Flashback on
Segurei minha espada com firmeza, no meu cinto eu tinha o que eu não gostava de usar, mas às vezes era necessário. Uma arma de fogo. Essa coisa estava cada vez mais ficando comum entre os piratas, mas eu sempre tive essa, desde pequena e nunca vou esquecer da primeira vez em que a usei.
Me olhei no espelho, eu não tinha medo, não estava apreensiva. Eu roubaria um pequeno reino e sairia vitoriosa, isso era fato. Minha tripulação estava pronta, armei elas até os dentes e deixei canhões à postos no convés caso necessário.
Eu sentia a ansiedade correr pelo meu corpo, faria de todas elas ricas e voltariam com mais animação para ir atrás do meu objetivo principal. O maldito tesouro do meu pai.
- Está pronta?- Dinah perguntou ao entrar na minha cabine.
- Estou.- respondi confiante ainda olhando para o espelho.
- Capitã…- o receio de Dinah era evidente, ela sentia algo de errado. Ignorei-a.
- Vamos Imediata.- disse a empurrando para cima das escadas, ela vestia trajes confortáveis e segurava firme em uma espada de prata com cabo de enrolado em couro.
Dinah foi na minha frente, adrenalina percorria em minha veias, eu estava ansiosa e todas no convés estavam prontas. Cinco delas ficaram no navio com canhões à postos enquanto o resto de nós jogou as cordas para fora do navio.
Descemos em uma parte deserta do lugar, mas não era distante do comércio, ao colocar os meus pés na areia eu olhei para todas ao meu redor que tinham espadas em punho, estávamos prontas para atacar quando ouvi um grito e o som de metal batendo em metal, quando eu me virei já era tarde demais.
Um brutamontes segurava um espada em cada mão, ele era careca e tinha uma cicatriz enorme, demorei um tempo para compreender o que se passava até ver minha melhor amiga ao chão. Dinah sangrava e gritava enquanto as outras a olhavam sem reação, eu fui a primeira, a primeira a me movimentar, toda a minha fúria me alimentou e sem pensar eu tirei a arma do meu cinto, ele viu a tempo, mas eu fui mais ágil, acertei um tiro em seu peito e ele foi para trás com o impacto, pelo canto do olho vi Lucy socorrer Dinah, tudo aconteceu ao mesmo tempo. O som do tiro repercutiu e logo tínhamos dezenas de homens correndo em nossa direção.
Minhas mulheres não ousaram ficarem paradas, eu gritei para que elas atacassem pulei em cima do homem enorme, ele tentava estancar o sangue com a mão e urrava de dor.
- Filho da puta!- rosnei cuspindo as palavras em sua cara, olhei em seus olhos antes de cortar sua garganta com a minha espada, seu sangue jorrou no meu rosto.
Olhei para a luta, o som das espadas, os gritos, tudo aquilo veio na minha mente de uma vez. Eu mal podia acreditar no que estava olhando. Voltei para Dinah que estava no chão, Lucy ao seu lado tentando ajudá-la.
- Leve-a para o navio!- gritei- Agora.- minha ordem foi cumprida, logo Verônica surgiu, ela era uma das encarregadas dos canhões e desceu do navio para ajudar.
Agora os canhões não adiantariam, se mirassemos nos homens poderíamos atingir uma de nós e eu não deixaria isso acontecer. Empunhei minha espada a segurando com firmeza.
Um homem com barba longa correu em minha direção gritando, eu fiz o mesmo colidindo a espada com ele, o corte amputou sua mão que empunhava a espada, eu já vira coisas piores para sentir nojo dessa cena, mais uma vez eu lancei-lhe um corte que o fez cair no chão e praguejar.
Senti um corte na minha pele, no meu braço e não hesitei em atacar quem estava do meu lado, cortei o peito de um desgraçado que tinha sangue por todo o corpo, mais uma vez fui atacada, dessa vez por um soco que retribui com um corte de espada, não conseguia mais focar em uma pessoa, eu recebia cortes e investidas de vários ao meu redor, isso estava me matando, minha mente não se concentrava e eu ficava tonta, quando cravei a espada no peito de um desgraçado eu vomitei e cambalei para trás levando a espada junto, recebi um soco na cabeça que fez com que eu enxergasse literalmente estrelas em plena luz do dia.
