Capítulo 2

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Todas do navio andavam de um lado para o outro cochichando sobre a naúfraga, eu andava ao lado de Normani e Dinah, pelo que eu entendi a mulher estava presa em redes ao redor de algumas pedras pontudas e as médicas a estavam ajudando com os machucados.

- Foi com permissão minha que a colocaram no navio senhora.- Normani disse de uma vez- Eu pensei que ela estava morta, havia muito sangue.

- Não há problema nisso, só não entendo o que ela fazia no meio do nada.- essa era a pergunta que me rondava.

- Será que foi descartada?- Dinah disse a última palavra com receio, a verdade é que ela já trabalhou em um navio repleto de homens, mas havia sido deixada para morrer em uma ilha quando eles descobriram a ideia de que uma mulher no navio não trás coisas boas.

- Se foi isso foi totalmente desrespeitoso, não se abandona alguém com machucados em pedras.- digo furiosa só de pensar em quem quer que tenha a capacidade de fazer isso.

- Capitã...- Normani parece nervosa, eu paro de andar e a encaro, essa naúfraga tem causado reações estranhas nela e eu não entendo o por quê, não foi a primeira vez que pegamos alguém deixado ao mar.

- Diga.- ela se vira para mim e me encara com o cenho franzido.

- Estão comentando sobre algo perturbador...- ela olha para Dinah que troca o peso de um pé para o outro enquanto segura um de seus braços.- Estamos perto do triângulo das bermudas Mila e... ela não é normal...

- Normal?- perguntei confusa, não acredito que minhas amigas acreditam nessas coisas sobrenaturais.

- Ela é uma sereia!- Normani gritou de uma vez, eu olhei para ela e não consegui segurar a risada.

- Uma sereia?!- elas ainda me encaravam horrorizadas.- Ha! Era o que faltava! Uma sereia no meu navio? Ela tem um rabo de peixe por acaso?

- Não, mas...

- Então não fale bobagens, agora me dê passagem, eu preciso ver essa sereia com pernas.- passei por entre as duas e vi a multidão de mulheres. Normani e Dinah andavam atrás de mim.

Eu parei quando vi pedaços de rede e sangue pela madeira do convés, uma das médicas se levantou, segurava ataduras e linhas.

- Capitã, só foram necessários alguns pontos, ela vai ficar bem.

- Obrigada Lucy, você não decepciona. Agora me mostre a naúfraga.

A médica abaixou os olhos e deu passagem para que eu visse a mulher ao chão.

Ela estava deitada e com uma rede presa nos pés, era só isso que a vestia, estava totalmente nua. Ela me encarou com intensos olhos verdes e eu dei um passo para trás, por que ela me encarou assim?

Sua pele era clara o que destacavam alguns pequenos cortes em seu rosto e um grande corte em sua coxa, que foi tratado, mas ainda há sangue escorrendo pelo seu corpo. Seu cabelo preto bem escuro está repleto de algas e pedrinhas do mar, além de seu corpo estar pele e osso, essa mulher não deve se alimentar por dias...

Ao me ver encarando-a ela se encolhe e cobre seus busto com os braços, eu balanço a cabeça e olho para a minha tripulação que cochicha e espera que eu dê alguma ordem.

É estranho, eu nunca vi alguém assim, e esses olhos retiraram toda a minha concentração. Que tolice de minhas companheiras, essa mulher tem pernas, definitivamente não é uma sereia, mas que há algo de estranho nela isso eu posso ter certeza.

- Qual é o seu nome?- perguntei com gentileza, ela me encarou enfurecida.

- Ela não diz nada Capitã!- a voz veio de alguém no convés.

A SEREIAOnde histórias criam vida. Descubra agora