A SEREIA

Capítulo 25

Nós nos dividimos em grupos para explorar a ilha. Dinah ficou na praia para cuidar das feridas que não podiam andar. Todas combinaram que seria importante se manter perto do esqueleto de navio, para alguma coisa aqueles restos de madeira e metal serviriam.

Eu estava acompanhada de Verônica, Alexa, Normani e Jasmine. Minha antiga mestre de navio parecia confiante ao andar pela densa floresta, como se ela já soubesse do caminho a ser feito.

Quanto mais nós andávamos mais as palmeiras começavam a ficar maiores, as pequenas plantas aumentavam as quantidades, era difícil andar sem esbarrar em alguma coisa. Nós não tínhamos nenhuma foice para aparar o caminho e fazer a caminhada mais fácil.

Alexa e Jasmine seguiam na frente, eu fiquei atrás ao lado de Mani e atrás de nós todas, Vero, que estava em um péssimo humor, não é para menos, nenhuma de nós dormiu ou se alimentou apropriadamente, e agora tínhamos que dar a volta nessa ilha para saber com o que estávamos lidando. Eu sei que a maioria tinha o interesse de encontrar o tesouro, mas agora ele não seria nossa salvação, não adianta ter as jóias e as moedas de ouro se não temos como levá-las para casa.

Ao nos depararmos com árvores enormes e de tronco largo, Jasmine decidiu que o melhor caminho seria seguir para uma trilha, era um caminho vasto, um tipo de decida, não dava para ver onde ia parar, mas era o único caminho aberto, todas já foram logo a acompanhando, mas meus pés não permitiam que eu seguisse.

- Não vá.- olhei ao redor procurando por alguém que tenha sussurrado, mas as outras estavam à alguns passos na minha frente, e mais parecia que alguém tinha dito isso no meu ouvido.

- Você não vem?- Verônica perguntou ao olhar para trás.

- Estou indo.- e comecei a segui-las logo atrás de Verônica que chutava todos os galhos que via no chão, e às vezes até mesmo fungava e murmurava algumas coisas que eu não entendia.

Nós andávamos em decida, era difícil e os músculos das minhas pernas doíam demais, as outras também reclamavam de dor, mas agora seria pior voltar, a subida é muito íngreme para nós que já estamos cansadas.

- Jasmine pelos céus! Esse caminho não nos levará a lugar nenhum!- Normani resmungou logo depois de quase derrapar em uma pedra.

- Eu sei o que estou fazendo.- a que estava na frente disse, eu franzi o cenho. Não entendo o porquê dela estar tão segura assim, Normani também a encarou de forma estranha, mas deu de ombros, de qualquer jeito esse era o caminho.

Cada vez que a gente descia mais, ficava mais difícil de andar, ao invés de pedras nós pisavamos em areia que derrapava com muita facilidade.

- Merda!- bufei ao escorregar, mas Verônica me segurou com força, por um momento pensei que ela cairia junto comigo, mas Normani nos ajudou, ao me levantar vi que as outras já estavam muito a nossa frente.

- Estamos descendo para o inferno.- Verônica diz com aquele tom irritado.

- Para onde elas estão indo Mila?- Normani me pergunta com a voz baixa.

- Eu não tenho ideia Mani.

- Pensei que você conhecesse essa ilha.- Vero diz.

- Eu conheço o caminho, pensei que seria diferente, não imaginava que passaríamos por tudo isso…

- Ei vocês!- Alexa gritou de lá de baixo.- Chegamos.

- Chegamos?- nos três falamos juntas e nos entreolhamos desconfiadas.

Normani dá o primeiro passo e escorrega de uma vez para baixo, meu grito sai logo em seguida que eu também escorrego, meu corpo desliza na areia e faço de tudo para me segurar, não consigo, ao abrir a boca engulo quilos de areia e só paro de cair quando caio na água. Água?

Ao abrir os olhos e respirar sinto toda água entrar direto pelo meu nariz. Olho ao redor desesperada e vejo o brilho do sol lá em cima, estou cercada por água, tomo impulso e uso meus braço para subir. Assim que minha cabeça saí da água começo a tossir desesperadamente e tento me manter fora d'água.

- Camila!- é a voz de Normani. Olho para o lado e vejo ela se afogar, estamos em um tipo de lago cercado por rochas, não tenho ideia de como não me cortei em uma dessas rochas.

Foi só quando eu nadei em direção à minha amiga que eu percebi que minha perna doía, olhei para trás e vi o rastro de sangue na água, sim, eu havia me machucado.

Sem me importar eu me jogo de uma vez atrás de Normani, entrando na água eu a vejo se debatendo, algo estava preso nas pernas dela. Não é bem algo… e sim mãos.

Seguro a minha amiga e tento puxa-la com toda a minha força, mas as mãos que a seguram debaixo d'água são mais fortes, perco o ar dos pulmões e sou obrigada a subir mais uma vez para respirar, sem ter tempo para pensar eu volto para puxar Normani, e dessa vez ela sobe junto comigo em um impacto que fez minha cabeça doer, seguro firme no braço dela.

Normani começa a tossir, mas já estamos com as cabeças fora d'água. Nado usando toda a minha força para chegar até a beira do lago, é difícil já que estou carregando Normani.

Encaro as rochas com o objetivo de chegar nelas o mais rápido possível, minha perna começa a doer ainda mais pela força que estou usando e sei que estou perdendo muito sangue, sinto os meus músculos ficarem fracos, mas ainda assim não solto minha amiga de jeito  nenhum.

A água agitada me atrapalha ainda mais para ter uma direção pela qual seguir, e muitas vezes sou arrastada em direção ao centro do lago novamente. Está quase impossível chegar até a beira.

Normani começa a pesar ainda mais, sinto meu corpo vacilar e meus músculos pararem de se movimentar, movimento os meus pés com rapidez para tentar ganhar impulso, mas é nesse instante que algo agarra minha perna e sou imediatamente levada para baixo, minhas mãos soltam o corpo de Normani e meu grito não emite som, toda a água entra direto pela minha boca e sou carregada cada vez mais para o fundo. A pressão forte da água faz minha cabeça doer, não tenho ar para respirar e estou me afogando completamente quando perco a consciência.