Recuperei minha consciência com cuidado enquanto ouvia sons de gritos femininos, olhei ao redor e vi várias mulheres machucadas ainda lutando, sentia o suor frio escorrer pelo meu corpo, sentia sangue denso grudado em mim, meu sangue e sangue de outros.
Era o próprio inferno que eu via, vi uma loira ao chão, eu não a reconhecia,mas era óbvio que era da minha tripulação, ela estava morta, eu tinha certeza, não tinha nenhuma de nós que não estivesse lutando e machucada, subi em uma pedra e recebi um corte em minha perna, chutei o homem bem no queixo o fazendo cuspir sangue e cair para trás.
Foi nesse instante que eu vi o que temia, um enorme navio com vários canhões apontados para o meu, vi que tudo estava acabado, não adiantava mais lutar. Ao topo do navio eu vi o capitão, ele me encarava e eu sabia que me mataria.
Larguei minha espada e levantei as mãos. No mesmo instante ele entendeu e gritou para que todos parassem, seus homens interromperam o ato, as mulheres me encararam e largaram as armas fazendo o mesmo que eu.
Percebi que tive perdas, muitas perdas, mas eles também tiveram e isso fez o capitão dele descer do navio para falar comigo pessoalmente.
Um de seus brutamontes segurou em meu braço e me levou até o capitão que já pisara em terra firme.
- Você é a Capitã?- ele perguntou com aspereza. Usava um tapa olho e tinha uma barba bem feita, o seu chapéu era grande demais e tapava parte de seu rosto queimado pelo sol.
- Sim.- respondi firme.
- Quer fazer uma negociação?- perguntou com certa curiosidade e um semblante malicioso.
- Quero.- tentei não demonstrar medo nem receio, por mais que eu estivesse apreensiva- Você me deixa ir e eu não mando a minha tripulação atirar com os canhões na sua cara imunda.- fui firme e não hesitei.
O homem olhou para trás, todos os nosso canhões estavam apontados para a terra, mas os deles estavam para o meu navio.
- Você sabe que seria destruição mútua.- ele tinha receio em sua voz, eu usei isso para me manter forte.
- Eu não me importo.- respondi determinada, ele me encarou com seu único olho azul.
- Largue ela.- ele disse para o homem enorme e fedido que segurava.- Saia daqui.- cuspiu as palavras em minha direção.
Não demorei em o fazer, ajudando as mulheres a sairem dali, foi o clima mais tenso que eu já vira, a luta havia cesado, mas todos mantinham as armas em punhos e canhões apontados, agora os deles também estava apontados para a praia, para nós, eles nos encaravam enquanto nos recolhiamos.
Todas estavam prontas à caminho do navio, esperei que elas subissem e peguei um pouco de pólvora, coloquei munição na minha arma, quando a última delas conseguiu subir eu fiz um ato que poderia nos destruir, nossa âncora já havia sido retirada e elas estavam prontas para partir, mas eu não, não sem me vingar. Subi de costas para eles pela corda e ao chegar perto do convés eu gritei para que andassem com o navio de uma vez, - icem as velas!-assim que senti o baque e o vento nos carregou eu mirei no homem que não teve tempo de esboçar reação, vi seu corpo cair ao chão e gritos desesperados, pulei para o navio e gritei para que fossem mais rápido, todas viram o que aconteceu e começaram a se mover apressadamente enquanto o outro navio tentava mirar na gente, era tarde para eles, até a âncora deles subir levava tempo e o nosso navio já havia passado de uma distância considerável.
Vi alguns homens ferozes gritarem atrás de nós, minhas mulheres estavam agitadas e nervosas, eu peguei minha arma novamente e ameacei atirar em um que nadava em nossa direção, ele logo parou e com rapidez meu navio que era mais leve passou de uma rocha enorme fazendo o contorno pelo mar, o tamanho do navio deles não permitiria fazer o mesmo e eu suspirei aliviada para depois olhar ao redor e ver sangue por toda a parte.
Não me importei com os meus machucados, eu tentava de toda a maneira achar um jeito de apressar tudo e cuidar de todas, mas ao mesmo tempo praguejava por ter saído de lá sem nenhuma moeda.
Flashback off
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A SEREIA
Fanfiction(Concluída) A Capitã Cabello é ambiciosa e deseja ir atrás do tesouro que seu pai egoísta escondeu, ela juntou diversas mulheres que tinham sua confiança para formar uma tripulação. Em seu navio ela se tornou a autoridade máxima e se esqueceu de com...