sobrancelha um tanto surpreso.

— E não é? Ou vai dizer que sua esposa é uma miserável culpada?

— Ressaltando que antes eu estava agindo certo, Nina era uma megera. Hoje é minha megera que eu amo.

— Tocante. — Desconsidero bocejando de mentira.

— O fato é que a culpa não é minha que você pensou com o pau, mais uma vez, e não priorizou sua família. Agora está aí todo se tremendo como um mela-cueca.

— Não vai mesmo me ajudar?

— Não disse que não. Mas estou saboreando o momento de poder te dar um esculacho. — Ele pega o celular, procura algo, toca na tela e leva o aparelho ao ouvido. — Vou resolver isso agora, falar com uns contatos que tenho. Os créditos serão meus.

— Ah rá! Mano! É isso aí, porra. Sabia que Erick Justiceiro não iria ficar fora dessa. — Ele ri e faz sinal para eu me calar quando começa a falar com a pessoa.

Eu fiz a melhor jogada. Fiz acordo com Benicio, fiz a noiva dele saber que tipo de homem ele é e agora ainda conseguirei comprar o prédio para deixar meus irmãos sorridentes e de bem na fita com os clientes.

Agora, vou para a segunda parte do plano: cercar Ámbar como eu já cerquei muitas mulheres e consegui. O ingresso do concerto não me parece uma má ideia agora.

A Dama de CopasOnde histórias criam vida. Descubra agora