A SEREIA

Capítulo 33

As garras da maldita sereia no meu pescoço arranhavam a minha pele, ela estava em cima de mim, jogou todo o peso em minhas costelas, bem onde mais doía, eu esbravejei de dor e senti o gosto de sangue na boca.

Os olhos vermelhos da que me atacava me encaravam, seu olhar penetrava no fundo da minha alma. Estiquei o braço dando um tapa em seu rosto, logo usei as duas mãos para tentar afasta-la de mim, o que só fez a sereia usar as pernas para prender as minhas costelas e me sufocar. Senti o ar faltar e dobrei os joelhos para acertar as suas costas, o corpo dela se voltou para frente e eu tomei impulso para joga-la no chão.

Ao meu lado vi uma sereia levar um chute nas pernas e cair no chão.

Rachel ainda se prendia na minha pele com as unhas fazendo toda a região do meus pescoço e clavícula arderem. Quando eu consegui empurrar seu corpo no chão ela agarrou na minha escápula, o grito saiu da minha boca e automaticamente usei o joelho para bater no abdômen dela, a ruiva arfou e soltou as unhas, eu segurei em seus ombro ficando por cima dela, no mesmo instante algo bateu nas minhas costas me jogando de cara no chão, senti a areia esfoliar a minha pele e arder no meu rosto.

Mais uma vez um baque foi direto na minha coluna e senti garras segurarem o meu braço. Virei o rosto o suficiente para ver uma sereia de longos cabelos loiros me atacar.  Ela tinhas os dentes expostos e salivava, além se olhos amarelos esbugalhados. Não sabia que sereias poderiam ser tão feias assim. Pelo visto elas só usam a beleza para atrair, e é assim que elas ficam quando…

E mais um chute direto nas minhas costelas, eu era atacada pelas duas, cuspi sangue e meu corpo estremeceu, não tinha mais forças já que a loira me prendia ao chão e Rachel esmurrava o meu corpo.

- Camila!- ouvi o grito vindo ao meu lado e o peso em cima de mim saiu, joguei meu corpo no mesmo instante em direção ao outro lado, vi Dinah agarrada à sereia loira ao chão, ela usou um pedaço de madeira para atingir o seu rosto fazendo a de olhos amarelos perder a consciência.

Procurei Rachel com o olhar e por relance vi a luta que estava ao meu redor, na água e em terra, toda a minha tripulação contra as sereias…me perguntava onde estava Lauren.

Pelo canto do olho vi Dinah se levantar, ela correu em minha direção e esticou a mão para me ajudar, não tive forças o suficiente para tomar impulso e ela acabou me levantando sozinha, seu corpo estava coberto de sangue e água, ela segurou em minha cintura me dando apoio. Mas ao colocar os pés na terra percebi que conseguiria andar sozinha, era só ignorar a dor pulsante em todos os meus membros.

Um pedaço de madeira voou próximo de mim atingindo em cheio uma sereia de cabelo castanho bem claro, ela desmaiou caindo na água, suas pernas se transformando em cauda.

Lucy surgiu atrás de mim rangendo os dentes.

- Essa vaca me mordeu.- e mostrou o braço que apresentava uma tonalidade amarelada e sangue escorria pelas feridas causadas por seus dentes.

- Merda, será que é veneno?- perguntei, mas não obtive resposta já que ao ficarmos paradas uma outra sereia de cabelo escuro se aproximou atacando Dinah, de uma vez Lucy a ajudou, as duas agarraram a sereia e a lançaram ao chão, a sereia se encolheu e gritou. Ao redor tudo acontecia rápido, o som dos gritos das sereias era agonizante, como metal raspando em metal. A água estava agitada formando ondas grandes para um lago pequeno.

Procurei por qualquer sinal de Lauren ou Rachel, mas não as encontrei de jeito nenhum.

Vi Verônica fugir de uma sereia que queria pular em cima dela, Vero acabou caindo de costas no chão, mas Ally interceptou o ataque se jogando na frente, a sereia a arranhou, mas ela foi mais rápida fazendo a sereia cair de uma vez no chão.

O som de alguém caindo na água me fez voltar a olhar para o lago, foi assim que vi os cabelos ruivos surgirem ao lado da sereia maior segurando Lauren, me perguntava o que Rachel fora fazer ali, mas quando vi seu corpo sem nenhuma machucado eu entendi, ela provavelmente obrigou Lauren a cura-la, talvez as duas tenham esse poder. Só não entendo porque são as únicas que podem fazer isso.

