Ámbar
Eu disse a mim mesma que não me importei quando acordei e Simón já tinha ido.Eu jurei para mim mesma que estava tranquila e achando a coisa mais natural do mundo. Mas a quem eu queria enganar? Xana deitada ao meu lado? Não mesmo.
Eu estava toda despedaçada por dentro, por diversos motivos e um deles era sim por ter acordado sozinha com a gata ao lado que com certeza ele colocou.
Acabei de terminar um noivado e já sinto explosões de loucura por outro homem e dessa vez é bem mais preocupante, porque com Benicio eu tinha minha sanidade intocável e bem controlada, já agora com Simón eu não consigo pensar em outra coisa que não seja ele por perto. Quero ficar conversando com ele, poder tocar em qualquer parte do seu corpo enquanto come vorazmente, poder rir de suas piadinhas ácidas e dormir juntos.
Eu até entendo completamente que ele precisou sair bem cedo, não por ter algum compromisso, mas porque deve ter sido bem pesado para ele passar uma noite na casa de uma mulher, fora de seu habitat, de seu território de domínio. Simón não deve estar diferente de mim nessa manhã e posso até sentir, em uma espécie de cumplicidade, essa fadiga que nos envolve.
— Olá, pequena. — Viro para o lado e caricio a gatinha. — Seu papai é um idiota supremo que está fazendo a mamãe pirar.
“Miau.” — Ela se espreguiça.
— Isso aí. É justamente o que vou fazer. Ou seja, nada.
Não tenho nada para fazer a não ser deixar que o destino tome conta. Eu poderia me proteger terminando tudo com ele, mas não conseguiria, em hipótese alguma eu farei isso num momento que a única coisa que me interessa é transar com ele.
Após tomar um banho e um café relaxante, me entrego ao ensaio. O concerto será amanhã à noite e as músicas que escolhemos são mais para clássico, sem a pegada pop que costumo apresentar. A música me domina e em um instante é tudo que sinto: as notas formando a melodia. Todos os problemas e pensamentos somem quando eu me uno ao violoncelo.
Almocei às duas da tarde, só quando eu tive certeza que eu e o violoncelo estávamos falando a mesma língua.
Xana ainda é novinha e só come e dorme. Enquanto ela ocupava uma almofada, eu cochilava ao lado até meu celular vibrar e eu dar um pulo. Era uma mensagem, de Simón.
Mais que depressa apertei em abrir o aplicativo, nem passando pela minha cabeça ignorar.
Sr. Tanque: Como vai a Xana?
Rio percebendo o duplo sentido da pergunta dele.
Eu: Está bem, descansando. Adora beber leite.
Sr. Tanque: Disso eu já sabia. Essa Xana adora um leitinho.
Começo a digitar uma resposta:
Eu: Por que saiu tão cedo?
Digito, olho a mensagem e apago. Escrevo outra.
Eu: Não me chamou quando saiu.
Fico olhando o celular e apago a mensagem.
Eu: Vai voltar hoje?
Que merda, Ámbar! Deixa de ser tola. Chamando o cara para sua casa? Apago.
Eu: Como está o seu dia?
Reviro os olhos. Nenhuma mensagem que dê a entender que somos um casal. Apago. Como demoro a responder, ele manda outra.
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A Dama de Copas
RomanceSimón me segurou em seus braços e me beijou de uma forma que não tínhamos beijado antes. Havia mais que o fogo costumeiro. Eu me senti mais que confortável em seus braços enquanto ele se aprofundava, saía e tornava enterrar de maneira macia e muito...