Ámbar
Eu sou uma pessoa prática e precavida. Sempre premeditei tudo em minha vida até os pequenos detalhes. Não queria encontrar um homem fixo antes da hora porque a prioridade era trabalho, depois planejei namoro com Benicio e o casamento. Mas nunca planejei me apaixonar de uma forma tão avassaladora que eu só ouvia falar em livros e filmes.E agora não só estou completamente picada pelo bicho “paixão” como também desmotivada e derrotada sentimentalmente por imaginar que Simón esteja de alguma forma compactuando de todo aquele horror em seu clube. Sem contar o trauma que eu sofri, me deixando à beira de um ataque.
Deitada na cama de hospital, limpo uma lágrima solitária. Tenho como companhia apenas meus pensamentos nada agradáveis. E de alguma forma é a única companhia que eu quero e preciso.
Às cinco da manhã, Pedro entrou correndo pelo quarto, trazendo desespero. E enquanto eu o tinha em cima de mim me abraçando, coube a mim a tarefa de acalmá-lo.
— Ei, amigo. Está tudo bem, eu estou bem.
— Ámb, por Cristo! Senti tanto medo...
— Eu também. — Aperto firme sua mão. — Obrigada por ter chamado a polícia. — Sussurro, sentindo tremor ao dizer isso. Torna tudo tão real e mais cru.
— Eu avisei Simón. Foi ele que te salvou.
— É, eu sei. — Desvio o olhar triste, mas não a tempo de ele perceber. Pedro senta na cama ao meu lado.
— Acha que ele... sei lá, de alguma forma, sabia de toda aquela merda?
— Eu quero acreditar que não, mas não posso ter certeza e, para pensar com calma, preciso me afastar dele, completamente. Inclusive o delegado orientou isso.
— Sim, claro. Eu acho também. É um caso muito grave.
— E as garotas? Sabe alguma coisa? Eu sei que tinha mais meninas lá.
— Não sei, nada foi divulgado ainda. Mas logo o nome do clube estará em todos os noticiários. Acabou, de qualquer forma, para Simón.
Tento não demonstrar em gestos as más reações que essa frase me provoca. Nesse instante, a porta se abre e Gaston entra com Delfina e meu irmão Matteo. Mas nada da minha mãe. Conto resumidamente o que aconteceu, tentando o máximo isolar partes do caso que eu tinha com Simón. Não quero expor isso a minha família.
E mesmo depois de eu contar tudo e afirmar que estou bem, o olhar preocupado ainda banha o rosto do meu irmão. Eles se entreolham e percebo, para meu terror, que há algo mais do que a preocupação por mim.
— O que está acontecendo? — Passeio meu olhar por cada um deles.
Matteo abre a boca e nesse instante já sei que é mesmo algo ruim.
— O pai... Ele sentiu algo muito forte quando os policiais chegaram em casa.
— O quê?! — Berro me sentando. Onde ele está, Matteo?
— Fique calma, Ámb. Delfina toca em meu braço, mas calma é a última coisa que tenho ao encarar seu rosto.
— Onde ele está?
— Está no CTI. Ele sofreu um enfarte. — Meu irmão diz e eu desabo. Não literalmente, mas no âmago do espírito. Me sinto totalmente derrotada, com minha última gota de lucidez sendo sugada.
Passo pouco mais de um minuto olhando para cada um dos rostos que me rodeiam. E então o sangue volta a fluir no meu corpo.
— Eu preciso vê-lo. — Tento me levantar.
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A Dama de Copas
RomanceSimón me segurou em seus braços e me beijou de uma forma que não tínhamos beijado antes. Havia mais que o fogo costumeiro. Eu me senti mais que confortável em seus braços enquanto ele se aprofundava, saía e tornava enterrar de maneira macia e muito...