Capítulo 37

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Ágata corria na nossa frente como se seu pé nunca tivesse sido envenenado por uma névoa maldita de um navio pirata fantasma. Subir pelo caminho de terra foi o pior, fui carregada por Dinah e Lucy, mesmo assim a dificuldade me fez cair várias vezes e não conseguir levantar, o que me resultou em vários arranhões nas pernas, o tecido leve da minha roupa também não suportou, além de que o calor na ilha era infernal, o que fazia parecer que seria uma missão suicida, e que nunca chegaríamos onde queríamos.

Mas o pior de tudo foi carregar Verônica, eu pensei que não conseguiríamos levá-la, mas Dinah usou uma força que eu pensei que ninguém aqui nunca mais teria, e ela fez o trabalho praticamente sozinha a levando no colo. Talvez a vontade de ir embora desse lugar a fez esquecer todas as dores.

Eu ficava o tempo todo com os olhos atentos na água, mas a ilha inteira parecia deserta, tirando a nossa movimentação eu não conseguia ver mais nada que indicava que tinha alguém ali, isso seria possível? As sereias nos prenderem em uma caverna, a Lauren curar Ágata, mandar ela nos resgatar e depois todas elas irem embora? Era como se elas estivessem nos deixando ir.

Mesmo assim continuavamos seguindo, o perigo podendo nos encontrar ou não.

E em terra firme nós andávamos em direção à praia, meu estômago já não reclamava, ele se alimentava dos meus outros órgãos dentro da minha barriga, a dor era insuportável, além da dor nas minhas costelas, nas minhas pernas, na minha cabeça. Eu estava despedaçada, completamente destruída, sendo carregada agora por Normani.

Estava sendo difícil, a caminhada era maior do que eu imaginava e não poderíamos parar, todas, menos Ágata, estávamos aflitas, olhando para os lados o tempo todo, e a ideia de ir para um lugar tão perto da água me dava calafrios.

O mar…o lugar que eu mais conheço agora é o meu pesadelo.

Essa ilha…que eu tanto desejei agora é a minha versão do inferno.

E a conclusão, o meu pai levou o tesouro daqui, na verdade, todo aquele tesouro era o das sereias. Se não está aqui, onde está?

Se ele tivesse escondido em outro lugar eu saberia, mas suas anotações só me levavam até a ilha, onde ele apontava que o tesouro estava, o que significa que esse era o ponto de partida dele, o pior de tudo é que agora, depois de tudo o que aconteceu eu não tenho o mínimo anseio de ir atrás desse tesouro maldito que só acabou com a minha vida.

Ao passar pelas palmeiras eu comecei a ouvir o som do mar, o que me causou um calafrio que percorreu todo o meu esqueleto, se eu não estivesse sendo carregada provavelmente teria parado de andar no mesmo momento.

- É aqui!- Ágata gritou lá da frente, o sol estava forte, estreitei os olhos para enxergar o que estava à frente, até ver o antigo navio que estava na praia quando chegamos, o que não servia para nada, mas pelo menos seu metal velho resultou na morte de uma sereia ruiva que nos mataria.

- É só um monte de madeira e metal.- eu sussurrei desapontada, Normani ouviu.

- Você viu o que ela carrega na não?- perguntou também em voz baixa, ofegante.

- Não, o que é?- já até havia me esquecido que Ágata segurava algo curioso desde o momento que nos encontrou.

- Uma garrafa.

- Uma garrafa?- encaro Normani nos olhos, ainda estamos andando.

- Sim, você se lembra?

- Aquela história? É só uma lenda…- começo, mas sou interrompida.

- Chegamos!- o grito veio da frente e todas param, o estado de cada uma é pior que o da outra, vejo seus corpos exaustos, suas peles pálidas, as feridas abertas.

A SEREIAOnde histórias criam vida. Descubra agora