Capítulo 42 - Casamento, bar e confusão

106 6 0
                                    

Ámbar


— E foi isso. É um trato de seis meses. — Conto tudo para Pedro e, boquiaberto, ele corre os olhos por mim e Delfi.

— Mas e Simón? — Questiona abismado.

— Simón é um babaca de marca maior. Já está com outra, além do mais me ligou todo desaforado. Não acho que o verei novamente tão cedo e, se vir, nem cumprimento.

— Já com outra? Que cachorro! — Delfina exclama se mostrando chocada — Ele parecia gostar de verdade de você.

— O pior é que no meu caso eu não parecia, eu gostava mesmo do filho da puta. Eu me apaixonei pelo maldito.

— Ámb, se casar com outro não vai facilitar as coisas para você. — Pedro acaricia minha perna, deixando entrever em seu olhar pura pena.

— Não estou fazendo por mim. É pelo meu pai. E vai beneficiar Benicio. Todos sairão ganhando.

— Menos você. — Delfi interpõe. — Sempre foi tão forte, decidida, independente, e agora está se mostrando uma mera manipulada.

— Não, Delfi. Está enganada, ninguém me manipulou. — Me levanto e ando pelo meu quarto, olho meu reflexo no espelho e me viro fitando os dois.

— Eu só decidi ser feliz em ver a felicidade do meu pai. Benicio sabe que é um casamento de conveniência; nem mesmo fui para spa ou salão me arrumar. Não tem importância.

— Estamos aqui para te apoiar. Independente da decisão. — Delfina diz e Pedro reforça acenando positivamente concordando com ela.

— Obrigada. Pedro, você aceita ser padrinho junto com o Nico?

— E ainda pergunta? irei adorar. — Ele pula da cama se pondo em pé.

— Vou providenciar o terno nesse instante.

Delfi foi embora arrumar os filhos dela e o marido, enquanto eu fiquei na companhia da minha mãe me maquiando. O vestido foi comprado em uma loja qualquer de noivas, entrei, escolhi um e pronto. Nada muito programado. Eu até tinha um bem especial que estava sendo elaborado por estilistas famosos, mas eu cancelei quando terminei o noivado com Benicio.

Agora, não tinha importância.

Era simples, estilo sereia sem muitos detalhes. E eu estava agindo no automático, sem querer parar para pensar no fim que eu tinha escolhido para minha história. Não totalmente o fim, porque daqui seis meses estarei divorciada, mas esse não era mesmo o plano de futuro que eu tinha em mente: casar, divorciar e ir embora do Brasil.

— Seu pai está tão feliz — minha mãe diz, me ajudando com o cabelo.

— Eu sei. — Evito que meu olhar se encontre com o dela, pelo espelho.

— Na verdade, todos nós estamos. Benicio é como um filho para a gente.

Não tenho o que responder, apenas assinto mantendo os olhos baixos para ela não ver meu desânimo. Ontem participei de um talk show de televisão e o apresentador disse que eu não parecia a noiva em véspera de casamento. Eu contornei a situação dizendo que era o choque do pedido. E ele logo interpelou debochado: “Então acho melhor seu noivo apressar antes que o efeito do choque passe.”

E eu lembrei de Simón, porque ele falaria algo assim, entretanto usando palavrões pelo meio. Lembrar de meu ex-amante quando estou me preparando para casar não é a melhor saída. Esses últimos dias foram essenciais para eu tentar me desintoxicar de todo o poder que ele me envolvia, uma eletricidade deliciosa que meu corpo se recusava em saciar. Eu estava embebecida por Simón e queria muito mais.

A Dama de CopasOnde histórias criam vida. Descubra agora