Capítulo 36 - Uma loucura e um segredo

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Simón


Se eu for para a empresa, Ramiro vai pirar. Pelo retrovisor, olho minha boca. Tem um pequeno corte, além de um arranhão na bochecha, e meu terno rasgou no ombro.

Desgraçado. Eu quero matar aquele filho da puta. Não acredito que Ámbar está novamente dando atenção para ele. E espero que seja apenas atenção que ela está dando.

Merda, merda! Bato no volante sentindo meus pulsos vibrarem com a raiva de mim mesmo por estar furioso em quase desespero sem querer pensar que ela possa ao menos ter tocado em outro cara. Nunca achei que sentiria algo assim e até julgava e criticava homens que manifestavam esse tipo de reação. E agora eu entendo como é ruim imaginar a pessoa que a gente gosta nos braços de outro. Eu só não sei ainda lidar com essa situação.

Chego ao meu apartamento e bato a porta. Arranco meu terno, gravata e camisa ali na sala mesmo. Jogo carteira, chaves e celular na mesinha e quando estou retirando os sapatos me lembro que não estou sozinho. Emma me olha da escada.

— Ah!... Oi. — Ela gagueja.

— Oi. — Pego minhas coisas e subo para meu quarto passando por ela. Tenho que tomar um banho, me trocar e voltar urgente para a empresa. Não posso mais negligenciar meu trabalho. Termino de me despir, pronto para o banho, mas nesse instante a porta se abre e Emma espia.

— Emma! — Ainda bem que estou de cueca. Ela se mostra perdida e tímida, mas não sai. De cabeça baixa, sussurra:

— Vi que você não chegou nada bem. O que aconteceu?

Minha paciência se esgotou há muito tempo, entretanto, não vou descontar tudo nela. Emma foi, durante muito tempo, a idealização de meu sonho não cumprido, e agora volta desestabilizada precisando de ajuda. Não faz sentido eu ser rude com ela.

— Não é nada. Pode ficar tranquila.

Ela levanta os olhos e analisa minuciosamente meu corpo antes de fixar em meus olhos.

— Simón, tivemos tanto no passado, mas agora ainda não conversamos como deveria. Falar sobre tudo que ocorreu... Eu queria saber de sua vida.

— Olha, Emma, as coisas mudaram. Hoje minha vida é outra e não gosto nem um pouco de compartilhá-la. Desculpe, não é grosseria, é sinceridade.

— Sim, eu sei. Para homens é mais difícil se abrir. Eu gostaria de contar de mim. O que houve comigo. — Dá um passo em minha direção.

Que merda é essa? Meu pau está drogado? Não é possível. Semanas atrás ele já estaria saltando da cueca por ver uma loira dessa na minha frente. Agora a única coisa que sinto é apreensão com a proximidade.

— Teremos esse momento. Agora preciso tomar um banho e voltar para a empresa. Se puder dar licença...

— Você já não estava lá? — Antes de eu responder, ela emenda mais outra pergunta: — O que é isso em sua boca? — Dá mais alguns passos se aproximando de mim.

— Um desentendimento. — Toco no meu lábio. — Nada demais.

— Por causa de mulher?

— Ah...

— Vi um par de brincos na bancada da cozinha. — Ela revela. Seus olhos azuis brilham em um tom sedutor. Como eu disse para Sebastian, percebo em um olhar quando a mulher quer dar pra mim, e Emma está muito a fim de me seduzir. — Só quero te dar um conselho. — Abaixa a voz em um tom rouco intencional: — Se há outro homem brigando por ela, é porque ela não te merece. — Sua mão se ergue e toca meu braço. — Você é bonito, rico, pode ter quem de verdade te merece. Pense nisso, não se deixe fazer parte de joguinho de ego feminino.

A Dama de CopasOnde histórias criam vida. Descubra agora