Capítulo 35 - Confronto

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Ámbar


Merda! Será que Simón ouviu a voz de Benicio? Penso olhando fixamente para meu celular. Mordo o lábio e abano a cabeça negativamente. Acho que não ouviu e, se ouviu, não tem nada a ver com isso. À noite irei ao clube e poderemos conversar.

Volto para a cozinha onde Benicio me ajuda no almoço. Ele conseguiu me persuadir a deixá-lo ficar e almoçarmos juntos. Uma maneira, segundo ele, de tentar reverter o que tínhamos e foi perdido.

Como pretendo destruir de uma vez por todas as esperanças dele, deixei que ficasse para almoçarmos e só então conversarmos seriamente. Para mim, maturidade é encarar alguém que vacilou comigo sem ter que surtar e brigar. Demonstrar todo meu controle emocional. Se eu permitir que a raiva me domine, serei uma pessoa instável e infeliz.

— Sente-se, Benicio, deixe que eu termino tudo aqui.

— Não. Vou ao menos olhar você fazendo esse purê de abóbora.

— Ok. — Vou ao fogão mexer a panela de molho e Benicio se aproxima.

— Então, vi que saiu com o Nate. — Ele diz.

— É. Saí. Uma noite. E você? Saiu com alguém?

— Não. Estava muito focado no trabalho. Mas que bom que se divertiu. Como está sendo gravar a série?

— Na verdade ainda não começamos, mas já tivemos o primeiro ensaio e gostei bastante. — Boto um pouco de molho na mão e provo. — Me passe o sal, por favor. — Ele me entrega o sal e olha em meus olhos.

— Quando poderemos falar sobre a gente? Você ainda não me deu espaço.

— Olha, Benicio, eu estou tentando ser o máximo possível educada

com você, porque eu sou assim com as pessoas, mas se continuar forçando não será legal. Eu não trabalho sob pressão.

— Mas poxa. Você sabe que eu sou um cara aberto a qualquer coisa, eu errei, mas estou disposto a qualquer proposta para reparar meu erro.

— Apenas deixe-me terminar isso aqui e iremos ter essa conversa.

— Posso tomar um banho enquanto isso?

— Não. Infelizmente não. Não somos mais nada um do outro, você é meu convidado para almoço apenas, por que não se senta aí um pouco?

— Tudo bem.

Ele fica calado apenas me olhando enquanto termino em silêncio o preparo do prato. Senta-se em um banquinho no balcão e eu me pergunto se fui muito rude com ele. Talvez eu pudesse ser mais polida. De soslaio, vejo-o pegar o pote de biscoitos que Simón roeu e comer um. Será que não percebeu que estão sem recheio? Benicio acha gostoso o biscoito e pega outra banda das que foram raspadas por Simón. Abro a boca para alerta-lo, mas a campainha toca. Bem no momento que estou com as mãos ocupadas tirando a carne assada do forno.

— Veja quem está na porta para mim, por favor.

— Certo.

Espeto o garfo na carne e para meu alívio está assada, além de linda. Dourada de uma forma suculenta. Volto a colocar a assadeira no forno desligado, porém quente. E então ouço:

— O que está fazendo aqui?

— Eu que te pergunto. Cadê a Ámbar? — Tiro a luva de forno, dou a volta ao balcão e corro para a sala. Paraliso no meio do caminho vendo Simón soltando fogo pelas narinas. Ai, meu Deus! O que ele veio caçar aqui? Não posso acreditar.

— Simón?!

— Você está se encontrando com esse cara? — Benicio se espinha todo para cima de mim.

— Sim, ela está e acho melhor você dar o fora daqui. — Simón entra e coloca as mãos na cintura encarando Benicio. Está muito bravo, e fica ainda mais belo estando nervoso. Eu posso ver nitidamente o ciúme banhar o rosto dele.

— Dar o fora daqui? Como assim? Essa casa é minha. — Dou alguns passos me aproximando dos dois.

— Ah, então vai proteger esse imbecil? — Simón vira-se para mim

— O que vocês estavam fazendo aqui?

— Simón, podemos conversar...

— Você não fala assim com ela, filho da puta. — Com um impulso, Benicio gruda no terno de Simón. — Vou te ensinar a respeitar mulher dos outros.

— Mulher dos outros uma porra. Tire suas patas de cima de mim.

Meu grito sai em câmera lenta quando vejo o braço de Simón se erguer e arremessar com força contra o rosto de Benicio. Meu ex-noivo se desequilibra, mas a raiva é tanta que em segundos já se recompõe e devolve o soco.

Simón parte para cima dele com fúria, mas não é uma tarefa fácil, uma vez que Benicio também é bem alto e tem bom porte físico.

— Pareeem! Parem os dois! — Grito enlouquecida e corro para o meio da briga entrando pelo meio. Seguro Simón, e Benicio se afasta. Ambos têm sangue na boca e estão ofegantes como dois cães bravos.

— Que merda foi essa? — Berro intercalando o olhar de um para outro fazendo-os encolherem com minha revolta. — Você! — Aponto para Benicio. — Não somos mais nada, não tem que tentar mandar na minha vida. Viro-me para Simón: — E você, não temos nada mais que um rolo, então não tente expulsar as pessoas da minha casa. Quero que vá embora.

— O quê? Está me mandando embora?

— É isso mesmo. — Corro até a porta e abro-a. — Vão os dois. Eu não sou uma mocinha coitada que serei prêmio de macho. Mando na minha vida e se dane o que vocês pensam a respeito. Fora, os dois.

Ainda incrédulo, ele fica segundos me encarando, buscando verdade nos meus olhos. E a encontra, nunca falei tão sério.

— Só espero que não caia na lábia desse sem-vergonha pau-no-cu. — Simón vocifera e Benicio logo rebate:

— E só espero que você não seja tola o suficiente para se tornar apenas mais um número na lista desse libertino safado.

— Ok. Simón, até mais. — Ele me fita e em seguida fuzila Benicio com um olhar raivoso, limpa o lábio com as costas da mão e, antes de sair, fala:

— Vou vir buscar a porra da gata, ouviu? É minha.

Assim que ele sai, Benicio me pede explicações com o olhar.

— E, a gata é de nós dois. Agora você deve ir.

— Tem um bicho de estimação com ele? Há quanto tempo estão saindo?

Levanto uma sobrancelha e cruzo os braços. Sério?

— Um tempo que não te diz respeito, por favor, é melhor você ir. Conversaremos depois.

Benicio assente, pega o terno no sofá e sai sem olhar para trás. Eu bato a porta e me jogo no sofá.

Meu Deus! Por que homem dá tanto problema? São tão gostosos, mas são o maior problema de uma mulher.

Com toda a briga, Xana continua deitada no sofá. Pego-a, coloco no meu colo lhe dando carinhos suaves.

— Pois é, minha amiga, fique longe de machos. Aprenda a se aliviar com os dedinhos e sossegue. É o conselho que tenho para te dar.

A Dama de CopasOnde histórias criam vida. Descubra agora