Rachel nadava em alta velocidade, até as rochas, eu estava um pouco afastada, sabia que eu seria seu alvo e agora que ela estava forte de novo, ela me atacaria com todas as forças. Já eu, não tenho capacidade para me manter firme. Olhei para Lauren que tentava se soltar dos braços da sereia, mas ela era muito forte, poderia segurar a de olhos verdes com uma mão só.

Rachel surgiu da água pulando diretamente em cima de mim, sua cauda roxa de transformando em pernas, mas eu fui rápida e peguei um pedaço de metal que havia se partido e estava no chão, investi em sua cabeça fazendo ela cair para o lado, pela força que usei, meus membros não suportaram e cai em cima dela.

A ruiva me encarou com um ódio mortal e usou a mão para agarrar a lateral do meu corpo, era como se ela tivesse acabado de entrar por dentro da minha carnr e usado as mãos para quebrar meus ossos, foi a pior dor que senti em toda a minha vida.

- Você é igual ao seu pai Camila, é tão fraca quanto ele.- ouvi sua voz no meu ouvido acompanhada de sua risada esganiçada.

Ainda com o pedaço de metal na mão eu estava sobre ela, a sereia fez menção de me empurrar, eu não pensei, se eu não reagisse eu morreria, todas ali morreriam, e assim como se fosse uma espada, em um movimento rápido eu usei a metal afiado para cortar sua garganta.

Seu grito repercutiu quase me ensurdecendo, usei as mão para me levantar e esquivar do seu chute no meu abdômen, sangue da sereia escorria por todo o canto, ela usou as mãos para tapar o ferimento e tentar diminuir a quantidade de sangue, mas foi em vão. Seu corpo começou a estremecer enquanto ela tentava desesperadamente estancar o sangue.

No mesmo instante eu vi as coisas ao redor pararem, todas olhavam para a cena no chão, o metal ainda em minhas mãos, uma sereia de cabelo tão claro que parecia branco veio correndo se aproximar, mas não a tempo, a ruiva já tinha dado o último suspiro.

Meu coração pulsava no meu peito, tudo ficara tão quieto que só era possível ouvir as respirações de todas, olhei ao redor, todo o sangue, não havia alguém que não estivesse machucado.

E eu matei Rachel.

O que acontece se as sereias não tem uma líder?

Um grito ecoou ao nosso redor, olhei para o lado, para o lago, aquela sereia grande que segurava Lauren estava afastada, a de olhos verdes gritava como se tivesse sendo atacada por alguém, sua pele clara começou a ficar vermelha.

Meu coração explodiu em batidas frenéticas no meu peito.

O que está acontecendo?

A água cristalina do lago começou a se tornar lilás, quase roxa, pegando tons de azul e rosa que se misturavam, eu senti alguém segurar os meus braços, logo me ergueram, era Dinah que tinha olhos arregalados para a cena, percebi que a minha tripulação começou a se aproximar de mim, o medo estava instalado, elas queriam fugir, diferente das outras sereias que começaram a ajoelhar no chão e observar Lauren.

Ela fechou os olhos com firmeza, eu estava com medo por ela, não tinha ideia do que aquilo significava, seu brilho verde começou a adquirir manchas rosas, e sua pele voltava a colocação normal, ela abriu aqueles intensos olhos verdes que foram direto na minha direção, seu corpo pareceu ganhar mais vida, seus lábios estavam vermelhos e seu cabelo estendido pelo corpo como uma cascata na pele branca.

Suas escamas estavam de cores misturas, algumas mais claras, outras mais escuras adquirindo o rosa bem fraco ao verde claro, em poucos instantes tudo se tornou roxo, assim como era a cor de Rachel.

- Mas o que…?- ouvi a voz de Dinah, mas ao olhar mais uma vez para os olhos de Lauren, eles se transformaram em vermelhos, assim como os de Rachel.

Ela deixou de me encarar, a água foi perdendo a cor lilás e voltando a ser cristalina, a visão era mágica, algo surreal que ninguém jamais imaginaria ver, junto com a água suas escamas foram esverdeando, voltando ao normal e ao depositar os olhos mais uma vez em mim, eles eram os mesmos olhos verdes que eu olhei uma vez bem de perto.

- A ninfa…- vi aquela sereia de cabelo quase branco se pronunciar.