Capítulo 45

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- Eu vou para a Espanha.- Dinah diz após dar um grande gole da sua bebida, as pessoas ao redor gargalhavam alto, eu estava tonta e me sentia suja.

Era o meu décimo copo e eu já não tinha nem mais ideia do que eu bebia.

- Ótimo, me deixe sozinha como todo mundo faz.- dei de ombros e virei todo o conteúdo do copo me arrependendo logo em seguida.

- Mila…- ela tentou fazer um carinho no meu braço, mas eu ergui as mãos.

- Vá!- senti a bebida destro do meu corpo, as lágrimas já no meu rosto ardendo na minha pele.- Sofi também está querendo estudar no país do espanhóis, leve ela, leve todos, até a minha cabra!

Vi Dinah tenta esconder a risada, eu bufei.

- Leve até a minha roupa íntima, nem importa mais, eu vou viver nua dentro do meu navio e sozinha!- joguei o copo para o lado e depositei a cabeça em cima da mesa, comecei a soluçar no mesmo instante.

Depois que aquela maldita foi embora essa é a única coisa que eu faço.

Beber.

- Eu não preciso dela, eu não preciso de ninguém!- murmurei, minha voz saia abafada por estar com a cara na mesa, senti a mão de Dinah no meu cabelo e levantei o rosto.- Para com isso!

- Mila, a gente já conversou sobre isso…

- Eu sei!- grito com as lágrimas escorrendo.- Mas eu vou ficar sozinha!

- E a sua mãe?- ela pergunta de sobrancelhas franzidas.

- Vai com Sofi, ela está com aquele homem…

- Aquele senhor?- eu concordo com a cabeça, um homem robusto surge e me serve mais uma caneca, assim que eu tento pegar, Dinah a retira da minha mão.- Acho que por hoje chega para ela.- o homem bufa e dá de ombros levando a caneca embora.

- Ei!- dou um peteleco no braço dela.

- Mila…

- Sim, ele trabalha para o rei ou sei lá o que.- reviro os olhos.

- E por que não vai com elas?

- Para o país?! Nunca! Eu só vou se o meu navio for comigo e lá eles só aceitam navios da corte.

Dinah cruza os braços.

- Assim você não nos ajuda.

- Eu não me importo, vá, leve elas, tanto faz.

- Isso tudo é por causa dela não é?- ela ergue uma sobrancelha.

- Óbvio que não.- quebro um palito de madeira e jogo as duas metades para longe atingindo o longo cabelo de um senhor que está deitado na mesa da frente.

- É claro que é.- Dinah parece saber de tudo da minha vida.- Mila você tem que entender…

- Merda nenhuma Dinah, eu não tenho que entender merda nenhuma, vou viver aqui até o final da minha vida! Sozinha!- grito tão alto a última palavra que faz com que as pessoas ao redor fiquem quietas, a mulher na minha frente arregala os olhos.

- Mila…

- Esqueça Dinah, eu já entendi. Ela é uma sereia, eu queria o quê? Que ela deixasse de ser uma sereia e vivesse numa cabana comigo para o resto da vida com a nossa cabra? Eu estava louca se pensei nisso.

- Por que uma cabra?

- Porque dá leite e leite me lembra da pele dela e…- sinto mais uma vez as lágrimas e paro de falar, vejo Dinah rindo e reviro os olhos.- Pode rir, sou eu quem vai viver sem cabra e sem ninguém.

A SEREIAOnde histórias criam vida. Descubra agora